"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Bungee jumping...

"Vai em frente sem parar, que a parada é suicida
Porque a vida é muito curta e a estrada é comprida
Você sobe e você desce na escada da vida
E às vezes parece que a batalha tá perdida
E que você voltou pro ponto de partida
Vai à luta, levanta, revida
Vai em frente, não se rende
Não se prende nesse medo de errar
Que é errando que se aprende
Que o caminho até parece complicado
E às vezes tão difícil que você se surpreende
Quando sente de repente que era tudo muito simples
Vai em frente que você entende"
                               (Sem parar - Gabriel, o Pensador)


"A vida é feito andar de bicicleta: se parar você cai". 
E eu que nunca aprendi a andar de bicicleta? Estou sempre me desequilibrando e caindo, ou eu nunca fui ao chão?
É, eu devo admitir que as quedas já foram muitas, já me esborrachei no chão por diversas vezes. Mas sabe de uma coisa, sempre tinha uma cordinha sustentando todo o meu peso, me fazendo reerguer. Por isso, prefiro acreditar que o meu esporte é outro, nada contra a bicicleta, mas acho que a metáfora da vida deveria ser com o bungee jumping. O bom disso tudo é que mesmo que você vá ao precipício, sempre você volta para o topo do mundo, o topo do seu mundo.
Já sei como se chama essa cordinha que nos faz voltar à tona, o nome dela é esperança. Esperança de que dias melhores sempre vão aparecer de novo, "depois da tempestade vem bonança", no fundo do poço tem a chave para voltar ao topo.
Confesso que sempre é bom ficar um pouquinho lá por baixo. É sempre bom analisar o fracasso, verificar os erros que te levaram até lá e esperar a cordinha puxar com tudo pra cima. Ou então nem espera, você mesmo tem o poder pra voltar, é só ir em frente, enfrente, não se rende. Levanta, limpa os ferimentos e está pronto pra outra aventura.
A volta à tona está dentro de você, é só esquecer as decepções e buscar fazer as coisas de uma outra forma. Fazer o bem é o melhor caminho para se livrar lá de baixo, demonstrar amor é o que te faz voltar para o ponto de partida. Meu deus é o Amor e minha religião é Fazer o Bem!
E como promessa para o ano que tá para nascer: eu vou sim aprender a andar de bicicleta e tirar aprendizado dos tombos que ela vai me dar. No entanto, acho que vou me arriscar no bungee jumping, lá a adrenalina é bem maior. Subindo e descendo na vida, caindo e acreditando que a cordinha da esperança vai nos trazer de volta, essa é a lógica!...


 "Passei por toda tempestade
E sei que toda tempestade passa"
(Tempestade - Gabriel, o Pensador)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Desligou, desconectou...

Desligou, desconectou, já pode tirar da tomada, lá não passa mais energia, muito menos nas veias que correm em meu corpo.
É hora de rearranjar a bagunça que está dentro do meu peito, é hora de tentar colocar as coisas em seus devidos lugares. Voltar ao egoísmo exacerbado é bom, melhor seria poder se doar por inteiro a qualquer pessoa.
Mas a doação é algo terrível, pra conseguir se entregar a alguém, é preciso primeiro se doar a si mesmo. Fazer o bem a alguém só é possível quando se está de bem consigo mesmo.
Para muitos, a felicidade está numa telinha de última geração que capta diversos pixels de um sorriso que esconde o seu verdadeiro sentimento. Para mim, acho que está na hora de modificar o caminho de se chegar à felicidade, ele não deve mais passar pelo coração, deve ir direto para o cérebro. 
É no sistema  límbico que está o alvo a ser alcançado, por lá que passam todos os nossos sentimentos e emoções, sejam bons ou ruins, sejam de tristeza ou de felicidade. E o coração? Ah, o coração só seguirá realizando seu trabalho de conduzir meu sangue para todo o corpo. É no cérebro que está a chave para religar a energia, só me resta encontrá-la. 
Quanto tempo isso vai durar? Não sei. Que dure o tempo que for preciso...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Férias falsas...

