"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Ode ao Sol


O Sol que queima nossas cabeças
É o mesmo para todos,
Mas a água que mata a sede
É privilégio para poucos.

Queima a cara,
Racha a cuca,
Envelhece a pele
E desfigura.

Mas é um ser primordial
Que fez crescer vida neste local.
Mas é um deus fundamental,
Responsável por cada planta e cada animal.

Supremo Senhor Sol
Que um dia foi Hélio e Apolo,
Por mais que queime a cara,
Eu ainda te adoro.
 
Deixa o Sol arder na cara
E sente toda a energia,
Pois ele é a fonte de vida
Que aquece e contagia.

Ele vai jogar sua luz em nós
Como se fôssemos seu espelho.
Não importa a cor que apareça
Seja laranja, amarelo ou vermelho.

Na beleza do amanhecer
Ou no cair da tarde,
Siga sempre brilhando
Com a sua intensidade.

Sol Senhor Supremo,
Eu que sou imperfeita criação,
Seguirei a cada dia contemplando
Toda a sua imensa perfeição.
                                       (Janderson Oliveira)

domingo, 5 de outubro de 2014

Minha Casa...


A mesma e única casa, era uma casa muito engraçada, pois tinha teto e tudo que mais nela precisava, além disso, todos podiam entrar nela sim, pois era feita com muito esmero, na rua da igreja, número 14. Não era "A Casa" famosa como de Natércia Campos, mas era a casa da qual guardo muitas lembranças afetivas. 
É a casa do vô e da vó, aquela que escolheram ficar definitivamente depois de terem vindo do interior, a mesma com tantas boas e más histórias, onde um dia já morou toda a família e por onde passou tanta gente. Legal pensar que meu pai também morou lá com todos seus irmãos e irmãs, a mesma casa onde cresci, vivi e vi passarem tantos primos e amigos. 
A mesma casa onde descobri segredos de meu corpo e do corpo de outra pessoa, a casa onde derramei tantas lágrimas e criei tantos risos. A casa que ficou lotada na perda de meu pai e de minha bisavó é a mesma casa que já ficou lotada em tantos aniversários e outras festas. A casa onde hoje vemos meu avô definhar é a mesma casa onde já vimos nascer tantos entes da família. A casa onde já passei uma virada de ano sozinho é a mesma casa onde já celebramos os meus diversos aniversários, as minhas aprovações, a minha formatura, o meu casamento.
Ainda tenho lembranças de como era a casa antigamente, antes da grande reforma, com um portão grande à frente e uma antessala, depois da reforma o portão ficou ainda maior, a casa cresceu também para cima e por causa daquela escada giratória hoje tenho panturrilhas bem definidas. Também posso dizer que ajudei na reforma da casa carregando cimento e tijolos para onde fosse preciso.
A casa onde morei por mais de 20 anos e sei que sempre posso voltar, por mais que eu tenha saído há algum tempo, eu sei que é "a mesma e única casa, a casa onde eu sempre morei"...

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Universo Particular

No meu universo tão particular
Eu não penso como a maioria
Eu não sou como você queria
No meu universo tão particular
Eu tenho tanto a te falar
No meu mundo tão singular
Eu tenho tanto a te perguntar

O que é mais importante?
O livro sagrado de qualquer religião
Ou a poesia do meu refrão?
Será a força da bomba atômica
Ou será a tolice da minha crônica?

O que é mais contraditório?
A guerra pela paz a cada dia
Ou a luta pelo pão de cada dia?
Será a alegria no silêncio
Ou será a voz que canta o que penso?

O que é mais enigmático?
O sorriso de Da Vinci
Ou a orelha de Van Gogh?
Serão os dois olhos de Picasso
Ou será o meu próprio fracasso?

O que é mais importante?
A Divina Comédia de Dante
Ou a poesia de Cervantes?
Será o que ainda virá adiante
Ou será tudo aquilo que eu fiz antes?

