"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Bungee jumping...

"Vai em frente sem parar, que a parada é suicida
Porque a vida é muito curta e a estrada é comprida
Você sobe e você desce na escada da vida
E às vezes parece que a batalha tá perdida
E que você voltou pro ponto de partida
Vai à luta, levanta, revida
Vai em frente, não se rende
Não se prende nesse medo de errar
Que é errando que se aprende
Que o caminho até parece complicado
E às vezes tão difícil que você se surpreende
Quando sente de repente que era tudo muito simples
Vai em frente que você entende"
                               (Sem parar - Gabriel, o Pensador)


"A vida é feito andar de bicicleta: se parar você cai". 
E eu que nunca aprendi a andar de bicicleta? Estou sempre me desequilibrando e caindo, ou eu nunca fui ao chão?
É, eu devo admitir que as quedas já foram muitas, já me esborrachei no chão por diversas vezes. Mas sabe de uma coisa, sempre tinha uma cordinha sustentando todo o meu peso, me fazendo reerguer. Por isso, prefiro acreditar que o meu esporte é outro, nada contra a bicicleta, mas acho que a metáfora da vida deveria ser com o bungee jumping. O bom disso tudo é que mesmo que você vá ao precipício, sempre você volta para o topo do mundo, o topo do seu mundo.
Já sei como se chama essa cordinha que nos faz voltar à tona, o nome dela é esperança. Esperança de que dias melhores sempre vão aparecer de novo, "depois da tempestade vem bonança", no fundo do poço tem a chave para voltar ao topo.
Confesso que sempre é bom ficar um pouquinho lá por baixo. É sempre bom analisar o fracasso, verificar os erros que te levaram até lá e esperar a cordinha puxar com tudo pra cima. Ou então nem espera, você mesmo tem o poder pra voltar, é só ir em frente, enfrente, não se rende. Levanta, limpa os ferimentos e está pronto pra outra aventura.
A volta à tona está dentro de você, é só esquecer as decepções e buscar fazer as coisas de uma outra forma. Fazer o bem é o melhor caminho para se livrar lá de baixo, demonstrar amor é o que te faz voltar para o ponto de partida. Meu deus é o Amor e minha religião é Fazer o Bem!
E como promessa para o ano que tá para nascer: eu vou sim aprender a andar de bicicleta e tirar aprendizado dos tombos que ela vai me dar. No entanto, acho que vou me arriscar no bungee jumping, lá a adrenalina é bem maior. Subindo e descendo na vida, caindo e acreditando que a cordinha da esperança vai nos trazer de volta, essa é a lógica!...


 "Passei por toda tempestade
E sei que toda tempestade passa"
(Tempestade - Gabriel, o Pensador)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Desligou, desconectou...

Desligou, desconectou, já pode tirar da tomada, lá não passa mais energia, muito menos nas veias que correm em meu corpo.
É hora de rearranjar a bagunça que está dentro do meu peito, é hora de tentar colocar as coisas em seus devidos lugares. Voltar ao egoísmo exacerbado é bom, melhor seria poder se doar por inteiro a qualquer pessoa.
Mas a doação é algo terrível, pra conseguir se entregar a alguém, é preciso primeiro se doar a si mesmo. Fazer o bem a alguém só é possível quando se está de bem consigo mesmo.
Para muitos, a felicidade está numa telinha de última geração que capta diversos pixels de um sorriso que esconde o seu verdadeiro sentimento. Para mim, acho que está na hora de modificar o caminho de se chegar à felicidade, ele não deve mais passar pelo coração, deve ir direto para o cérebro. 
É no sistema  límbico que está o alvo a ser alcançado, por lá que passam todos os nossos sentimentos e emoções, sejam bons ou ruins, sejam de tristeza ou de felicidade. E o coração? Ah, o coração só seguirá realizando seu trabalho de conduzir meu sangue para todo o corpo. É no cérebro que está a chave para religar a energia, só me resta encontrá-la. 
Quanto tempo isso vai durar? Não sei. Que dure o tempo que for preciso...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Férias falsas...

