"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Nossa amável contradição

Nosso amor é uma contradição,
Eu sou sentimento e você é razão.
Nosso amor é uma dualidade,
Eu sou tristeza, você é felicidade.
E assim seguem-se os paradoxos,
Um é católico, o outro ortodoxo.
Um dia sou cara e você é coroa,
Eu sou escravo e você a patroa.
Mim Tarzan e você Jane,
Se hoje a gente se odeia, talvez amanhã se ame.
Paz e guerra, bem e mal,
Eu estou no começo, você já está no final.
Nosso caso não tem solução,
Porque um quer rádio, o outro televisão.
Nosso caso não tem vez,
Um fala espanhol e o outro inglês.
E continuam os opostos,
Do que você gosta eu não gosto.
Eu gosto do todo e você da parte,
Você prefere o real, eu prefiro a arte.
Enquanto eu sou medo, você é coragem,
Quero ficar em casa, você quer sair de viagem.
Das ferramentas eu sou martelo e você alicate,
Ainda sou bit e você já é terabyte.
Eu só penso em sonhar e você em trabalhar,
Eu quero só abraçar, você quer beijar.
Como chuva e sol, como água e fogo,
Assim segue o nosso jogo.
Eu penso em escolher, você já escolheu,
Você que ir pro cinema, eu vou pro museu.
Eu quero o cair da noite, você o raiar do dia,
Eu toco violão e você bateria.
Com isso tudo a gente aprende e ensina,
Seja para os rapazes, seja para as meninas.
Que o melhor desse amor é a contradição,
Que aumenta cada vez mais nossa interação.

(Janderson Oliveira)

Tentando seguir a linha de Caetano no seu "O quereres", que já havia buscado algo no "Soneto LXVI" de Neruda. Estou percebendo esse meu lado barroco florescendo cada vez mais, os opostos me atraem, não sei o que quero, só sei que quero ter, sou uma adorável contradição e o meu amor também é assim...

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