"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

domingo, 16 de abril de 2023

Antes de tudo... Fortaleza

 


Três borboletas brancas
Cruzaram o meu caminho
E me fizeram lembrar
Como é bom estar sozinho
 
Andando e desbravando
Esse mundo de meu Deus
Mesmo sem esquecer
Onde eu deixei os meus
 
Tanta gente que passa
E ajuda um caminheiro
É tanta coisa boa
Que não se paga com dinheiro
 
É um sorriso na cara
É uma palavra amiga
É um abraço apertado
Que manda pra longe a fadiga
 
Do alto daquele morro
Lá onde tem um cruzeiro
Se canta um samba de coco
Me faz sentir brasileiro
 
Do alto daquele monte
Se vê o nascer e o pôr do sol
É tanta gente que aplaude
Ao final do lindo arrebol
 
São duas semanas andando
Esbarrando em tanta beleza
Mas na cabeça só se pensa
Antes de tudo... Fortaleza

(Janderson Oliveira)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

O meu corpo baila...

Foto: Bruna Marques (@brunamarques.photo)

O meu corpo baila
Ao som de tambores
Agogôs, maracás e agbês
 
O meu corpo baila
Ele anseia pelo toque
Pelo som, pelo ritmo
 
Toque pra Iansã
Toque pra Oxum
Toque pra Nanã
Toque pra Ogum
 
Toque, toca, me toca
Me envolve, me completa
Me liberta
 
O meu corpo baila...

(Janderson Oliveira)

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Tuas mãos...


O que é que tu tens nessas mãos?
É um toque sutil e delicado que a gente gosta.
É um toque suave e calmo, mas que fervilha o corpo da gente em arrepios.
Tuas mãos parecem até que tacam fogo no nosso corpo.
Na ponta dos teus dedos parece haver um gatilho que acende todo o calor que temos por dentro e faz ouriçar todos os pelos do nosso corpo.
E eu que tinha medo até das tuas mãos, agora acho que o teu poder de dominar é tentador.
Agora eu anseio pelos teus dedos, aperreio pelo teu toque, aprovo pelo teu beijo, apoio pela tua pele.
Apelo pelos teus pelos, apaixono pelo teu corpo, amo pela tua cama, afago pelo teu abraço. 
Acabo-me em tuas mãos. E repito: acabo-me em tuas mãos...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Repleto de gente

 
Foto: Bruna Marques (@brunamarques.photo)

O meu corpo carregado de gente
Não deixa que eu consiga andar sozinho
O meu corpo lotado de gente
Me impossibilita que eu ande sozinho
O meu corpo repleto de gente
Me impede de andar sozinho
 
Não é espírito, não é assombração
Não é fantasma e nem visagem
É o meu corpo carregado de gente
Que me ajuda a continuar nessa viagem
 
É o meu corpo carregado de gente
Que faz com que histórias sejam levadas em frente
É o meu corpo lotado de gente
Que faz surgir memórias em minha mente
É o meu corpo repleto de gente
Que não me deixa entender o que o coração sente
 
Não é espanto, não é maldade
Não é o medo, não é o mal
É o meu corpo lotado de gente
É o axé, é o tambor, é o carnaval
 
Com o meu corpo carregado de gente
Eu consigo andar em todos os atalhos
Com o meu corpo lotado de gente
Eu sigo bailando por todos os lados
Com o meu corpo repleto de gente
Eu vou seguindo pagando os pecados
 
Eu não sou só um
Eu sou carregado de gente
Eu sou vários
Eu sou lotado de gente
Eu sou milhão
Eu sou repleto de gente

(Janderson Oliveira)

domingo, 9 de outubro de 2022

Low profile

Low profile
No profile
Sem perfil
Sem caráter
Sem ética
E nem moral
Um simples cidadão comum
Desses que morrem no final...

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Nossa essência...

