"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O dente-de-leão...


Descobri que um dente-de-leão não pode ficar assim preso na mão, ele se despedaça e perde toda a sua graça. Ele precisa é do céu para voar, lá que é o seu lugar. 
Desde sempre ele cruza o meu caminho e me deixa maravilhado com toda sua leveza, suavidade, liberdade que jamais deve ser aprisionada, pois senão ele se desfaz. Correntes de ar batem e levam o dente-de-leão para qualquer direção, sem rumo certo, mas com muita beleza. Ele é bem mais belo do que sacolas plásticas que tentam imitar tais movimentos libertários, mas estas causam poluição e são feias, aquele só traz momentos de sonho e paz, pelo menos na minha cabeça.
Como um peixe que salta do aquário, como móveis que saem de uma casa já construída, como um pássaro que se liberta da gaiola, assim é o dente-de-leão, buscando o equilíbrio entre o ficar e o ir embora, o equilíbrio entre a prisão e a liberdade.
Mas o peixe morrerá pela ausência da água, mesmo que talvez considere que teve mínimos momentos de liberdade, de se fazer o que queria. Os móveis podem ocupar outros ambientes melhores que o anterior e talvez ficarão protegidos até o fim dos seus dias. O pássaro voará para onde quiser, mas talvez seguirá cantando para ninguém ouvir. O dente-de-leão, este não, ele precisará de maior e total liberdade de tudo aquilo que o prende, é impossível que ele fique preso, pois acaba desaparecendo. É bom ficar e admirar, melhor ainda é deixar ir.


Carl Sagan diria que ele pode servir como uma nave da imaginação e nos levar aos confins do cosmos. E Sagan assim o fez, transformou o dente-de-leão em sua Voyager e hoje ela desbrava o espaço interestelar, levando notícias aqui deste lugar para possíveis criaturas alienígenas.


E assim acredito que são algumas pessoas, são como o dente-de-leão, precisam de todo o espaço para se movimentarem, para se expressarem, para viverem. Ficar preso a qualquer mão, ou até a ela mesma, só vai despedaçar a pobre pessoa. 
Não o prenda, deixe-o ir. Alguns infinitos são maiores que outros assim como alguns "pra sempre" são menores que outros. Algumas coisas devem ficar presas pra sempre assim como algumas devem ser infinitamente livres...