Enquanto tudo isso passa eu penso
Que toda madrugada eu acordo
E vejo as luzes que brilham lá fora
Enquanto tudo está escuro aqui dentro
No vazio do meu apartamento
No meu universo tão particular
Eu observo toda cidade
Mas ninguém traz minha felicidade

terça-feira, 29 de julho de 2014

3650 dias

Há 3650 dias
Eu tinha 16 e ela 15 anos
E foi num momento assim, de repente,
Que nós dois nos beijamos.
Desde aquele dia a gente insistiu em ficar
E até hoje nós ainda ficamos.
Entre tangos e tragédias,
Entre dramas e comédias,
Nós seguimos com nossa interação,
Ou melhor, com nossa amável contradição.
Onde nosso caso não tem solução,
Pois eu sou sentimento e você é razão.
Entre risos e lágrimas,
Entre vitórias e lástimas,
Desde o começo vou traduzindo sentimentos em palavras,
Descobrindo desenho em nuvens,
Te contando meus pesadelos
E até minhas coisas fúteis.
Mas nosso amor já amadureceu
E eu posso para todo mundo gritar
Que todos os caminhos me levam ao mesmo lugar.
É o meu esconderijo, o meu altar,
Sempre volto para casa, para o meu lar.
E agora já posso com todas palavras dizer,
Depois de tanto tempo, eu só tenho você.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sobre a Copa e muchas otras cositas más...

"Pois com Copa ou sem a Copa o Brasil é a mesma merda e o problema é que a gente não muda e além da Copa a culpa é nossa que só cobra na última hora quando percebe que o país tá na fossa. E depois que acabar a Copa qual será a sua atitude, vai votar em qualquer um novamente e torcer pra que de repente o país mude?"


Faz mais de 20 anos que esperava muito por duas coisas no meu país, a primeira era a Copa do Mundo de futebol, a outra era uma "revolta popular" contra nossos governantes e todos os males que eles geram.
Estava a pensar o porquê que gosto tanto de esportes, apesar de nunca ter sido nenhum grande atleta, e tive um "jogo da memória" que me fez relembrar os momentos mais distantes onde me emocionei com o esporte em minha vida. Com certeza o mais antigo remonta às Olimpíadas de 1992, em Barcelona, quando no jogo final de voleibol masculino o Brasil venceu a Holanda, ganhando sua primeira medalha de ouro após um ace de Marcelo Negão, são lembranças pouco nítidas, mas bem emocionantes. A lembrança seguinte é da vitória de Ayrton Senna, ainda hoje o exemplo de atleta que mais me emociona, na corrida de Interlagos em 1993 quando no final a torcida invadiu a pista e lhe consagrou. O ano de 1994 também me marcou no esporte, primeiro pela trágica curva que levou Senna à morte, mas também pelo sofrimento daqueles pênaltis da final da Copa entre Brasil e Itália que nos levou ao TETRA.
E a partir daí o gosto por esse tal de futebol só fez crescer, com certeza muito influenciado pela mídia, como a maioria das pessoas, mas também por algo inexplicável que esse esporte proporciona, talvez um sentimento primitivo que remonta às guerras? Sim, não só o futebol, mas a maior parte dos esportes são alegorias da guerra, onde torcemos por um exército que nos representa. Ainda bem que agora são guerras regulamentadas, onde esquemas táticos avançam o campo adversário com o intuito de bombardear a meta do inimigo, talvez esse seja o sentimento que nos liga tanto ao esporte, ao futebol, não podemos ir à guerra, mas torcemos para quem se arrisca a ir. Pena que as guerras de verdade ainda existam por aí, russos x ucranianos, palestinos x israelenses, torcida x torcida, seres humanos x seres humanos. E lembro de Renato Russo que pedia em vão: "não deixe a guerra começar".
Por outro lado, desde 1992 esperava uma pressão social para cima de nossos políticos, lembro alguma coisa daqueles chamados Caras Pintadas que levaram nosso "querido" Fernando Collor ao impeachment. Depois disso veio o Itamar Franco tentando melhorar a inflação até chegar FHC para nos dar esperança com o Plano Real (ainda me admiro que um dia R$ 1 valeu igual a US$1), mas que em pouco tempo desmorou tudo de novo e lascou ainda mais quando vendeu nossa segunda maior empresa estatal, a Vale do Rio Doce. Após essas coisas eu vibrei com a eleição de Lula (ah como eu vibrei), enfim a esquerda chegava ao poder, era a hora da virada no país, viva o Fome Zero, viva o Bolsa Família, mas percebi que tudo não passou de assistencialismo paternalista que segue agora com a "ex-revolucionária" Dilma que tenta diminuir o atraso com a população negra, menos abastecida, através de cotas e bolsas de estudo, mas isso tudo são só meus devaneios de mais de 20 anos.
Desde aquele tempo só fui percebendo que nossa política é horrível, realmente cheia de corruptos que acabam influenciando inconscientemente a todos nós, nos tornarmos pequenos corruptos do dia-a-dia. Somos todos hipócritas e corruptos, brasileiros oportunistas que só cobram quando bem nos convém. Desde aquele tempo esperava por manifestações populares e elas vieram de forma linda ano passado, era o povo pedindo melhoras em todas as áreas, era o povo invadindo novamente o Congresso Nacional, era o povo mostrando sua cara, mas só até os vândalos aparecerem com mais força e, na minha opinião, acabarem com a legitimidade dos protestos. Acredito que eles levaram o gigante a dormir novamente, tanto que nesse ano pouquíssimas pessoas voltaram às ruas para protestarem.

