"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Na cabeça não tem só cabelo...

Nunca pensei que um cabelo fizesse tão mal às pessoas, é porque agora todo mundo implica com o meu cabelo. Pessoas que falo no dia-a-dia, pessoas que vejo uma vez na vida, todos chegam e dizem: tu não vai cortar esses cabelo não minino, vai virar rebelde agora é. Não meu povo eu só quero mudar um pouquinho o meu estilo, não é rebelde, nem desleixado, é só não ficar igual ao que eu sempre fui, ao que sempre sou.
Eu só quero sair um pouquinho do meu próprio padrão, não quero ser igual a ninguém, nem a mim mesmo. Eu sou essa incansável mutação de pensamentos, de idéias e agora de cabelo também. E o mais importante não é nem isso, o mais importante é o que está embaixo desses cabelos. O que eu sempre prego é que o mais importante é o que você é e o que você faz pelos outros e os cabelos é o que menos interessa nessa hora. Deixa de falar dos outros, vai lá e dá a mão pra ele e ajuda.
"O que fazem as pessoas parecerem tão iguais? O que fazem as pessoas parecerem tão iguais? O que fazem as pessoas para serem tão iguais? O que fazem as pessoas para serem tão iguais?" (PQP o Humberto se garante muito viu). Quem vende essa idéia de padronização, não sei? Só sei que quero fugir disso e continuar minha vida. Aí venho e também me lembro de Bob: "Enquanto vocês riem de mim por eu ser diferente, eu rio de vocês por serem todos iguais." Então siga o seu caminho e eu o meu, eu continuo a ser essa "cabeça equilibrada" e vocês fazem o que bem entender com as suas, as deixam com cabelos grandes, pequenos, esvoaçantes, arrumadinhos, pintados, prancheados, sem cabelos, ondulados, lisinhos...
Um abraço a todos...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Dos três mal-amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

(João Cabral de Melo Neto, por Lirinha)

O texto é de João Cabral de Melo Neto que foi maravilhosamente declamado por Lirinha, do Cordel do Fogo Encantado, no seu CD "O Palhaço do Circo Sem Futuro". O texto é maior, mas no CD ele só fala essa parte e o texto de João Cabral se chama "Os três mal-amados", porém no CD do Cordel tem "Dos três mal-amados". É isso, boa música, boa poesia e tá feita a minha festa...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O único problema do mundo

Mesmo com tanta riqueza,
Eles não param de brigar.
Ainda existe muita beleza,
Mas eles não param de reclamar.
Se um dia lhe pedirem com delicadeza,
Mesmo assim eles não saberão amar.
O mundo oferece tudo para o bem,
Porém, eles só procuram o mal,
O mundo é fabuloso,
Ser humano que não é legal.

(Janderson Felipe)

Essa é uma poesia que depois que acabei falei: "Nossa ficou muito boa, eu consegui fazer isso", bem simples, porém que eu considero que diz muito do que somos. Ela foi uma das primeiras que escrevi, no momento que estava descobrindo o fantástico universo lúdico das palavras. E como quase sempre, ela também acaba em música: "O mundo é fabuloso, ser humano que não é legal" (Ed Motta), a partir dessa frase que criei o resto, ou seja, a poesia começou pelo final...

Símbolos, signos, sonhos...

E o que é a vida senão um conjunto complexo de símbolos, signos e também de muitos sonhos. São palavras, imagens, sons, atos, movimentos que nos dizem tudo o que ocorre ao nosso redor.
O que é o dinheiro senão um pedaço de papel que simboliza o poder nas mãos daquele que consegue guardar mais desse papel. O que é um santo senão uma imagem simbolizada de uma pessoa que ajudou os outros e hoje é visto como alguém divino. O que é a esperança senão um sonho que você tem que sempre vai dar tudo certo e você sempre quebra a cara.
Cabe a cada pessoa desvendar esses mistérios que estão embutidos em cada lugar, em cada palavra, em cada gesto que o mundo nos passa a cada dia. Nesse mundo de símbolos eu sigo a descobrir meus sonhos, nesse mundo de sonhos eu só quero desvendar meus signos...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A lavadeira do rio