“- Alô?
- Oi!   
- Ele está morto!
(...)
- Vovó, ele está morto, ele está morto!”
(Momentos de choro, falta de sentido e tentativas de explicação)

Era 12 de novembro e talvez esse deva ter sido o diálogo entre alguém que estava do outro lado da linha, o meu irmão e a minha avó. Eu estava ali naquela sala, só observando e analisando toda a situação.
Já faz mais de 20 anos, mas a história que foi mais ou menos desse jeito aí, não sai da minha cabeça. Apesar do teor dramático, na minha mente era só mais uma viagem que se dava início.
A lembrança ainda está presente em minha memória: a alegria de ver gente se reunindo em minha casa para mais uma viagem à cidade natal de toda a família. Era fim de ano e eu achava que estávamos indo para as férias naquela cidade do litoral do Ceará, porém, dessa vez, iam mais pessoas do que o habitual.
Fomos na traseira de um carro grande, protegidos por uma cabine. Dentro, cabiam eu, meu irmão, além de primos e tios. Outros carros iam acompanhando numa espécie de cortejo. Não entendia muito bem, mas eu ainda seguia feliz em ver tanta gente se reunindo para passar férias conosco. Da viagem me lembro pouco, as falhas na memória não me deixam explicitar o que aconteceu no caminho. Recordo-me apenas dos momentos já na cidade e da inocência que tinha uma criança de 5 anos.
A igreja daquele lugar estava em frente à casa dos meus avós. Da porta da sala de estar, dava para ver o grande número de pessoas que iam se aglomerando perto do templo. Eu só fui entender o motivo daquela reunião quando um carro comprido estacionou ao lado da igreja, nele vinha meu pai velado em seu caixão. Só então a ficha foi caindo e as lágrimas em meu rosto também caem até hoje.
Como eu era bem criança não tive coragem de ir dar um último tchau, mas pelo menos fiquei com a esperança de que um dia a gente ainda poderia se encontrar para a despedida. O que mais me marcou foi a quantidade de gente que foi dar adeus a ele, o que mostra o quanto aquele homem devia fazer bem às pessoas.
“Então vamos viver, um dia a gente se encontra”. A viagem não foi das melhores, as férias foram falsas, mas a história não pode e nem deve ser esquecida. E hoje é o dia que marca não o fim da viagem, mas o início de outra. Hoje marca o início da viagem dele na Terra, se ainda estivesse por aqui estaria completando 59 anos.
Enquanto isso, eu sigo na minha viagem, com as pessoas ainda afirmando que sou a cara do pai e meu caráter também coincide com o dele. Pois pronto, sigo a viagem por ele, esperando que ela não termine tão bruscamente. E sigo aceitando isso, que sou a cara do pai, e o coração também... 



domingo, 18 de dezembro de 2016

Recomeço... ou De volta ao mesmo...

E a imaginação se tornou realidade, meu menino voltou pra mim, mesmo já tendo partido. Não foi um intervalo tão longo quanto 10 anos, mas também não foi tão curto quanto 10 dias. Foram 10 meses, tempo suficiente para reconhecê-lo, amá-lo, niná-lo, me entregar de corpo e alma, e vê-lo partir novamente.
Ele me trouxe aqueles velhos ensinamentos que já estão bem batidos na mente dessa mulher experiente que vos escreve. Me veio dar a certeza incerta de que nada é para sempre, a vida sabe o que faz, mesmo nos pregando peças a todo momento. Me fez lembrar que é a paixão que nos move, precisamos nos aventurar nela, deixar acontecer o que o nosso coração manda e não sermos tão racionais. E por último, me disse que não precisa pedir permissão pra nada, se o que você quer fazer é bom pra você, se te faz feliz e não machuca ninguém, então vai lá e faz, no fim basta pedir o perdão e tudo estará resolvido. Incrível como ele me fez lembrar desses ensinamentos sem nem precisar dizer tantas palavras.
Ai aquele sorriso bonito do meu menino, seu coração de moleque aventureiro, sua loucura juvenil, seu prazer pelos riscos da vida me fazem acreditar que mesmo com tanta experiência, a jovem que há dentro de mim jamais deve partir. Foram 10 meses de novos aprendizados, de tentativas de entender não apenas ele, mas a mim mesma. E melhor que ele conseguiu isso, me fez ver novas razões para a vida, me fez ver que cada um é o que quer ser, sem julgamentos ou preconceitos de ninguém. 
Mas já acabou, pena que ele já se foi. Decisões foram tomadas e só me resta aceitar e respeitar tudo, mesmo sem entender algumas pequenas coisas. O resultado das nossas escolhas me parece um pouco preocupante, mas confio que com o tempo tudo vai se ajeitar. Não há nada que seja maior que nossos sonhos, que nossos desejos, devemos ir atrás deles mesmo sabendo das dificuldades que vamos enfrentar. 
Se estou decepcionada com a partida? Claro que sim, mas aquela esperança no peito calejado segue a existir, acreditando que ele voltará, mesmo que aquele sorriso venha em outros rostos. Voltarei para o meu mundinho entre músicas, violões, livros, textos, bebidas, cigarros e solidão. No mesmo velho/novo apartamento com vista para uma cidade que dorme enquanto me lamento em textos notívagos. E sempre vou lembrando das palavras filosóficas de um bom amigo meu: "é melhor viver o que se quer do que depois ficar se lamentando por não ter feito o que queria"...