"Do lado do campo está o Sistema jogando contra o time do Povo que tem um atacante chamado Gigante que já se cansou e foi pro banco de novo"...

E depois de tudo isso eu fui participar de quê? Fui para a Copa levando meu protesto através de frases em camisas, era um protesto calado mas que acredito que tenha sido mais legítimo do que os de muitos que foram às ruas. Via sempre olhos buscando o que tinha escrito na minha camisa, algumas pessoas até me pediram para eu parar e elas lerem minhas frases.
Mas agora a Copa já acabou, nosso time decepcionou, mas acredito que valeu a pena ter participado do evento, não acho que tenha sido a "Copa das Copas" como a mídia insiste em chamar, mas foi um grande evento nem mesmo por conta da infraestrutura criada, nem mesmo por causa dos bons jogos, mas por causa sim da receptividade e hospitalidade do nosso povo que insiste em fazer festa em tudo e acabou contagiando aqueles que vieram de fora. O povo que se corrompe é o mesmo que fez o evento se tornar tão grandioso aos olhos de quem vê de fora.
Acredito que a falta de uma boa educação não é culpa da Copa, mas culpa de maus gestores que nós mesmos escolhemos. A Copa custou (R$ 25,8 bilhões) o equivalente a um mês do que é investido em educação por ano (R$ 280 bilhões), ou seja, existe o dinheiro para a educação, mas onde ele vai parar? Por quais mãos passa esse dinheiro que não chega na escola onde eu trabalho? Por quê cobriram 12 estádios de forma sensacional, mas não cobrem uma pequena quadra onde leciono sob o sol arrasador do Ceará, se a educação recebe bem mais dinheiro do que aquele investido na Copa? Não, a culpa não é da Copa, mas de políticos corruptos que seguem enfiando dinheiro em bolsas, malas, cuecas, contas multimilionárias que não sabemos onde estão abertas.
E não acredito que começaremos uma nova era ou que faremos uma mudança a partir de outubro, nas urnas, até porque não acredito que tenhamos candidatos honestos para fazerem diferente daquilo que foi feito nos últimos 20 anos. A mudança não começa neles, mas sim em cada um de nós...

quinta-feira, 1 de maio de 2014

20 anos sem Ayrton Senna...



Poucos de vocês devem ter visto alguma corrida de Ayrton Senna, para mim ele não foi só o melhor piloto de Fórmula 1 que eu já vi, mas o melhor esportista brasileiro. Posso dizer que para mim ele é o verdadeiro e único ídolo do esporte que eu tive, por causa dele essa minha paixão por esportes nasceu desde criança e me levou a ser o que eu sou hoje.
Um piloto que sempre buscava a perfeição e quase sempre conseguia, numa época em que os carros de F-1 dependiam muito mais do braço do piloto, sem tantos automatismos dos dias de hoje. Numa época difícil em minha vida, eram nas manhãs de domingo que Senna me trazia muitas emoções, manhãs que eu saía correndo da igreja para poder assistir a largada das corridas. E no final a vitória era dele, Ayrton Senna do Brasil e vinha aquela musiquinha e um fiscal lhe dava a bandeira do Brasil para ele dar uma última volta mostrando para todos de onde ele tinha vindo.
Até que há exatos 20 anos veio a batida fatal, numa reta de um circuito na Itália o meu ídolo iria embora para sempre e o meu café da manhã de domingo ficaria lá no prato sem ser comido, a comoção foi instantânea e mais uma grande perda aconteceu em pouco tempo...

sábado, 29 de março de 2014

Ganhamos as luzes, perdemos as estrelas...

