"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Muito prazer, meu nome é Sara!...

Contemplo o tempo que corre no relógio parado na parede, lamentavelmente lembro dos lamentos de outrora e agora viajo nos advérbios de Belchior, onde presentemente o passado me pertence, pós-modernamente eu pergunto ao passarinho black bird que me responde “o passado nunca mais”, revolucionariamente eu tento fugir dos meus próprios pensamentos nostálgicos.
Tento fugir, mas não consigo esquecer dos momentos que passei ao lado do meu homem, ou melhor, do meu menino. Já se passaram vários dias e várias noites, sem nada de notícias dele. Tento buscar explicação em pensamentos ilógicos e em bebidas amargas que ardem na minha boca, "pensando bobagens, bebendo besteiras", sem ninguém ao lado para conversar, sem novidades para contar, sem datas para comemorar, sem risos para sorrir.
No horizonte o sol se põe, “here comes the sun”, lá vem o sol, lá vai o sol e nesse ciclo vicioso não está nada bem comigo, pois ele não vem para o meu lado, talvez nunca mais. Come back my little darling, “it feels like years since it's been here”. “Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais”, é horrível saber que esse é mais um pôr-do-sol sem meu sol ao lado para me iluminar. Trevas para sempre?
E aqui nessa cidade, entre a serra e o rio, entre o céu e a terra, “há muito mais coisas do que supõe nossa vã filosofia”, mas de que me adianta tanta coisa se eu perdi o que mais quero, você. Me pego a imaginar como os mesmos acontecimentos podem marcar para sempre a vida de uma pessoa e serem totalmente insignificantes para outra, “é impossível repetir o que só acontece uma vez”. Quanta falta de sentimento no coração das pessoas que nos deixam para trás, mas sei lá, “todos têm suas próprias razões”.
É muita decepção para uma única pessoa, meu coração já calejado e nem tão jovem assim segue a te esperar meu querido, ainda busco teu “coração de menino cheio de esperança”, mas não sei até quando vou aguentar viver esse presente que está completamente preso a um passado que foi tão maravilhoso.
E para aqueles que não me conhecem e não entendem os meus vãos motivos de choramingar por um homem, muito prazer, meu nome é Sara! Uma princesa sem seu príncipe, uma amante sem seu amor...

Por Sara Fernandes

sábado, 21 de maio de 2011

E o mundo não se acabou




Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar
Por causa disto a minha gente lá em casa começou a rezar
Até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada
Por causa disto nesta noite lá no morro não se fez batucada

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando de aproveitar
Beijei a boca de quem não devia
Peguei na mão de quem não conhecia
Dancei um samba em traje de maiô
E o tal do mundo não se acabou

Peguei um gajo com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele mais de quinhentão
Agora soube que o gajo anda
Dizendo coisa que não se passou
Ih, vai ter barulho e vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou

(Assis Valente)

Em meio a tantas falsas profecias um compositor baiano do início do século passado, Assis Valente, já cantava a todos que isso não passa de "conversa mole". "E o mundo não se acabou" já foi cantado por Carmem Miranda, relançado por Adriana Calcanhotto após o não-fim do mundo de 2000 e mas recentemente foi gravado por Paula Toller, com uma roupagem mais moderna. E mais uma vez o mundo não se acabou, mas a gente segue a acabar com ele...

sábado, 14 de maio de 2011

Adeus sábado sombrio...

Diante da “palavra hotel escrita em neon” eu vejo mais uma noite que cai do quarto andar de um prédio ubicado em uma cidade que eu nem sei o nome. Corre o vento, correm os carros e posso perceber os passos de pessoas que passam pelas praças despovoadas, são inúmeras as praças desta cidade que ainda não sei o nome, praças vazias no clarão da noite de lua cheia. É só mais uma noite em um lugar distante, distante de tudo e de todos aqueles que fazem parte da minha história, essa é a minha nova história, onde nós vamos sair vencedores. E o verbo ir conjugado na última afirmação me lembra um presente com sentido de futuro e com a cara do passado, presente vivido, futuro esperado, passado recordado. A noite passa e posso sentir o aroma de flores vindas de um lugar distante e que amanhecerão mortas sob o sol desta cidade que sigo sem saber o nome, isso me lembra um antigo personagem que se pergunta: “Quem é que quer flores depois de morto? Ninguém.”, ainda mais estas flores também estando mortas. Da janela sinto o vento frio vindo de uma serra localizada nas proximidades desta cidade que ainda não descobri o nome ou será o vento vindo do rio que corre no meio da mesma cidade? Já respirei do ar daquela serra, já bebi da água daquele rio, deve ser isso que me fez sentir vontade de permanecer nesta cidade que não consigo lembrar o nome. Noite medonha que está apenas começando, noite escura onde todos dormem e eu acordo, noite sinistra que me invade de vozes e sons delirantes, noite sombria com suas sombras a me perseguirem. Enfim saio da janela e descubro no anúncio de televisão o nome da tal cidade, é aquela velha cidade com tantos templos e praças, velha cidade que nos deu um ilustre filho que canta “um preto, um pobre, uma estudante, uma mulher sozinha, blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais, garotas dentro da noite, revólver: cheira cachorro, os humilhados do parque com os seus jornais” e isso tudo me interessa mais, no entanto, me faz chegar a conclusão de que sou só na solidão de Sobral sob um sábado sombrio. Adeus sábado sombrio, nestes últimos minutos que te restam eu me retiro para meu descanso notívago, eu me despeço em nome do céu, da terra, da noite e do dia que amanhã virá, adeus...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pra ela...

