Aí
eu abro a janela pra desopilar,
Mas
aquilo que eu penso é difícil aceitar.
O
mundo onde eu vivo nunca é igual,
Não
importa quanto tempo eu viva aqui, afinal!
Então
eu desisto e volto pra sala,
Mas
quase sem crer eu ligo a TV.
Tem
lixo que pensa que é mito
E
eu no sufoco nem acredito.
Tem
gente morrendo, tem vírus matando.
Tem
outro gritando e um apanhando.
Tem
um reclamando e outro apoiando.
Desligo
a TV e volto à janela,
Só
vejo silêncio, um sopro na tela.
Aí
eu me lembro da cara dela,
Da
mina, menina, moleca, bonita.
Pedindo:
“me beije e abrace,
Só
quero mesmo que tudo isso passe”.
E
eu digo pra ela:
Libera
os gatilhos, deixa fluir
E
se precisar põe teu corpo em mim.
Encosta
em meu ombro, descansa direito
E
se precisar dorme em meu peito.
Aí
vou pro quarto e me olho no espelho,
Então
o que vejo?
O
espelho é o mesmo, mas eu mudei tanto,
Só
queria um colo pra cair no pranto.
Me
torno menino como há um tempo atrás,
Implorando
que essas dores acabem de vez
Que
tragam de volta nossa sensatez.
Aí
eu me lembro daquela menina
Tão
linda, sapeca, moleca, bonita.
Pedindo:
“agora, vem pra perto de mim,
Eu
posso ser seu porto, se você permitir.
Esquece
esse mundo que não tem mais jeito.
Vem
pra cá descansar, aqui em meu peito”.
E
ela diz pra mim:
Libera
os gatilhos, deixa fluir
E
se precisar põe teu corpo em mim.
Encosta
em meu ombro, descansa direito
E se precisar dorme em meu peito.
(Janderson Oliveira)