Há muitos e muitos anos as dúvidas, as questões, os problemas de nossa espécie eram puramente naturais, as perguntas estavam nas coisas da natureza e cabia a nós observarmos, estudarmos e resolvermos tais problemas. 
As estrelas estão paradas no céu? Nosso planeta gira ao redor do sol? Somos feitos de quê? Qual a menor partícula que nos compõe? Estas são perguntas que foram e seguem sendo respondidas, no entanto, outros tipos de questões assumiram o "poder". Hoje em dia tiramos a natureza do centro de tudo e colocamos nós mesmos, nos preocupamos muito mais com perguntas e problemas pessoais referentes ao trabalho. Nossa maior preocupação hoje é o estresse que nos consome, que pena, perdemos o dom de olhar a natureza e divagarmos em dúvidas que depois nos levariam à certeza.
Hoje a ânsia pela produção, pelo prazo, por entregar as coisas em dia, nos fez esquecer de apreciar o céu, por exemplo. Antigamente era comum as pessoas por si só entenderem coisas básicas como identificar as constelações, os movimentos dos planetas, as estações do ano, atualmente não conseguimos nem saber onde vai estar a lua que é o astro mais próximo de nós.
Incrível a capacidade de nós seres humanos evoluirmos e transformarmos tudo ao nosso redor, mexer em tudo que nos cerca. Nossa evolução nos trouxe ganhos incríveis, mas nos fez esquecer o básico, apagou da nossa mente o essencial, o continuar nos perguntando de onde viemos. Com nossa evolução vieram as luzes das cidades e as estrelas se apagaram, em uma grande cidade, com dificuldade, ainda podemos ver apenas aquelas estrelas mais brilhantes que estão sempre lá para nos mostrar o quão fortes e enérgicas elas são e nos fazer lembrar que apesar de tão magnífico, nosso sol não passa de um anão em meio há tantos outros astros que estão perdidos por aí no céu.
Talvez as 40000 humanidades que nos antecederam foram mais felizes em descobrirem por eles mesmos diversos segredos do universo, tiveram a oportunidade de apreciar o seu meio, o seu lar nada mais era do que toda a Terra, com um imenso céu noturno cheio de estrelas que lhes serviam como cobertor. 
Com a Revolução Industrial e a nossa consequente evolução passamos a nos ater cada vez mais em livros, em ambientes fechados, sem acesso à natureza natural. Nossa natureza agora é artificial, criada por nós mesmos, com fogueiras modernas que chamamos de TV, mas que insistimos em deixá-la ligada por muito tempo sem nem dar a mínima importância pelo que está passando nela. Ficamos cada vez mais preguiçosos e esperando que os outros descubram as coisas por nós, depois apenas damos um "google it" e temos lá facilmente toda a informação que nós mesmos poderíamos ter produzido. Antigamente era comum uma única pessoa entender sobre diversos assuntos como poesia, teatro, música, física, astronomia, atualmente nos tornamos tão especializados que se buscarmos informações em áreas que não atuamos nos criticam logo perguntando: "pra quê tu quer saber disso aí?". Talvez esse seja o preço a se pagar por tudo de bom que se veio com tal Revolução, uma evolução que nem sempre leva para coisas boas.
E se transformarmos esse imenso período de tempo de tudo que existe, pegarmos os 13,8 bilhões de anos de surgimento do universo e jogar em um ano cósmico, nós como seres humanos só teríamos nascido nos últimos segundos do dia 31 de dezembro deste ano, e mesmo assim, toda a história de nossos antepassados, das pessoas que viveram na Idade da Pedra, dos exploradores da natureza, dos observadores de céus limpos, ainda será muito maior do que a história que veio após toda a Revolução que ainda estamos vivendo até hoje. 
Nascemos há pouco tempo e só estamos começando a engatinhar para conseguir entender todo cosmos e tudo que nele existe. No entanto, tantos e tantos mistérios ainda existem, talvez lá habite o cara que muitos insistem em chamar de Deus. Enquanto isso eu sigo a me perguntar, conseguiremos algum dia revelar todo mistério e apertar a mão de Deus?...

terça-feira, 11 de março de 2014

George e o Segredo do Universo...


