"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Catarse...

Sou fortaleza no que diz respeito a enfrentar batalhas mentais, já passei por tanta coisa que tenho certeza que poucas pessoas passariam. Inclusive, já presenciei algumas pessoas definhando devido à falta de força para lidar com esse tipo de batalhas. É mais comum do que a gente pensa, mas diversas pessoas desistem, enfraquecem e até mesmo morrem por não conseguirem enfrentar seus dramas e traumas.
Felizmente eu consigo vivenciar o luto, ele é essencial que seja vivido, porém por pouco tempo. Às vezes dura apenas um dia, quem sabe três, talvez a semana toda, mas o certo é que uma hora ele passa e a felicidade volta. Nessa metamorfose ambulante vital eu vou do inferno ao céu, da desistência à resiliência, da rigidez do asfalto às nuvens de algodão.
Nesse caminho de enfrentamentos eu sou, literalmente, guiado pelo meu pai. Apesar de ele estar tão distante, só eu sei o quanto ele esteve sempre por perto durante esse tempo todo. Logo eu que não sigo nenhuma religião, acabei fazendo dele o meu guia espiritual, o meu ponto de apoio, a minha paz interior.
Acho que foi por causa dele que eu nunca fui atrás de experimentar as pequenas falsas felicidades da vida como: beber, cheirar, fumar ou coisas do tipo, isso nunca me interessou. Talvez por causa dele eu sempre procurei seguir o rumo certo, mesmo sem ter ninguém presente para me orientar.
A verdadeira felicidade eu sinto em pequenas outras coisas do dia-a-dia como: sentir uma brisa de mar sentado na areia da praia, mergulhar na infinitude do mar, estar de chamego com alguém, praticar um esporte, jogar um vídeo game, assistir a um filme, batucar num tambor, tocar meu violão, ouvir uma boa música, escrever este texto, sorrir da brincadeira das crianças, ensinar meus alunos, aprender a andar de bicicleta aos 33, isso sim são momentos felizes.
E nisso tudo o que não me falta é esperança. Mas esperança de que? Nem eu sei, só esperança de que o dia de amanhã será melhor do que o dia que já passou. Esperança de que uma hora os momentos felizes serão mais frequentes do que os traumas. Esperança de que a minha fortaleza seguirá vencendo minhas batalhas mentais.
CATARSE...



quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Eu vou andar pela mata


Eu vou, eu vou
Eu vou andar pela mata
Eu vou, eu vou
Eu vou andar pela mata
 
Eu vou andar pela mata
Seguindo as pegadas de Exu
Eu vou andar pela mata
Com Caboclo Sete Flechas, Oxóssi, Omulu
 
Eu vou, eu vou
Eu vou andar pela mata
Eu vou, eu vou
Eu vou andar pela mata
 
Eu vou andar pela mata
Não importa se ela é fechada
Supero qualquer encruzilhada
Com Exu andando ao meu lado
Eu topo e enfrento toda parada
 
Eu vou, eu vou
Eu vou andar pela mata
Eu vou, eu vou
Eu vou andar pela mata
 
Eu vou andar pela mata
No passo dessa batucada
Eu sei que ela é sagrada
Com Sete Flechas andando ao meu lado
Eu vou na mandiga e soltando flechada
 
Eu vou, eu vou
Eu vou andar pela mata
Eu vou, eu vou
Eu vou andar pela mata
 
Eu vou andar pela mata
Sigo Oxóssi e vou na caçada
De manhã até de madrugada
Com Omulu andando ao meu lado
Eu venço a ferida, ela fica curada

(Janderson Oliveira)

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

A corda...

A gente começa com uma corda curta, que é capaz de deixar um bem coladinho ao outro, bem juntinho mesmo, um com o coração encostado no coração do outro. Aos poucos essa corda vai se esticando, o outro vai se afastando, mas você vai segurando cada vez mais forte para não desprender do outro. Independente de quão forte você segure essa corda, o que você mais quer na verdade é manter o controle sobre o outro. Toda a falta de coragem em soltar a corda deve estar associada ao medo de perder. Com isso, você continua ali segurando e observando até que ponto o outro é capaz de esticar a corda.
Ei, acorda! Olha, ele já vai bem longe, mas daqui acho que ele ainda está segurando a mesma corda. Ei, acorda! Vou lá ver como ele está, mas chego lá e vejo que há muito a corda já está solta no chão, só restaram as pegadas. Ei, acorda! À toa eu estava segurando a corda com a mesma força de quando ela era curta. Às vezes, segurar machuca mais que deixar ir...