Por Sara Fernandes

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Entre risos e lágrimas...

Entre risos e lágrimas, entre devaneios de hoje e deveres de amanhã, entre a lua e o sol, entre o céu e o inferno. "Esse é o nosso mundo, o que é demais nunca é o bastante". Essa é a nossa vida, cheia de opostos e contradições. E como os opostos me atraem, como eu sou fascinado pelo contrário, pela dualidade, pelo paradoxo, pelo fora da ordem.
Só risos não são pra sempre, também precisamos dos momentos de tristeza, de lágrimas como estas que sempre insistem em correr pelo meu rosto. Sorrisos aparecem durante o dia para encobrirem as lágrimas que aparecem durante a noite. Mas como é constante e cruel essa alternância entre alegria e tristeza, quando se pensa que o bem-estar vai vencer, o mal-estar aparece como uma força bruta. E aquele sorriso marcante, grande e bonito fascina muita gente, fascina toda a gente. Mas por trás esconde lágrimas confusas de uma mente em constante ebulição.
Eu fico aqui transitando mentalmente entre aquele sorriso e aquelas lágrimas, vale a pena se entregar todo dia e toda hora para vivenciar ambas sensações. No entanto, busco entender, mas sem vontade de acreditar no que eu já previa. O que mais entristece é saber que nunca vou conseguir entender tal sorriso bonito e não descobrirei porque ele não é capaz de superar as lágrimas confusas de outrora.
Motivos são tantos, razões também. "Todos têm, todos têm suas próprias razões". A única solução é a aceitação de como cada um é. Cada um é um mundo e cada qual com seu mundo. Só nos resta respeitar o mundo de cada um, entre opostos e contradições, entre risos e lágrimas...

"Eu me entrego a você como uma cidade derruba os muros
Mostrando a realidade da nossa dupla solidão
Eu me dei conta de mim mesmo
E quando vejo sua foto parece que você tá falando comigo
Quem vai carregar esse crucifixo?
Bem que eu queria te ver, mas não posso
Porque meus olhos estão encharcados
Eu não consigo te ver 
Pelo menos por enquanto
Eu não queria partir, mas você me convenceu."
(Despedida - Selvagens à Procura de Lei)


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Mas querer não é poder


Quero meu corpo bem colado ao teu
Me sentir seguro no teu abraço
O aconchego do teu corpo é onde busco meu abrigo
Quero teu corpo, poder beijá-lo todo dia
Te encher de arrepios, te matar de carícias
Quero te morder, fazer você gemer 
Meus pelos na tua pele e já me sinto bem
Teus pelos sentem o contato e já te sentes bem
Pelos e peles em pleno arrepio
Tu e eu em plena harmonia
Só quero isso todos os dias

(Janderson Oliveira)

domingo, 24 de julho de 2016

Pleno de agora, sem planos pra depois...