"- Sabem - prosseguiu George -, eu tive realmente muita sorte. Encontrei uma chave secreta que abriu o universo para mim. Com essa chave secreta eu pude descobrir tudo sobre o universo que nos rodeia. E portanto eu gostaria de compartilhar com vocês um pouco desses conhecimentos. Eles dizem respeito à nossa origem: o que nos formou, o que formou o nosso planeta, o nosso Sistema Solar, a nossa galáxia, o nosso universo, e também dizem respeito ao nosso futuro. Para onde vamos? E o que precisamos fazer para sobreviver séculos no futuro? Quero falar sobre isso porque a ciência é realmente importante. Sem ela não compreendemos coisa alguma, e, assim, como poderemos agir certo e tomar boas decisões? Algumas pessoas acham que a ciência é maçante, outras acham que é perigosa, mas, se não nos interessarmos pela ciência, se não a aprendermos nem a usarmos corretamente, talvez então ela seja tudo isso. Porém se tentarmos compreendê-la, veremos que é fascinante e que diz respeito a nós e ao futuro do nosso planeta.
[...]
- Há bilhões de anos havia nuvens de gás e poeira vagueando pelo espaço cósmico. De início essas nuvens eram muito dispersas e espalhadas. Mas, com o passar do tempo e com a ajuda da gravidade, elas começaram a encolher e a se tornar cada vez mais densas...
George prosseguiu:
- E então vocês podem perguntar: e daí? O que uma nuvem de poeira tem a ver conosco? Por que nos importarmos com o que aconteceu há bilhões de anos no espaço cósmico? Por que precisamos saber isso? Nos interessa? Bem, interessam, sim, porque aquela nuvem de poeira é a razão de estarmos hoje aqui. Agora sabemos que as estrelas são formadas de gigantescas nuvens de gás no espaço cósmico. Algumas dessas estrelas terminam as suas vidas se transformando em buracos negros que lentamente, muito lentamente, deixam escapar objetos, até desaparecerem numa enorme explosão. Outras estrelas explodem antes de se tornarem buracos negros e enviam ao espaço toda a matéria que têm no interior. Sabemos que todos os elementos de que somos formados foram criados no ventre dessas estrelas que explodiram há muito tempo. As pessoas da Terra, os animais, as plantas, as pedras, o ar e os oceanos são formados de elementos forjados dentro das estrelas. Independentemente das nossas crenças, somos todos filhos das estrelas. E a Natureza demorou bilhões e bilhões de anos para nos formar a partir desses elementos. 
George fez um segundo de pausa.
- Portanto, como vêem, demorou um tempo incrivelmente longo para nos formar e formar o nosso planeta. E o nosso planeta não é como qualquer outro planeta do Sistema Solar. Há uns maiores e mais impressionantes, porém nenhum nos serve de lar. Vênus, por exemplo, é quente demais. Em Mercúrio um dia dura cinqüenta e nove dos nossos dias aqui na Terra. Imaginem só se um dia na escola durasse cinqüenta e nove! Seria horrível.
[...]
- O nosso planeta é admirável, e é nosso - resumiu. - Pertencemos a ele, e todos nós somos feitos das mesmas substâncias que o próprio planeta. Precisamos, de fato, cuidar dele. Há anos o meu pai vem dizendo isso, e eu apenas me sentia envergonhado. Só percebia que ele era muito diferente dos outros pais. Mas agora não me sinto mais assim: ele está certo em dizer que nós devemos parar de maltratar a Terra. E está certo em dizer que todos nós podemos nos esforçar um pouco mais. Agora eu me sinto orgulhoso por ele querer proteger algo tão único e belo como a Terra. Porém todos nós precisamos nos unir, ou nada disso funcionará e o nosso adorável planeta será destruído. Naturalmente, também podemos nos esforçar para descobrir outro planeta para vivermos, mas não vai ser fácil. Sabemos que não existe nenhum perto de nós. Portanto, se existe outra Terra lá no espaço, e pode existir, está muito, muito longe. É excitante tentar descobrir novos planetas e novos mundos no universo. Mas não quer dizer que a nossa casa não seja o lugar para onde queremos voltar. Precisamos ter certeza de que daqui a cem anos ainda poderemos retornar à Terra. E então vocês devem estar querendo saber como aprendi tudo isso. Bem, a outra coisa que eu queria lhes dizer é que para descobrirem o universo e ajudarem a Terra vocês não precisam encontrar uma chave secreta de verdade, como me aconteceu. Existe uma que todos podem usar, se aprenderem. Chama-se Física. Basta isso para entendermos o universo à nossa volta. Obrigado!"...
(George e o Segredo do Universo - Lucy & Stephen Hawking)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O céu do dia em que eu nasci...