“- Alô?
- Oi!   
- Ele está morto!
(...)
- Vovó, ele está morto, ele está morto!”
(Momentos de choro, falta de sentido e tentativas de explicação)

Era 12 de novembro e talvez esse deva ter sido o diálogo entre alguém que estava do outro lado da linha, o meu irmão e a minha avó. Eu estava ali naquela sala, só observando e analisando toda a situação.
Já faz mais de 20 anos, mas a história que foi mais ou menos desse jeito aí, não sai da minha cabeça. Apesar do teor dramático, na minha mente era só mais uma viagem que se dava início.
A lembrança ainda está presente em minha memória: a alegria de ver gente se reunindo em minha casa para mais uma viagem à cidade natal de toda a família. Era fim de ano e eu achava que estávamos indo para as férias naquela cidade do litoral do Ceará, porém, dessa vez, iam mais pessoas do que o habitual.
Fomos na traseira de um carro grande, protegidos por uma cabine. Dentro, cabiam eu, meu irmão, além de primos e tios. Outros carros iam acompanhando numa espécie de cortejo. Não entendia muito bem, mas eu ainda seguia feliz em ver tanta gente se reunindo para passar férias conosco. Da viagem me lembro pouco, as falhas na memória não me deixam explicitar o que aconteceu no caminho. Recordo-me apenas dos momentos já na cidade e da inocência que tinha uma criança de 5 anos.
A igreja daquele lugar estava em frente à casa dos meus avós. Da porta da sala de estar, dava para ver o grande número de pessoas que iam se aglomerando perto do templo. Eu só fui entender o motivo daquela reunião quando um carro comprido estacionou ao lado da igreja, nele vinha meu pai velado em seu caixão. Só então a ficha foi caindo e as lágrimas em meu rosto também caem até hoje.
Como eu era bem criança não tive coragem de ir dar um último tchau, mas pelo menos fiquei com a esperança de que um dia a gente ainda poderia se encontrar para a despedida. O que mais me marcou foi a quantidade de gente que foi dar adeus a ele, o que mostra o quanto aquele homem devia fazer bem às pessoas.
“Então vamos viver, um dia a gente se encontra”. A viagem não foi das melhores, as férias foram falsas, mas a história não pode e nem deve ser esquecida. E hoje é o dia que marca não o fim da viagem, mas o início de outra. Hoje marca o início da viagem dele na Terra, se ainda estivesse por aqui estaria completando 59 anos.
Enquanto isso, eu sigo na minha viagem, com as pessoas ainda afirmando que sou a cara do pai e meu caráter também coincide com o dele. Pois pronto, sigo a viagem por ele, esperando que ela não termine tão bruscamente. E sigo aceitando isso, que sou a cara do pai, e o coração também... 



domingo, 18 de dezembro de 2016

Recomeço... ou De volta ao mesmo...