Se o essencial é invisível aos olhos, a essência está escondida dentro de cada um de nós. Mas ela pode ser revelada entre dois seres que sabem que existe um lugar, algum lugar que só nós conhecemos.
A essência pode ser revelada em conversas filosóficas que duram madrugada adentro, ela pode ser revelada numa constelação distante que insiste em aparecer no céu noturno, ela pode ser revelada em diversos versos de músicas que sempre foram ouvidas ou até mesmo em um pensamento longínquo que volta na cabeça desse menino.
E o que foi esperar uma hora em pé numa fila pra quem já conseguiu esperar por dez anos por um beijo dessa menina mulher? Foi aos gritos de toda uma legião, foi no show do Biquini Cavadão, que se confirmou a certeza daquela antiga paixão. Foram tantos momentos de desejos em pensamentos que terminaram em desejos carnais, às cinco da manhã, deitados em um sofá onde uma nova temporada da nossa história começou.
Parece que a ficha não cai, o encantamento permanece presente dentro do meu ser. Foi tanto tempo de espera, mas que tinha sempre uma certeza que tudo ia se encontrar, pois era naquele abraço que eu sempre quis estar, era naquela boca que eu sempre quis beijar, era naquele corpo que eu sempre quis me acalmar.
 
“Querendo te encontrar
Só pra falar de amor
Frases que nunca falei
Carinhos que nunca fiz
Beijos que nunca te dei
O amor que te neguei
Agora quero te dar
E te fazer feliz”
(Dominguinhos)
 
Ela toda organizada e planejada e eu todo desleixado e sem planos. Enquanto o tempo passa correndo pra você, ele caminha a passos lentos para mim. Mas afinal o que é o tempo, que há tanto tempo nos separa? Mas afinal o que é o tempo, que está o tempo todo aí para vivermos?
E pra que ir com calma, se eu posso ser exagerado? E pra que poupar esforços, se ela quer sempre é 101%? Que eu possa seguir te levando a leveza em meio à tanta preocupação, que eu possa seguir te trazendo a essência em meio à tanta obrigação e que eu possa ser verdade em meio à tanta ilusão...
 
“E nossa história não estará pelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora
Apenas começamos”
(Legião Urbana)
 
P.S.: Mas cá estou eu novamente, sozinho, como há 10 anos, em madrugadas insones, fones aos ouvidos e letras embaralhadas numa tela branca, formando palavras que não dizem nada, para olhos que nunca irão ler...

terça-feira, 12 de julho de 2022

O maior problema do mundo


O maior problema do mundo
É a mercadoria,
Mas toda hora a gente consome,
Seja noite ou seja dia.
 
Com os ouvidos, com os olhos
Ou com a boca.
Ela nos invade a todo instante,
Mesmo a gente pagando grande montante.
 
Mesmo deixando a mente oca,
Ela faz parte do dia-a-dia.
Não importa quanto reclamem,
Cada um quer a sua fatia.
 
O capital
É aquele que nunca morreu.
Ele sai do meu bolso
E também sai do seu.
 
Vai tudo cair
Direto no bolso do patrão,
Enquanto o menino de rua
Segue sem comer pedaço de pão.
 
O homem é primata,
O capitalismo é selvagem.
O homem é que mata
Nessa traiçoeira viagem.
 
Mata por dinheiro,
Mata por covardia.
Mata até mesmo de fome,
Negando o pão de cada dia.
 
O lucro é que comanda
Esse mundo sem futuro.
A mercadoria é que manda,
Seja claro ou seja escuro.
 
Consumir, comprar,
Jogar fora.
A mercadoria sempre presente,
Não importa qual for a hora.
 
Tem muitos na base
E poucos na ponta.
E no final disso tudo,
Quem vai pagar essa conta?
 
(Janderson Oliveira)
 
"Vender, comprar, vedar os olhos
Jogar a rede contra a parede
Querem te deixar com sede
Não querem te deixar pensar"
(3ª do Plural - Humberto Gessinger)

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Mate-me...

