"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

terça-feira, 29 de julho de 2014

3650 dias

Há 3650 dias
Eu tinha 16 e ela 15 anos
E foi num momento assim, de repente,
Que nós dois nos beijamos.
Desde aquele dia a gente insistiu em ficar
E até hoje nós ainda ficamos.
Entre tangos e tragédias,
Entre dramas e comédias,
Nós seguimos com nossa interação,
Ou melhor, com nossa amável contradição.
Onde nosso caso não tem solução,
Pois eu sou sentimento e você é razão.
Entre risos e lágrimas,
Entre vitórias e lástimas,
Desde o começo vou traduzindo sentimentos em palavras,
Descobrindo desenho em nuvens,
Te contando meus pesadelos
E até minhas coisas fúteis.
Mas nosso amor já amadureceu
E eu posso para todo mundo gritar
Que todos os caminhos me levam ao mesmo lugar.
É o meu esconderijo, o meu altar,
Sempre volto para casa, para o meu lar.
E agora já posso com todas palavras dizer,
Depois de tanto tempo, eu só tenho você.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sobre a Copa e muchas otras cositas más...

"Pois com Copa ou sem a Copa o Brasil é a mesma merda e o problema é que a gente não muda e além da Copa a culpa é nossa que só cobra na última hora quando percebe que o país tá na fossa. E depois que acabar a Copa qual será a sua atitude, vai votar em qualquer um novamente e torcer pra que de repente o país mude?"


Faz mais de 20 anos que esperava muito por duas coisas no meu país, a primeira era a Copa do Mundo de futebol, a outra era uma "revolta popular" contra nossos governantes e todos os males que eles geram.
Estava a pensar o porquê que gosto tanto de esportes, apesar de nunca ter sido nenhum grande atleta, e tive um "jogo da memória" que me fez relembrar os momentos mais distantes onde me emocionei com o esporte em minha vida. Com certeza o mais antigo remonta às Olimpíadas de 1992, em Barcelona, quando no jogo final de voleibol masculino o Brasil venceu a Holanda, ganhando sua primeira medalha de ouro após um ace de Marcelo Negão, são lembranças pouco nítidas, mas bem emocionantes. A lembrança seguinte é da vitória de Ayrton Senna, ainda hoje o exemplo de atleta que mais me emociona, na corrida de Interlagos em 1993 quando no final a torcida invadiu a pista e lhe consagrou. O ano de 1994 também me marcou no esporte, primeiro pela trágica curva que levou Senna à morte, mas também pelo sofrimento daqueles pênaltis da final da Copa entre Brasil e Itália que nos levou ao TETRA.
E a partir daí o gosto por esse tal de futebol só fez crescer, com certeza muito influenciado pela mídia, como a maioria das pessoas, mas também por algo inexplicável que esse esporte proporciona, talvez um sentimento primitivo que remonta às guerras? Sim, não só o futebol, mas a maior parte dos esportes são alegorias da guerra, onde torcemos por um exército que nos representa. Ainda bem que agora são guerras regulamentadas, onde esquemas táticos avançam o campo adversário com o intuito de bombardear a meta do inimigo, talvez esse seja o sentimento que nos liga tanto ao esporte, ao futebol, não podemos ir à guerra, mas torcemos para quem se arrisca a ir. Pena que as guerras de verdade ainda existam por aí, russos x ucranianos, palestinos x israelenses, torcida x torcida, seres humanos x seres humanos. E lembro de Renato Russo que pedia em vão: "não deixe a guerra começar".
Por outro lado, desde 1992 esperava uma pressão social para cima de nossos políticos, lembro alguma coisa daqueles chamados Caras Pintadas que levaram nosso "querido" Fernando Collor ao impeachment. Depois disso veio o Itamar Franco tentando melhorar a inflação até chegar FHC para nos dar esperança com o Plano Real (ainda me admiro que um dia R$ 1 valeu igual a US$1), mas que em pouco tempo desmorou tudo de novo e lascou ainda mais quando vendeu nossa segunda maior empresa estatal, a Vale do Rio Doce. Após essas coisas eu vibrei com a eleição de Lula (ah como eu vibrei), enfim a esquerda chegava ao poder, era a hora da virada no país, viva o Fome Zero, viva o Bolsa Família, mas percebi que tudo não passou de assistencialismo paternalista que segue agora com a "ex-revolucionária" Dilma que tenta diminuir o atraso com a população negra, menos abastecida, através de cotas e bolsas de estudo, mas isso tudo são só meus devaneios de mais de 20 anos.
Desde aquele tempo só fui percebendo que nossa política é horrível, realmente cheia de corruptos que acabam influenciando inconscientemente a todos nós, nos tornarmos pequenos corruptos do dia-a-dia. Somos todos hipócritas e corruptos, brasileiros oportunistas que só cobram quando bem nos convém. Desde aquele tempo esperava por manifestações populares e elas vieram de forma linda ano passado, era o povo pedindo melhoras em todas as áreas, era o povo invadindo novamente o Congresso Nacional, era o povo mostrando sua cara, mas só até os vândalos aparecerem com mais força e, na minha opinião, acabarem com a legitimidade dos protestos. Acredito que eles levaram o gigante a dormir novamente, tanto que nesse ano pouquíssimas pessoas voltaram às ruas para protestarem.

"Do lado do campo está o Sistema jogando contra o time do Povo que tem um atacante chamado Gigante que já se cansou e foi pro banco de novo"...

E depois de tudo isso eu fui participar de quê? Fui para a Copa levando meu protesto através de frases em camisas, era um protesto calado mas que acredito que tenha sido mais legítimo do que os de muitos que foram às ruas. Via sempre olhos buscando o que tinha escrito na minha camisa, algumas pessoas até me pediram para eu parar e elas lerem minhas frases.
Mas agora a Copa já acabou, nosso time decepcionou, mas acredito que valeu a pena ter participado do evento, não acho que tenha sido a "Copa das Copas" como a mídia insiste em chamar, mas foi um grande evento nem mesmo por conta da infraestrutura criada, nem mesmo por causa dos bons jogos, mas por causa sim da receptividade e hospitalidade do nosso povo que insiste em fazer festa em tudo e acabou contagiando aqueles que vieram de fora. O povo que se corrompe é o mesmo que fez o evento se tornar tão grandioso aos olhos de quem vê de fora.
Acredito que a falta de uma boa educação não é culpa da Copa, mas culpa de maus gestores que nós mesmos escolhemos. A Copa custou (R$ 25,8 bilhões) o equivalente a um mês do que é investido em educação por ano (R$ 280 bilhões), ou seja, existe o dinheiro para a educação, mas onde ele vai parar? Por quais mãos passa esse dinheiro que não chega na escola onde eu trabalho? Por quê cobriram 12 estádios de forma sensacional, mas não cobrem uma pequena quadra onde leciono sob o sol arrasador do Ceará, se a educação recebe bem mais dinheiro do que aquele investido na Copa? Não, a culpa não é da Copa, mas de políticos corruptos que seguem enfiando dinheiro em bolsas, malas, cuecas, contas multimilionárias que não sabemos onde estão abertas.
E não acredito que começaremos uma nova era ou que faremos uma mudança a partir de outubro, nas urnas, até porque não acredito que tenhamos candidatos honestos para fazerem diferente daquilo que foi feito nos últimos 20 anos. A mudança não começa neles, mas sim em cada um de nós...