Eram vinte e uma horas e quarenta e cinco minutos do dia vinte de fevereiro de mil novecentos e oitenta e oito, o céu do dia em que eu nasci estava com o formoso Sol brilhando na constelação de Aquário e com a Lua nova quase que beijando Vênus na constelação de Peixes, todos sendo observados pelo imponente Júpiter. Mais além, Mercúrio observava um fato curioso, Marte, Saturno e Urano andavam de mãos dadas pelas bandas da constelação de Sagitário, pareciam três amigos se divertindo num parque em um dia de sábado. Netuno estava também por aqueles lados procurando se juntar aos amigos e lá distante o solitário Plutão (que ainda era considerado um planeta) só observava toda essa maquinaria universal se movendo.
Enquanto isso, um bebê nascia aqui na nossa amada mãe Terra e olhava pela janela da maternidade para o lado do nascente, mas, infelizmente, todos esses astros que foram citados já estavam dormindo, pois já era noite, ele só conseguiu ver um formoso Leão que já estava alto no céu. Mas não teve problema, aquele bebê teria toda uma vida para observar e aprender sobre todos os astros que a partir de um momento de sua vida ele passou a amar e admirar cada vez mais.
E o que toda essa maquinaria universal tem a ver com o que eu sou hoje? Nada, nada, nada. Acredito que os astros não dizem nada sobre a personalidade de ninguém, mas dizem tudo sobre a criação e origem de todos nós, afinal, viemos todos lá de cima. Astrologia X Astronomia, isso tudo é uma outra história.
E o bebê cresceu e há cinco anos escrevia aqui no blog um texto chamado "Cheguei aos 21..." e falava sobre o terceiro passo dado na sua vida, me referia a adultez que chegava de vez. Incrível como o tempo de cinco anos hoje é totalmente diferente do tempo de cinco anos de quando éramos crianças, naquele tempo demorava séculos para se passar cinco anos, hoje em dia cinco anos foram apenas um piscar de olhos.
Pisquei os olhos, me olhei no espelho e percebi um rosto mais marcado com rugas, mais castigado pelo sol, com mais espaços vazios entre os cabelos, mas se pensa que vou me lamentar por isso, pelo contrário, me sinto orgulhoso pelo tempo e experiência que ele me deu. Como é bom se ter experiência, como é bom cometer erros para aprender com eles e até mesmo continuar errando com eles, toda uma vida se passa e se evolui. E evolução de forma alguma quer dizer melhora, evolução significa se transformar, aprender mais sobre si mesmo com o tempo.
Apesar do tempo ter passado, das experiências terem aparecido, ainda me sinto com a cabeça de um adolescente, com poucas pitadas de adulto. Porque como é chato ser adulto, como adultos são chatos. Seus problemas viram causas impossíveis, prefiro ficar com o eterno sonho adolescente de que a vida vai ser do jeito que eu quero, e ela vai ser mesmo. E que venham os cabelos brancos, mas continue o espírito jovem.
E há cinco anos eu também escrevia sobre "Quando eu crescer...", que falava sobre possíveis profissões que eu queria ter. A profissão atual que me sustenta é realmente a de professor de Educação Física, que me faz feliz, mas que não penso muito sobre ela, sobre como eu atuo. É aquela coisa, quando se passa a fazer algo todos os dias, a coisa passa a ficar automática, você esquece de pensar sobre ela. Com isso, me deixei levar por tantas outras coisas que muito me interessam e podem até virar uma "profissão oficial" no futuro.
Hoje, por exemplo, já me sinto mais um músico do que há cinco anos atrás, ainda não sou um violonista exemplar, mas dá pras pessoas me ouvirem sem problema e já fiz algumas apresentações e até um show que foi uma das melhores coisas que já fiz na vida. Também me deixo levar pela escrita, poesia e filosofia, tá tudo interligado, uma coisa puxa outra, tudo se encaixa, minha ânsia por escrever, por demonstrar meus pensamentos em palavras escritas continua, mesmo sendo tudo isso uma eterna vã filosofia. E mais recentemente me achei definitivamente não como astronauta, mas como astrônomo, e com isso me completo em minhas questões, descubro que Deus na verdade é o próprio cosmos e tudo que nele existe ou como dizem Os Mutantes, eu posso até mesmo "pensar que Deus sou eu".
Enfim, hoje/ontem cheguei aos 26 e já se foi metade deste terceiro passo da minha vida. Que venham mais anos para eu continuar aprendendo com os outros, comigo mesmo, com os detalhes da vida. E como dizem os astrônomos numa forma de saudação e de coisas boas "céus limpos para vocês!"...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O Fascínio do Universo...