A cabeça não é comum como a de qualquer um, é como diria o outro: são "várias variáveis", "variações sobre um mesmo tema". Sem muita lógica no meu sistema, mas com várias conexões e associações, pena que não levam a lugar nenhum.
E quantos pronomes indefinidos no parágrafo anterior, mais indefinido ainda é o meu juízo. Mas é que nem tudo tem explicação, existe muito mistério em quase tudo, desde o surgimento do universo até o nascimento de você que me lê agora. "O que não tem explicação, ninguém precisa explicar".
É tudo como era antigamente, só que agora diferente, dá pra entender? Um novo recomeço, um novo ciclo, no entanto, uma velha história. Dessa vez com uma década de experiência, que no fim parece não adiantar muito, pois seguem as mesmas falhas. Eu não me perco, eu peco, eu não sou egoísta, sou ego, eu não me controlo, eu colo, eu não sou independente, sou gente.
Até a madrugada insone é a mesma de dez anos atrás, segue tudo igual, tentando inventar palavras desconexas e ilógicas para serem jogadas na tela em branco, ouvindo músicas aleatórias para trazer a inspiração. Escrevendo para ninguém ler, gritando para ninguém ouvir.
Sigo "pagando pelos erros que eu nem sei se eu cometi", criando expectativas e ilusões que acabam iludindo a mim mesmo. Mais uma vez querendo avançar no tempo, apertar o botão FF>>, e descobrir logo o que vai acontecer lá na frente, mas, ao mesmo tempo, vivendo o presente, sem pensar muito no futuro. Pleno de agora, sem planos pra depois.
O que não passa é a esperança de que tudo vai acabar bem, o coração de menino segue cheio de esperança. Mesmo com o peso do tempo, a pose da criança segue intacta, talvez o maior erro, com certeza a maior virtude. 
Opostos e contradições no mesmo ser, essa segue sendo a sina do velho menino que ainda sente a água escorrer pelo rosto e o vento soprar pela janela. E o resto da história "a gente inventa e só não diz que não tentou"...

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O dente-de-leão...


Descobri que um dente-de-leão não pode ficar assim preso na mão, ele se despedaça e perde toda a sua graça. Ele precisa é do céu para voar, lá que é o seu lugar. 
Desde sempre ele cruza o meu caminho e me deixa maravilhado com toda sua leveza, suavidade, liberdade que jamais deve ser aprisionada, pois senão ele se desfaz. Correntes de ar batem e levam o dente-de-leão para qualquer direção, sem rumo certo, mas com muita beleza. Ele é bem mais belo do que sacolas plásticas que tentam imitar tais movimentos libertários, mas estas causam poluição e são feias, aquele só traz momentos de sonho e paz, pelo menos na minha cabeça.
Como um peixe que salta do aquário, como móveis que saem de uma casa já construída, como um pássaro que se liberta da gaiola, assim é o dente-de-leão, buscando o equilíbrio entre o ficar e o ir embora, o equilíbrio entre a prisão e a liberdade.
Mas o peixe morrerá pela ausência da água, mesmo que talvez considere que teve mínimos momentos de liberdade, de se fazer o que queria. Os móveis podem ocupar outros ambientes melhores que o anterior e talvez ficarão protegidos até o fim dos seus dias. O pássaro voará para onde quiser, mas talvez seguirá cantando para ninguém ouvir. O dente-de-leão, este não, ele precisará de maior e total liberdade de tudo aquilo que o prende, é impossível que ele fique preso, pois acaba desaparecendo. É bom ficar e admirar, melhor ainda é deixar ir.


Carl Sagan diria que ele pode servir como uma nave da imaginação e nos levar aos confins do cosmos. E Sagan assim o fez, transformou o dente-de-leão em sua Voyager e hoje ela desbrava o espaço interestelar, levando notícias aqui deste lugar para possíveis criaturas alienígenas.


E assim acredito que são algumas pessoas, são como o dente-de-leão, precisam de todo o espaço para se movimentarem, para se expressarem, para viverem. Ficar preso a qualquer mão, ou até a ela mesma, só vai despedaçar a pobre pessoa. 
Não o prenda, deixe-o ir. Alguns infinitos são maiores que outros assim como alguns "pra sempre" são menores que outros. Algumas coisas devem ficar presas pra sempre assim como algumas devem ser infinitamente livres... 

quarta-feira, 23 de março de 2016

Em qual nível de humanidade chegamos?...