A lavadeira do rio
Muito lençol pra lavar
Fica faltando uma saia
Quando o sabão se acabar
Mas corra pra beira da praia
Veja a espuma brilhar
Ouça o barulho bravio
Das ondas que batem
Na beira do mar

Ê Ô! O vento soprou!
Ê Ô! A folha caiu!
Ê Ô! Cadê meu amor?
Que a noite chegou fazendo frio

Ô, Rita, tu sai da janela
Deixa esse moço passar
Quem não é rica e é bela
Não pode se descuidar
Mas, Rita, tu sai da janela
Que as moça desse lugar
Nem se demora donzela
Nem se destina a casar

Ê Ô! O vento soprou!
Ê Ô! A folha caiu!
Ê Ô! Cadê meu amor?
Que a noite chegou fazendo frio

(Lenine / Bráulio Tavares)

Tava ouvindo um CD de Caju e Castanha (Professor de Embolada), só música boa, pense rapá, aí ouvi essa música aê. O refrão chamou minha atenção: "Ê Ô! O vento soprou! Ê Ô! A folha caiu! Ê Ô! Cadê meu amor? Que a noite chegou fazando frio?", rapaz isso é poesia pura. Aí fui vê de quem era a letra, se era deles mesmo. Me deparei com a surpresa, a música é de Lenine em parceria com Bráulio Tavares. Fui vê e ele e a Maria Rita tinham gravado também, todas versões massa. Mas ainda prefiro o coco embolado no pandeiro de Caju e Castanha, pena que não encontrei um vídeo deles cantando, mas taí a versão do Lenine...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A história de Fulamunaíma...

Fulamunaíma era uma muié sortêra e bunita. Fía de Seu Zé Mangabeira cum Dona Maria do Rusário, casal ali do Corgo dos Furtado, vizim do Riacho Doce. Fulamunaíma era a fía caçula deles, que além dela, tiveram mais nove cumêdôzim de rapadura pra criar. Fula era o apelido que os mininu butaram nela desde que ela era bem picôtôtinha. Fula, a bichinha, era linda viu, mas era linda mermo a muié.
Era mais linda que a garota de Ipanema e muito mais fogosa que a índia Iracema. Fulamunaíma era uma morenona que tinha os cabêlu pretu e bem lisim. Fula também tinha um corpão de violão que parece que tinha mais curva que circuito de Fórmula 1. E as perna da muié, pense numas lapa de perna meu cumpadi. Ela era bem jeitósinha viu a Fula.
Mas tu sabe que muié bunita sempre tem umas coisa que num agrada muito né. Sabe aquelas muié que adora uma farra, pois Fulamunaíma era uma dessas. Fula adorava ir prum forrózim, passava a semana juntano uns trocado pra quando chegar no sábudo correr pros clube da cidade. Ela ia todo sábudo de noite e só chegava no dunmingo de manhãzinha cedo, pense numa bicha pra gostar de farrear. Fula adorava dançar cuns câboco do forró, passava a noite se esfrergando cuns hômi de lá. Ficava meia horinha cum um, passava mais meia horinha cum ôtro e a muié se esbaldava toda. Ô muié escrota era Fula minha gente.
Certo dia quem apareceu pelo forró foi Chico Malaquia, câboco fêi mas estribado, que morava pelas banda do Corgo dos Sousa. Ele apareceu lá no forró e viu Fula cum aquele corpão se rebolano pelo mêi do mundo, o câba ficô logo doido. Se impiriquetô no mêi do povo gritando "ô o mêi", "ô o mêi" que eu quero tirar uma prosa é cum essa morenona aí.
Chico Malaquia chegô bem pertim de Fulamunaíma e disse: Ô morena, tu quer quanto pra casar mais eu?. Fula cum ar de disprezo respondeu: Ôxi que eu lá sô muié de ser comprada por hômi ninhum seu câba. Depois de muita cunversa Chico Malaquia conseguiu sentar cum Fula pra eles cunversarem mió.
E num é que a Fula acabô caino nas labia de Chico, ai, ai, muié é bicho que só gosta da cédula mermo. Poisé, chegô na ôtra semana e Chico Malaquia já correu na casa de Fulamunaíma pra pedir a mão dela pra Seu Zé Mangabeira. Seu Zé falô logo: Eu dô sim a mão de minha fía, mas você trate de cuidar bem dela seu câba duma peste, que ela é minha caçula visse. Chico Malaquia correu entaunce pra igreja pra marcar o casório dos dois pombim.
Pois num é que os dois acabaram se casano mermo meu povo. E ainda tiveram dois bacurinzim pra criar, um casal de gêmio óia, um macho e uma fêma. A minina era a cara de Fula, mas o minino num tinha nada a vê cum ninhum dos dois. Chico Malaquia tava todo lesado cum essa história de ser pai, todo orgulhoso o câboco. Mas num é que o tempo foi passano e os bacurinzim foram cresceno, aí Chico Malaquia começô a perceber que os mininu num tinha nada a vê cum ele não, nem no jeito nem na cara.
Certa noite ele chegô pra Fula e perguntô: Ô minha muié, espíi isso aqui, purquiê que nossos fí num se parece nadinha cum eu hein?. E Fula respondeu: Vem cá Chico, tu acha mermo que esses mininu são teu é? O que é que tu acha que eu ia fazer todo sábudo de noite na casa de mãinha. Chico pensô um pôquim e disse: Arriégua, que agora eu percibi tudo Fula, sua fulêrage, tu ia era se esbaldar nos forró da vida né. E Fula disse: Ave, até que fim que tu discubriu né câba lesado. Tudo que eu quiria era só o teu dinhêro módi chifre.
Chico Malaquia ficô puto cum Fula e mandô ela sair da casa dele cuns bacurim que ele tinha criado pensano que era pai. "Você saia da minha casa e nunca mais apareça aqui sua quenga."- disse Chico. Óra, Fula achô foi bom, agora ela tava livre de novo pra ir pros forró sem dá sartisfação pra câba ninhum.
Fulamunaíma voltou a farrear do jeito que queria sem ter macho ninhum pra botar buneco. Fula voltô pros forró e já tava atrás de ôtro lesado pra dá o golpe.
Mas o tempo passô, a Fula invelheceu, no corpão caiu foi tudo e Fula num era mais aquele mulherão, ninguém dava mais nem bola pra Fula. Os mininu crescerum e saíram de casa e Fula, póbizinha, acabô foi na amargura, morano sozinha numa casinha ali pelas banda do Riacho Doce. Sem forró, sem Chico, sem dinheiro, sem fí e agora sem fogo pra queimar também...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Manter contato...