"Não somos nem o ápice nem o final da evolução, somos apenas uma espécie transitória. 
[...] 
Daqui a cinco bilhões de ano, o Sol inchará em forma de gigante vermelha, expelindo uma bela nebulosa planetária enquanto seu cadáver se contrai numa bola escura, milhões de vezes mais densa que o ferro. Impulsionado pela energia escura, o universo continuará expandindo-se de forma acelerada, ficando cada vez mais rarefeito, frio e escuro.
Neste universo em que os próprios astros são transitórios, a humanidade não é mais que um brevíssimo capítulo. Embora microscópica no tempo e no espaço, é ela quem conta essa grande história."
(O Fascínio do Universo, organizado por Augusto Damineli e João Steiner)

E cada vez que leio mais sobre Astronomia, cada vez mais me afasto das crenças e valores religiosos, cada vez mais tenho fé na ciência. É o momento em que diversas questões da minha vã filosofia passam a ser respondidas, questões estas não só minhas, mas de toda a humanidade, durante toda a sua história.
Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? Na encruzilhada que separa a filosofia da ciência e a ciência da religião, é lá que eu me encontro, me respondo tais questões. E está tudo lá no alto, no infinito, viemos das estrelas e nossa principal estrela num futuro distante nos levará.
E cada vez mais acredito no inusitado acaso que formou tudo que existe, a Grande Explosão que deu origem a tudo, cada vez mais nos vejo quão pequenos e passageiros somos todos nós de nossa espécie, cada vez mais vejo que somos apenas um acaso da evolução.
Até agora somos apenas 200 mil anos de uma breve história que valeu a pena de ser vivida, contada e, principalmente, de ter descoberto tudo isso de que conhecemos hoje, são o passado e o futuro presentes em nós mesmos. E quantas mais questões filosóficas, científicas ou religiosas serão levantadas? Que venham todas para que a gente consiga respondê-las. Mas até quando? Até mais 5 bilhões de anos talvez.
E "quando o segundo sol chegar para realinhar as órbitas dos planetas, derrubando com assombro exemplar o que os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa", infelizmente, acredito que não terá havido tempo para outro sol, pois já terá ocorrido "o fim da aventura humana na Terra"...

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Duo

Eu tô tão estranho
Que nem sei mais se seus olhos são castanhos.
Eu tô tão irado
Que já me sinto muito cansado.

Eu tô me afastando para poder ficar mais perto.
Eu tô fazendo o errado para depois fazer o certo.
Eu tô bem de baixo para poder subir.
Eu tô te explicando para te confundir.

Eu tô lá em cima para poder te ver.
Eu tô te confundindo para te esclarecer.
Eu tô imitando o seu tom.
Eu tô tentando saber o que é bom.

Por isso eu vou me perder por aí no escuro,
Visitar as luas de Júpiter e os anéis de Saturno.
Por isso eu vou viajar por aí na escuridão,
Puxar as barbas de Netuno e também as de Plutão.