Em qual nível de humanidade chegamos? A banalização da violência está no ápice? Sorrir enquanto se observa um assassinato já é algo tão comum entre nós? Torcer pela morte já se tornou tão banal?
Alguns podem dizer que esse elo com a violência sempre existiu, afinal, nós seres humanos sempre precisamos nos matar para conseguir a sobrevivência, nos degladiamos para fazer o povo sorrir, enfrentamos inimigos que nem conhecemos em diversas guerras, rimos ao sufocar milhões em câmaras de gás, degolamos nossos iguais por pensarem diferente, explodimos prédios e a nós mesmos para causar o terror, achamos certo amarrar o ladrão no poste e esperar ele ir a óbito. 

"Querem sangue, querem lama, 
querem à força o beijo na lona e querem ao vivo."
(Freud Flinstone - Engenheiros do Hawaii)

Como se já não bastasse toda a violência e o descaso que levamos ao lugar onde vivemos, as explorações e os abusos que causamos ao local onde estamos, os desperdícios e os prejuízos que causamos à mãe Terra. Ainda não temos outro lugar para ir viver e mesmo assim não cansamos de abusar disso aqui que é nosso. Não há lado de fora nessa história, ou nos resolvemos com nós mesmos e com nosso planeta ou invariavelmente chegaremos a nossa extinção por nós mesmos e não por causas naturais.

"O mundo oferece tudo para o bem,
Porém, eles só procuram o mal,
O mundo é fabuloso,
Ser humano que não é legal."
(O único problema do mundo - Janderson Oliveira)

Os abraços entre os desconhecidos, os sorrisos sem razão para os iguais, os cumprimentos em silêncio com a cabeça, o aperto de mão fraterno, o olhar de ajuda para quem precisa, o amor recíproco entre nós, onde estão todas estas coisas? Ainda existe amor no mundo? Ainda existe amor entre nós seres humanos?
E qual será o futuro das crianças que já nascem em meio a toda essa violência e intolerância? Quantas mais delas terão que ter lágrimas escorrendo pelo rosto ou morrerão à beira mar por causa das loucuras de seus antecessores? Elas serão a mudança ou a continuação do caos? Serão o futuro ou o fim da nossa espécie?... 

"Ontem um menino que brincava me falou: 
'hoje é semente do amanhã, 
para não ter medo que este tempo vai passar, 
não se desespere e nem pare de sonhar'."
(Nunca pare de sonhar - Gonzaguinha)


domingo, 21 de fevereiro de 2016

Ciclos


Ritos de passagem
Rasgos de papel
Pra que ficar se lamentando
Se eu sei que não vou pro céu

Noites de insônia
Dias de pouca sorte
Como esquecer de vez
Quem ainda me faz forte

Músicas acalmam
Pensamentos delirantes
Por que querer agora
O que eu nunca tive antes

Armadilha desarmada
Prisão aberta aqui
Pra que eu vou ficar
Se já posso é fugir

Sonhos não realizados
Desejos reprimidos
Como deixar pra trás
Sentimentos não vividos

Elos separados
Ciclos diferentes
Por que viver o passado
Se a vida é o presente
                    (Janderson Oliveira)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Troquei a certeza do agora pela dúvida do amanhã...

    "Posso ouvir o vento passar, assistir à onda bater, 
mas o estrago que faz, a vida é curta pra ver.
Eu pensei que quando eu morrer, vou acordar para o tempo 
e para o tempo parar.
[...]
O vento vai dizer lento o que virá 
e se chover demais, a gente vai saber claro de um trovão. 
Se alguém depois sorrir em paz
só de encontrar."
(O Vento - Los Hermanos)