E a imaginação se tornou realidade, meu menino voltou pra mim, mesmo já tendo partido. Não foi um intervalo tão longo quanto 10 anos, mas também não foi tão curto quanto 10 dias. Foram 10 meses, tempo suficiente para reconhecê-lo, amá-lo, niná-lo, me entregar de corpo e alma, e vê-lo partir novamente.
Ele me trouxe aqueles velhos ensinamentos que já estão bem batidos na mente dessa mulher experiente que vos escreve. Me veio dar a certeza incerta de que nada é para sempre, a vida sabe o que faz, mesmo nos pregando peças a todo momento. Me fez lembrar que é a paixão que nos move, precisamos nos aventurar nela, deixar acontecer o que o nosso coração manda e não sermos tão racionais. E por último, me disse que não precisa pedir permissão pra nada, se o que você quer fazer é bom pra você, se te faz feliz e não machuca ninguém, então vai lá e faz, no fim basta pedir o perdão e tudo estará resolvido. Incrível como ele me fez lembrar desses ensinamentos sem nem precisar dizer tantas palavras.
Ai aquele sorriso bonito do meu menino, seu coração de moleque aventureiro, sua loucura juvenil, seu prazer pelos riscos da vida me fazem acreditar que mesmo com tanta experiência, a jovem que há dentro de mim jamais deve partir. Foram 10 meses de novos aprendizados, de tentativas de entender não apenas ele, mas a mim mesma. E melhor que ele conseguiu isso, me fez ver novas razões para a vida, me fez ver que cada um é o que quer ser, sem julgamentos ou preconceitos de ninguém. 
Mas já acabou, pena que ele já se foi. Decisões foram tomadas e só me resta aceitar e respeitar tudo, mesmo sem entender algumas pequenas coisas. O resultado das nossas escolhas me parece um pouco preocupante, mas confio que com o tempo tudo vai se ajeitar. Não há nada que seja maior que nossos sonhos, que nossos desejos, devemos ir atrás deles mesmo sabendo das dificuldades que vamos enfrentar. 
Se estou decepcionada com a partida? Claro que sim, mas aquela esperança no peito calejado segue a existir, acreditando que ele voltará, mesmo que aquele sorriso venha em outros rostos. Voltarei para o meu mundinho entre músicas, violões, livros, textos, bebidas, cigarros e solidão. No mesmo velho/novo apartamento com vista para uma cidade que dorme enquanto me lamento em textos notívagos. E sempre vou lembrando das palavras filosóficas de um bom amigo meu: "é melhor viver o que se quer do que depois ficar se lamentando por não ter feito o que queria"...

Por Sara Fernandes

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Entre risos e lágrimas...

Entre risos e lágrimas, entre devaneios de hoje e deveres de amanhã, entre a lua e o sol, entre o céu e o inferno. "Esse é o nosso mundo, o que é demais nunca é o bastante". Essa é a nossa vida, cheia de opostos e contradições. E como os opostos me atraem, como eu sou fascinado pelo contrário, pela dualidade, pelo paradoxo, pelo fora da ordem.
Só risos não são pra sempre, também precisamos dos momentos de tristeza, de lágrimas como estas que sempre insistem em correr pelo meu rosto. Sorrisos aparecem durante o dia para encobrirem as lágrimas que aparecem durante a noite. Mas como é constante e cruel essa alternância entre alegria e tristeza, quando se pensa que o bem-estar vai vencer, o mal-estar aparece como uma força bruta. E aquele sorriso marcante, grande e bonito fascina muita gente, fascina toda a gente. Mas por trás esconde lágrimas confusas de uma mente em constante ebulição.
Eu fico aqui transitando mentalmente entre aquele sorriso e aquelas lágrimas, vale a pena se entregar todo dia e toda hora para vivenciar ambas sensações. No entanto, busco entender, mas sem vontade de acreditar no que eu já previa. O que mais entristece é saber que nunca vou conseguir entender tal sorriso bonito e não descobrirei porque ele não é capaz de superar as lágrimas confusas de outrora.
Motivos são tantos, razões também. "Todos têm, todos têm suas próprias razões". A única solução é a aceitação de como cada um é. Cada um é um mundo e cada qual com seu mundo. Só nos resta respeitar o mundo de cada um, entre opostos e contradições, entre risos e lágrimas...

"Eu me entrego a você como uma cidade derruba os muros
Mostrando a realidade da nossa dupla solidão
Eu me dei conta de mim mesmo
E quando vejo sua foto parece que você tá falando comigo
Quem vai carregar esse crucifixo?
Bem que eu queria te ver, mas não posso
Porque meus olhos estão encharcados
Eu não consigo te ver 
Pelo menos por enquanto
Eu não queria partir, mas você me convenceu."
(Despedida - Selvagens à Procura de Lei)


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Mas querer não é poder


Quero meu corpo bem colado ao teu
Me sentir seguro no teu abraço
O aconchego do teu corpo é onde busco meu abrigo
Quero teu corpo, poder beijá-lo todo dia
Te encher de arrepios, te matar de carícias
Quero te morder, fazer você gemer 
Meus pelos na tua pele e já me sinto bem
Teus pelos sentem o contato e já te sentes bem
Pelos e peles em pleno arrepio
Tu e eu em plena harmonia
Só quero isso todos os dias

(Janderson Oliveira)