No ônibus, na viagem, na mochila, no violão, levo a lembrança, a recordação. Minha cabeça, minha loucura, minha caneta, meu papel, escrevo o poema, o cordel. Deixei o meu amor quatro horas e meia para trás, segui em frente e aprendi que errei ainda mais. Pensei que estava feita minha alegria, mas nessa vida ninguém sabe do que é capaz. Descobri em minha eterna vã filosofia que não se pode deixar um amor assim para trás. Nem nas capas das revistas, nem nos anúncios dos jornais, nem nas telas dos cinemas, nem nos horóscopos semanais, não encontrei nada igual em nenhum desses locais. Procurei em tantos cantos, procurei em tantos contos. Passei por tantos prantos, passeei por tantos pontos. Procurei em tantos casos, procurei em tantas casas. Passei por tantos lares, passeei por tantos mares. Nada me fascinou mais do que os olhos de minha menina, são dois “olhos negros, cruéis, tentadores” como dizem os compositores. E as gotas de água que caem dos meus olhos se misturam às lágrimas de chuva que caem lá fora, ao mesmo tempo, no mesmo instante, em uníssono. Desculpa se às vezes eu faço parecer que eu esqueço que eu te amo, mas é porque é tudo novo, é vida nova e me deixo levar pela beleza da vida. Desculpa meu egocentrismo exacerbado que só você conhece, é que fico encantado como pode haver tanta idolatria em tamanha simplicidade, não sei se isso é vício ou virtude. Só não esqueça que essa coisa chamada amor é bem menor do que o sentimento que a gente sente, pois amar todo mundo ama, todo mundo se ama, só a gente tem o nosso próprio sentimento, nosso próprio cantinho, nossa própria casa. E nem as quatro horas e meia de viagem, nem as lágrimas de saudade, nem o meu egocentrismo exacerbado haverão de nos vencer...

domingo, 8 de maio de 2011

Teoria da conspiração

Osama escondido no Morro do Alemão,
Obama fugindo pras colinas no Japão.
Bush perdido nas montanhas do Afeganistão,
Saddam descansando nos lençóis do Maranhão.

Estados Unidos comandam tudo com empolgação,
Alemanha ficou feliz com a divisão.
Cuba há muito tempo clama por libertação,
Palestina esqueceu tanta humilhação.

Comunismo comungado com nenhuma comunhão,
Fidel abandonado pela sua embarcação.
Stalin nunca matou por inanição,
Os soviéticos sempre tiveram a sua União.

Verdade absoluta num livro de ficção,
Lágrimas caindo num filme de ação.
Balas perdidas atingem o coração,
Pessoas nascendo na próxima estação.

Cristo de volta após a ressurreição,
Confiança total na religião.
Mendigo oferecendo pedaço de pão,
Políticos sinceros na televisão.

Brasil ocupando a primeira posição,
O povo unido pela educação.
Chuva castigando a aridez do sertão,
Rio transbordando não causa inundação.

Luiz está vivo lá pros lados do Sudão,
Raul já virou o novo rei do baião.
Jackson toca guitarra com distorção,
Sivuca foi à feira comprar seu violão.

Vovó cansada de tanta oração,
Vovô desesperado com tanto sermão.
Mamãe desistindo da liquidação,
Papai voltou pra dar a sua bênção.

Não, não é mentira, eu tenho razão,
Está tudo gravado na minha conspiração.
Não, não há segredo, tudo tem explicação,
Nas palavras precisas da minha conspiração.

(Janderson Oliveira)


Minha "Teoria da conspiração" é mais uma dessas idéias surgidas nas diversas viagens entre as cidades de Sobral/Fortaleza do meu Ceará e também nas diversas viagens entre o hesmifério direito/córtex pré-frontal do meu cérebro. Pra não perder as idéias, tratei de escrevê-las todas nos rascunhos de mensagem do meu celular e só depois tratei de organizar melhor e dar uns retoques finais, deu nisso aí logo acima. "Uma mentira repetida até virar verdade", "as mentiras da arte", "a verdade a ver navios"...