Mate-me, sentado à beira do mar, com fone alto aos ouvidos e brisa fria a bater em meu corpo, observando a minha mais bela paisagem: os verdes mares do meu querido Ceará. Mate-me, mas mate-me de verdade, para que não tenham chances de eu voltar e estragar tudo de novo. Mate-me, de um jeito que minha cabeça ainda possa ver meu corpo uma última vez ao cair, mas com um golpe rápido, seco e cruel, sem tempo para reagir, sem sentimentos para sentir, sem saber qual foi o último pensamento que raciocinei. Mate-me, numa noite nublada e triste de carnaval, em meio ao relento, sem testemunhas para me ver, sem lágrimas a cair, sem confetes para colorir, sem coveiros para me enterrar. Mate-me, deixe o mar me engolir, os peixes fazerem um banquete de mim e no outro dia o sol ressecar o que sobrou de pele, o que sobrou de couro, o que sobrou de meu ser, apenas mate-me...

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Agora é para sempre...

 

“Reverbera
No baque virado do maracatu
A força e energia dos nossos tambores
É mais uma estrela na noite azul”
(Reverbera - Gabriel Vasconcelos / Filipe Adan)
 
Agora é para sempre, até durar a força bruta da minha pele que bate no couro firme do meu tambor. Carne, couro, pele. Morre, nasce, ressuscita. Segue batendo, batendo, batendo e o som reverberando no baque pesado do meu maracatu, enquanto o desenho vai permanecendo firme no risco fino em minha pele.
Agora é para sempre, mais um ano completo e que não vejo a hora de encontrar minha alfaia e tocá-la com toda diversão, satisfação e emoção que ela me proporciona. Baquetas, madeira, couro. Ritmos, baques, sons. Ressoa, deixa fluir, encontra outros tambores, faz uma festa no meio do terreiro, celebra com alegria a vida de todos nós e dos nossos antepassados.
Agora é para sempre, levarei o que há de mais ancestral em mim riscado em meu couro, me lembrando que transcendo quando toco Ngoma, meu pai tambor. Caixa, alfaia, bumbo. Ferro, agogô, xequerê. Levarei o meu batuque até que cheguem meus últimos dias e meu som siga ressoando universo afora, na minha mente adentro...
 
“E anunciou que a criação não iria parar, que viessem crianças, mulheres e homens para escutar o Ngoma cantar, dançar e alegrar a vida. É por isso que os bacongos dizem que Ngoma, o tambor, será o pai de todos os que transgridam a dor em desafios de festa e liberdade. Sua benção, Ngoma, nosso pai tambor! Nós estamos no mundo para celebrá-lo!”
(Tambor, o Senhor da Alegria – Luiz Antônio Simas)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Forever loneliness

You continue saying that I'm just another one who turned his back on you. But and about you? What do you do to keep the people close to you? Screams, curses, threatens? On this way you will be alone in your forever loneliness...

"But my dreams
They aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free"
(Pete Townshend)

domingo, 9 de janeiro de 2022

Será que o ifá irá me responder?

 


Envolta em teus cabelos negros,
Quantos mistérios tens para guardar?
Será que serei eu,
O sortudo que irá te desvendar?
E até mesmo que eu queira,
Será que eu ainda vou te ter?
Mesmo distantes no tempo e no espaço,
Será que o ifá irá me responder?
 
Discreta, porém bonita,
Obscura talvez ela fosse.
Te liberta de ti mesma,
Mostra para todos o teu lado doce.
Vem com um brilho na pele,
Vem com um olhar radiante,
Vem como menina de um lugar incerto,
Vem como deusa de um lugar distante.
 
Traz estampada a cara da morte,
Mas ao mesmo tempo a beleza das flores.
Pode trazer tuas mágoas
Que eu vou te libertar das tuas dores.
Deixa-me entrar no teu espírito,
Te mostrar o meu valor.
Eu sou aquele que te cuida,
O que saberá te dar amor.