E eu vou andando de mãos dadas com a sorte,
Sendo feliz com a vida e tendo pena da morte.
E eu vou fugindo para o alto das colinas,
Esperando um menino nascer ou talvez uma menina.

Mas nessa vida, ninguém sabe o que vai acontecer
Até que aquilo aconteça.
Às vezes é tarde demais
Para que a felicidade floresça.

Mas nessa vida, quem você acha que vai ficar só um instante
Acaba ficando para a vida inteira.
E quem você acha que vai ficar para sempre,
Já se foi há muito tempo sem dar bandeira.

(Janderson Oliveira)

"Eu tô te explicando pra te confundir. Eu tô te confundindo pra te esclarecer", e o seu Tom Zé sempre inspirando as minhas loucuras...

domingo, 26 de janeiro de 2014

O homem

Vi ontem um homem
Na imensidão do planeta
Derrubando árvores e matando gente.

Quando achava algo que o superasse,
Não examinava nem pensava:
Destruía com voracidade.

O homem não queria a paz,
Não queria o bem,
Não queria o amor.

O homem, meu Deus, era um bicho.


(Janderson Oliveira)

*Paráfrase do poema "O bicho" de Manuel Bandeira...

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Humano demais, divino de menos...

"Vou subir o monte, o Monte Olímpia, 
a morada dos deuses, a morada dos loucos."
(O Monte Olímpia - Zé Ramalho)

Busquei a grandeza de Eros, mas caí nas terríveis garras de Thanatos. Busquei a doçura de Perséfone, mas fui levado ao submundo por Hades. Poderia ser heróico como Hércules, mas doze trabalhos foram demais para mim. Poderia ter a braveza de Perseu, mas me admirei com os olhos da Medusa. Queria ter a força de Heitor, mas me deixei levar pela beleza de Helena. Queria ter a coragem de Aquiles, mas deixamos o calcanhar exposto. 
Descobri que Hera não era minha mãe, Zeus não era meu pai. Apolo e Atena não eram meus irmãos, Poseidon não era meu tio. Hermes não me anunciou, Pégaso não me levou a lugar nenhum. Me descobri na minha "Divina Comédia Humana onde nada é eterno", nada de perfeição, nada de divino, não sou semideus, muito menos um deus, somente um mero mortal. 
Pelo menos posso observar muitos deles hoje à noite, lá em cima no firmamento, disfarçados em constelações. Pelo menos posso lembrar que agora tenho um pedacinho deles em mim, pois um dia já fui estrela que caiu feito lágrima e hoje me tornei humano demais, divino de menos...

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Humano, demasiado humano...


Humano, demasiado humano é ser tão bom para uns, mas ao mesmo tempo ser tão ruim para outros. A mão que afaga é a mesma que apedreja. E dizer palavras que podem levar um pouco de alegria para uma pessoa, mas ver que são as mesmas que levam total tristeza para outra. Dois pesos, duas medidas. 
Humano, demasiado humano é procurar fazer o bem ao próximo, mas esquecer que isso leva o mal para outros. Uma faca de dois gumes. E dizer palavras para fortificar alguém, mas não perceber o sofrimento de outro alguém. "Ascensão e queda são dois lados da mesma moeda".
Humano, demasiado humano é tentar ser altruísta ao máximo, mas descobrir o seu imenso egoísmo exacerbado. "Ver além da máscara". E dizer palavras aconselhadoras para quem está distante, mas não lembrar de dizer palavras de amor para quem está perto. O preço que se paga.
Humano, demasiado humano é passar toda uma tarde refletindo, sem querer ver e nem falar com ninguém, esperando o sol se pôr para ter coragem de olhar para si mesmo e aceitar a verdade. É cair aos prantos até a última lágrima e passar pela experiência incrível de sentir o corpo todo adormecer e quase desabar em um enorme vazio.
Humano, demasiado humano é tentar entender sua própria cabeça, seu próprio intelecto, sua própria razão e não conseguir. É ter alguém amável/admirável para te trazer as palavras certas que você queria dizer e descobrir que é esse alguém que te conhece de verdade e está disposto a te ajudar.
Humano, demasiado humano é seguir buscando equilibrar suas ações para não deixar mais ninguém sofrer. É descobrir que não se vai longe sem ter outros humanos ao lado para te auxiliar nessa longa estrada que insistem em chamar de vida...