Manter contato com o tato é mais gostoso. Aquela tensão, bem na hora do tesão, são incríveis momentos de paixão. A língua e a boca se confundem, nessa hora do espremido, todo prazer é exprimido. Os lábios tocam toda carne enquanto lá fora o rádio toca a mais perfeita canção. As mãos procuram um abrigo e na briga de carícias, os órgãos pedem penetração. No movimento louco de dois corpos, um copo de champanhe ajuda no momento. No suor que banha os amantes, um banho de perfumes exala no ar. São delícias, são delírios de dois seres que procuram a hora certa de gritar. Sentimentos de alívio e de harmonia envolvem aqueles corpos em sintonia. O contato permanece até o momento em que ambos ajustam o movimento. E quando chegam à mais pura excitação, os corpos desfazem o contato e estão prontos para uma nova situação...

sábado, 8 de novembro de 2008

Cordel - A América para os americanos

Ai meu São Francisco das Chaga de Canindé, num sei o que fazê. Quanto mais eu escrevo, mais vontade dá de escrevê. A cabeça num pára e a vontade também não, o quanto eu tenho pra escrevê num cabe numa oração.
Que São Francisco me perdoe, pois num creio muito nisso não, mas livre-me ele de morrer na terrível lei do cão. "O inferno é escuro e num tem água encanada," já dizia o Seu Baleiro nas suas rica embolada.
O pensamento corre frôxo, mais frôxo corre a palavra, que tem um monte de significado nessa língua abençuada. O purtuguês trôxe a língua, o africano trôxe o batuque, o índio trôxe a comida e pronto nossa diversidade é nosso truque.
Mas um pedaço da nossa terra, a América quer comê. Diacho de povo avarento, em todo canto quer se metê. Sô é brasileiro, chêi de molejo, acabá com a disigualdade, esse é o meu desejo. Com a força e a garra de três povo, desse jeito eu sô mais forte, posso dá em qualquer um dos temido leão do norte.
Que a América seja de todos, não só do americano e que São Francisco num deixe nós entrá é pelo cano. O Obama agora foi eleito, vamo vê o que faz pela gente. O câba deve ser dos bom, mas tem cara de inocente. A minha palavra já foi dita, muito ainda tem pra se dizê. E qual a tua opinião, escreve aí que eu quero vê.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Sem cem