Troquei a certeza do agora pela dúvida do amanhã e neste momento estou aqui sozinho na solidão da noite, vendo nuvens escuras, sentindo o vento passar ao cheiro da chuva, ao canto dos grilos, ao gosto do vinho que nunca tomei, esperando o que o vento lento, o tempo e a vida vão dizer sobre o que virá. Sem great expectations, sem grandes rumos a trilhar, só vivendo cada dia de cada vez.
Só sei que já cansei de me lamentar pelos obstáculos que aparecem no dia-a-dia, agora tenho certeza de que tenho que aproveitar cada detalhe da vida antes que ela passe e eu não tenha feito nada, antes que ela entre no esquecimento. Sim, algum dia todos nós entraremos no esquecimento, não terá mais nada nem ninguém para contar a grande história da humanidade, imagine para contar a minha e a sua que me lê agora.
E se acredita que eu penso que, devido a tal esquecimento, a grande história de todos nós terá sido inútil, em vão, eu digo que penso é justamente o contrário. E é exatamente por isso que devemos aproveitar cada detalhe da vida, para quando chegar no fim, termos a certeza de que tudo isso aqui valeu a pena. Já disse uma vez e volto a repetir: "nos detalhes, é lá que se esconde o que chamam de felicidade".
A realidade não são as ideias daquilo que você pensa em fazer, não são os seus sonhos ou desejos, a realidade é a concretização dessas ideias, desses sonhos, desses desejos. E a felicidade está na realização de cada uma destas coisas que um dia estiveram na sua mente e foram postas em prática. E como diria Alexander Supertramp: "a felicidade só é verdadeira quando compartilhada", por isso, tenha ideias, sonhos e desejos que contemplem e tornem o maior número de pessoas felizes junto com você.
Valeu a pena acreditar nas pessoas, acertar nas escolhas ou abandonar o navio. Valeu a pena errar o caminho, enganar-se consigo mesmo ou bater com a cara no muro. Valeu a pena insistir nas tentativas, inventar novos rumos ou criar novas expectativas. Valeu a pena opinar para os outros, optar pela incerteza ou deixar os erros aparecerem. Valeu a pena usufruir da sorte, unificar os opostos ou estar preso aos enganos para chegar aos acertos. Valerá a pena quando chegar lá no fim, nos momentos finais, no seu leito de morte, pensar que conseguiu realizar, conseguiu fazer acontecer tudo isso e muito mais que você queria. E com suas conquistas, somadas às conquistas de todos os demais seres humanos, o último indivíduo da nossa espécie vai poder dizer com toda certeza que realmente valeu a pena a grande história da espécie humana da qual ele será o último exemplar.
Se o que quer conquistar te faz feliz, te faz bem, te dá prazer e não machuca ninguém, então é porque está querendo conquistar a coisa certa. Se o que quer conquistar machuca alguém, então é só parar, analisar, refletir e pensar uma nova forma para ser feliz, afinal, existem tantos modos de se chegar à felicidade e eles são tão fáceis de serem realizados, basta ter coragem e seguir em frente. Além disso, lembra que é melhor fazer aquilo que se quer do que ficar arrependido por não ter feito. 
O covarde, o fraco, aquele que não toma atitude, provavelmente ficará fadado ao fracasso, ao insucesso, à infelicidade, e o pior, levará esses maus sentimentos aos outros. Não haverá outra chance para tentarmos algo de diferente, sem segundas chances para sermos felizes, a não ser agora. Ninguém nunca voltou para tentar de novo e nem nunca voltará. Investindo na certeza do agora ou acreditando na dúvida do amanhã, apenas "faz o que tu queres, há de ser tudo da lei"...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Gritos ao léu

Se já não posso falar o que quero,
Então é melhor mandar fechar a boca do mudo,
Tapar os ouvidos do surdo,
Cobrir os olhos do cego,
Porque vai ser em vão, um absurdo.

Se já não posso te dizer o que quero,
Vou fazer do meu jeito concreto,
Vou te mandar o papo reto,
Vou ser cada vez mais esperto,
Não vai ser mais nada secreto.

Porque aqui neste canto
Vou deixar é escapar segredo,
Pois não vou viver nessa vida com medo,
Vou é dançar fora do enredo,
Foi o que eu aprendi desde cedo.

Porque aqui neste lugar
Todo louco que se preze,
Precisa saber de cabeça uma prece,
Ter um santo para quem se reze
E fazer da sua vida uma tese.

Mas se não deixarem gritar para ti,
Vou cuidar mais é de mim,
Ver a vida passar por aqui,
Esperar o dia chegar bem assim,
Pra ver tão bonito o que vem lá no fim.

Porque se tudo é mesmo imperfeito,
Então o melhor é ser ladrão,
Para roubar o teu coração,
Ainda te amar lá no chão,
Sem depois precisar pedir o perdão.
                                         (Janderson Oliveira)

LEIA GRITANDO, se não o fez, volte lá e faça do modo correto. Texto escrito há alguns meses, mas que esperou a hora certa para ser publicado. Incrível como as coisas se encaixam nos momentos certos da vida, do "Tempo, Tempo, Tempo, Tempo, quando o tempo for propício"...