Me ama em todas as redes
E em todas as camas que tiverem também.
Me encosta nas paredes
E em qualquer lugar que te convém.
No sofá, na mesa, na escada,
Onde mais queres te satisfazer?
Me afoga em teus líquidos,
Coloca pra fora o teu prazer.
 
Não deixa de sentir os sólidos,
Aquece tuas mãos em minha carne quente.
Deixa-me escrever pelo teu corpo,
Feito tatuagem que muito se sente.
Se o lápis for a minha língua
E se o papel for a tua pele,
A gente passa horas nesse jogo,
Até que o gozo se expele.
 
Então a gente volta para casa,
Como na fria madrugada.
Então a gente esquece do que passou
E recomeça nossa caminhada.
Então a gente esquenta novamente,
Como num paraíso mitológico.
Então a gente sente o que sentia,
Mesmo sendo tudo tão ilógico.

(Janderson Oliveira)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

“O coração dos aflitos pipoca dentro do peito”...

O amor é bom, mas a paixão... Ah, a paixão maltrata!
Meu coração está em muitos lugares, talvez por causa disso que eu não viva sossegado, pois estou sempre apaixonado, me errando em tantos lares. Por causa disso eu vivo estando em vários lugares fantasiosos ao mesmo tempo, seja através de bons sonhos, seja em pensamentos irrealizáveis ou então em desejos que nunca acontecerão. Isso é um carma, mas nunca uma perfeição.
Meu coração viaja por tantos cantos, ele está na cicatriz daquele rosto, naquela face bonita que se foi de repente, na amizade que ficou e fez o sentimento bom continuar, na pequena de alma gigante que sempre me encanta, na voz distante que eu insisto em escutar, no sorriso de menina que sempre traz boas sensações, na loucura maravilhosa que insiste em permanecer, nos cabelos que o vento rapidamente soprou daqui, nas novidades semelhantes que acabam de chegar. Mas no final, ele está é aqui solitário a pipocar.
Um pedaço em todo lugar, mas o todo em lugar nenhum. Fragmentado, ele leva toda a culpa. Mas já é sabido que a confusão toda, na verdade, é provocada pelo sistema límbico.

“O sistema límbico é um conjunto de estruturas localizadas no cérebro, abaixo do córtex e responsável por todas as emoções e sentimentos. A grande função do sistema límbico nos seres humanos é coordenar as atividades sociais que possibilitam a manutenção da espécie através de sua vida em sociedade. Desenvolver relações que permitam uma vida em comunidade dependem da atividade dos neurônios localizados nessas estruturas”. 

Tá vendo? Pobre coração, sempre sai como bode expiatório. A vida tem dessas coisas, tudo sempre é contraditório.
“Coração bobo, coração bola, coração balão”. O meu coração é bobo, mas é bom. Ele é besta, mas ele presta. Ele voa, mas sempre volta. Onde ele vai achar moradia, afinal? Quem está com a chave certa para trancá-lo de vez? Ou seria abri-lo de vez? Quem está com o pote para reunir cada pedacinho espalhado por aí? Já está na hora dele buscar sua certeza ou é melhor ainda se deliciar pelas incertezas do caminho? É melhor ter um coração livre, espalhando carinho ou um coração preso a um único ser? Enquanto sigo a me perguntar, eu sigo sozinho a viver...

domingo, 21 de novembro de 2021

Só o amor não basta...