Sem cem não posso contar.
Cem sem um zero é dez.
Sem dois zeros é um.
Cem sem cem é nada.
Sem nada é solidão.
Cem anos de solidão.
Sem anos de alegria.
Sem cem anos não teria guerra anglo-franca.
Sem mortes o homem não se manca.
Cem anos de luto.
Sem anos de luta.
Cem com cem é dois centos.
Cem, cem, cem tenho três centos.
Sem datas à comemorar.
Cem velas à apagar.
Sem velas à navegar.
Sem terras à conquistar.
Sem cem não tem garoupa no papel.
Sem cem não se compra comida.
Sem comida não tem cerimônia.
Cem cerimônias é caro.
Sem cem não tem centena.
Sem centenas não tem mil.
Cem sentenças à julgar.
Sem sentenças à pagar.
Sem penas à cumprir.
Cem penas à voar.
Sem com S é nada.
Cem com C é pouco.
Cem com quatro zeros é milhão.
Sem sensei não há razão.
Sem razão não há conhecimento.
Sem conhecimento não tem nação.
Cem pessoas à reclamar.
Cem pessoas à debater.
Sem ouvidos à ouvir.
Sem cabeças à pensar.
Sem sentido está morto.
Cem sentidos é muito.
Sem sentido não tem militar.
Cem soldados pra miliciar.
Sem medo de amar.
Cem medos do amor.
Sem querer decepcionar.
Sem palavras pra acabar.
Sem cem é isso aqui.
Sem saber cheguei ao fim.

(Janderson Felipe)

Sem muita cerimônia. Pensei, raciocinei, imaginei, desvendei, interpretei, postei, enviei, acabei. "E, se eu escrevesse "SEM" com "S" ou escrevesse "CEM" com "C"? Por acaso faria alguma diferença? Que diferença faria?"...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ameaças reveladoras...

Eu sei viu, não adianta mais me esconder porque eu já descobri tudo. Pensa que eu não sei né, mas eu já sei toda a verdade tá. Eu sei o que você fez no verão passado, no outono passado, no inverno passado e na primavera também. Não adianta mentir, você não me engana mais não. Eu estava sendo muito bonzinho com você, mas agora que sei de tudo eu vou acabar com você.
Todo esse tempo e você nem pra me dizer nada. Deixe quieto que a minha vingança será maligna, a sua hora vai chegar e já está bem pertinho. As suas desculpas não servirão pra nada, vão entrar por um ouvido e sair pelo outro. Pensa que me engana é, mas você não me engana mais não. Agora a história já foi desvendada e toda mentira apareceu.
Venha agora me pedir qualquer coisa pra você vê, eu te dou é uma resposta bem boa. Aff, se faz de amiga pra querer passar por cima da gente. Não, isso não podia ter acontecido não viu. Vou espalhar pra todo mundo o que você fez, ninguém vai mais gostar de você. E experimente só ir falar de mim pro povo, você vai se dá muito é mal.
Ai que ódio que eu estou viu, sei não. Da próxima vez eu quebro a sua cara, sua esculhambada. Tantos anos de amizade, de segredos trocados, pra chegar agora e eu descobrir tudo minha filha. Ai, ai, ai, não era pra você ter feito isso comigo não. Ainda não caiu a ficha ó, eu só num quebro a sua cara porque, porque, porque se não eu vou pra cadeia. Sua cretina, sua malamada, sua mentirosa, todo esse tempo e você me enganou, sua destrambelhada. Aff mulher que tu não devia ter feito isso comigo não sabia. Olha só o meu estado agora, tô passando mal.
"Ai mulher com tanto bofe e tudo bem gatinho por aí, tu foi pegar logo o meu, sua bicha"...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A tristeza do palhaço

O palhaço já não sorri.
O nariz vermelho agora é de tristeza.
A cara pintada está apagando.
Hoje não tem mais marmelada.

