Será que já está na hora de me
despedir daquilo tudo que não aconteceu? Dar adeus aquilo que nunca vi e nem
vivi? Dar tchau para os momentos bons que não aconteceram? É essa a hora certa?
Tudo feito na ilusão realidade
ideal que só existiu no idealismo da minha consciência, mas a real realidade
nunca existiu naquilo que me cerca, na matéria ao meu redor. E segue aquele velho
jogo filosófico de longas discussões sem respostas certas.
O que não vi da vida, na verdade
aconteceu na minha cabeça, mas era só ilusão. “O contrário do contrário, do
contrário, do contrário”, a negação da negação. Um quebra-cabeça de pensamentos
bons que não são palpáveis, uma chuva de momentos felizes que não tocam o chão.
O primeiro vôo de pára-quedas, o
último beijo ao portão. A primeira flor à florescer no dia, o último
pôr-do-sol. A primeira letra do livro, a última cena do filme. A primeira noite
de amor, o último filho a nascer. O primeiro choro de alegria, a última briga
do casal. O primeiro acorde da música, o último verso do poema. A primeira cidade visitada, a última viagem
realizada. O primeiro banho de mar, a última queda na piscina. O primeiro bilhete
recebido, a última carta escrita. O primeiro dizer de “pra sempre”, a última
despedida dando “tchau”.
Enfim, a realidade são as idéias
ou o material? O que está na minha cabeça ou o que está ao meu redor? O que não
vi da vida, será que realmente aconteceu de verdade ou realmente era só ilusão? Sempre
sigo com perguntas sem respostas...