A criançada ficou triste.
A pipoca agora é só em casa.
A alegria do menino está desaparecendo.
Hoje não tem mais goiabada.

A lona do circo rasgou.
A fantasia do palhaço também.
O desespero do palhaço está aumentando.
Hoje não tem mais palhaçada.

Agora é só tristeza?
É sim, senhor!
E a tristeza do palhaço por que é?
Porque o ladrão roubou sua mulher!

(Janderson Felipe)

Pobre palhaço, além de perder sua mulher e ganhar sua tristeza, ainda causou a tristeza de muita gente...

sábado, 1 de novembro de 2008

A rosa e a couve-flor...

Certo dia a rosa encontrou-se com a couve-flor e resmungou:
- Mas que petulância, essa aí querendo ser chamada de flor. Flor sou eu, que sou cheirosa, pele bem lisinha e lábios bem vermelhos para serem beijados. Agora essa aí, é feia, gorda, pele áspera, ainda por cima é grande e horrorosa.
A couve-flor sem muita estripulia revidou:
- Vem cá bichinha, tu que pensa que é a "danadona das tapiocas", por acaso alguém te come?
A alface que passava por ali ainda exclamou com veemência:
- Pega na testa, besta!...

Para alguém que será sempre especial na minha vida...

Ainda me lembro

Todos pensam que eu esqueci.

O tempo passou voando,
Porém, continuo lembrando
Dos momentos que vivi.

Parece que foi ontem ao amanhecer.
Ele estava ao meu lado,
Eu era o seu pequeno amado,
Fomos a lagoa conhecer.

Muito cedo ele embarcou.
Foi buscar uma vida melhor,
Mas o destino lhe levou a pior.
E todo um sonho se acabou.

Sinto muito sua falta.
Cresci lembrando de você,
Sonhos também quero viver,
Procurando uma razão mais alta.

Sei que continua ao meu lado.
Estará guiando os meus passos?
Pois já venci muitos embaraços.
De qualquer forma, muito obrigado.

(Janderson Felipe)

"É tão estranho, os bons morrem jovens. Assim parece ser quando me lembro de você, que acabou indo embora cedo demais." É, o tempo voou e a saudade ficou. No começo eu até nem sofri muito com sua falta, talvez porque não entendesse o verdadeiro significado que você faria no meu crescimento, na minha vida. De alguns anos pra cá que realmente sofro sua perda, se nesse momento eu choro é porque não tenho você ao meu lado. Talvez você seria o único a me escutar, o único a saber das minhas angústias, das minhas dores, dos meus segredos. O tempo passou, eu cresci, já sou um "homem feito que tem medo e não consegue dormir", mas somente agora tenho a real necessidade de ter uma figura como você. Os que lhe conheceram falam que as semelhanças são muitas entre nós, tanto no físico como no caráter, todos dizem que somos "gente fina". Pena que não pude lhe conhecer completamente, não deu tempo, pois a vida foi muito cruel conosco. Mas ainda lembro dos poucos, porém lindos, belos, maravilhosos momentos que passamos juntos. Ainda lembro da sua última imagem subindo no avião, está gravado feito fotografia na minha mente, depois daí nunca mais te vi, só escutava a tua voz nos longínquos domingos que você ligava. Podia ter ido dá o último adeus, mas era muito criança e não sabia o significado disso, hoje não sinto arrependimento por não ter ido à igreja, e por isso ainda fica aquela pequena esperança que algum dia ainda vou lhe ver. Esperança essa que só fica na cabeça de sonhadores como eu, que vive a pensar como seria a minha vida se você ainda estivesse aqui ao nosso lado. Essa esperança fica, mais na realidade sei que jamais lhe verei novamente, já não acredito no paraíso depois disso tudo aqui, me restam os maravilhosos momentos que passei ao seu lado. E me entristece lembrar que já faz 15 anos, me entristece saber que passei a maior parte da minha vida sem você. Hoje te agradeço por tudo que você teve que fazer por nós, muito obrigado de alguém que vai lembrar pra sempre de você. Eu acho que nunca te disso isso, mas eu te amo...