Se você veio ler esse texto esperando por algo romântico, que exalte o amor, pode parar por aqui, você se enganou. Este texto contém impureza e tudo que é bom para nós e sem noção para os outros.
No final, só o amor não basta. O que eles querem mesmo é o prazer, curtir a vida, ir para festas, usar drogas, transar bem muito e apalpar carnes novas. E, afinal, do meu corpo ele já usufruiu do jeito que queria e que não queria também, estava na hora dele ir atrás de outros corpos.
Posso falar pra vocês, já gritei muito sentando nele, ele já meteu bem gostoso o quanto eu quis e eu já fiz de tudo para fazê-lo gozar em mim. Sim, eu o obrigava a fazer coisas que somente eu queria, devo ser ninfomaníaca.
Perguntei para uma amiga o que eu faria agora que já não tenho mais ele para me satisfazer desse jeito, ela simplesmente disse “fode ele no teu pensamento”, mas mal sabe ela que eu já faço é muito isso. Preciso é de coisas novas também, acho que vou voltar ao Facebook para ver se tem alguma coisa boa por lá, se é que vocês me entendem.
[...]
“Oi, sumida!”, foi essa a primeira mensagem que apareceu cerca de 40 minutos depois que eu estava perambulando pelo Facebook. Eu já tinha rido de vários memes bestas que me fizeram passar o tempo, tinha visto alguns vídeos engraçados de animais e curtido fotos de gente que fazia tempo que eu nem via. Mas aí chegou essa mensagem, e vocês sabem o que significa essa mensagem, não é? É óbvio que depois de tanto tempo de chats e redes sociais, todos sabemos que ela pode ser substituída simplesmente por um: “quero te comer”, e era exatamente isso que eu queria naquela hora, precisava de alguém para me comer.
Era um velho colega que eu não tinha notícias há tempos, conversamos durante horas naquela madrugada, lembramos dos tempos de escola, das vontades recíprocas que tínhamos um pelo outro e também da vergonha que tivemos, o que nos levou a nunca ter exposto esse desejo. Mas vocês sabem, um desejo não resolvido permanece na gente por anos, só vai passar quando se realizar.
No entanto, naquele dia ficamos só de papinho mesmo na rede social, sexting a vontade, alguns nudes, é claro, e muita putaria boa em palavras impuras e maliciosas. Terminamos com o que temos de melhor dentro de nós, o nosso gozo. Naquele mesmo dia criamos um código para quando fôssemos nos ver, se eu chegasse rindo e ele também, saberíamos que os dois estariam querendo transar de verdade.
Numa terça-feira marcamos de almoçar juntos e conversar um pouco. Fiquei com aquilo na minha cabeça: “eu vou rir quando ver ele e ele já vai saber o motivo da minha risada”. Se ele risse de volta iria me confirmar isso, ele realmente queria me pegar. Pensei mais um pouco: “vou rir bem muito até esperar um convite para tudo se tornar real”. Enquanto pensava nisso, só sentia meus mamilos ficando rígidos, esperando pela boca dele, senti minha calcinha ficar encharcada, o que comprovei quando cheguei em casa e vi a situação que ela estava. Mas, infelizmente, naquele dia não deu certo, ele precisava voltar ao trabalho, mas poucos dias depois a vontade se tornou realidade.
Eram quase três horas da manhã de um sábado para domingo, chovia muito, mas mesmo assim ele pegou o carro e veio bater aqui em casa. Sim, fui eu que fiz o convite, pois precisava muito experimentar alguém diferente. Ele já chegou me perguntando o porquê de uma loucura dessas, numa hora dessas, eu só respondi: “porque gostei, porque achei boa a vibe, porque eu quero ser tipo uma puta para ti”.
Eu já estava com um shortinho bem tentador e uma blusa que só cobria meus seios, fiz questão de subir as escadas na frente dele, para ele ir apreciando o meu corpo. Fomos direto para o quarto e daí para a frente foi só felicidade para dois corpos que ansiavam por sexo. Peles, paixões, prazeres. Bocas, lábios, dois seres. Cabelos, unhas, mãos. Suspiro, arrepio, arranhão. Beijos, palavras, amor. Suor, clímax, calor. Cobiçamos um ao outro, só terminamos depois que eu me satisfiz bem muito e, no final, fiz ele gozar com a minha boca.
Não tem nada melhor depois de uma boa trepada do que ficar deitado ao lado do outro, rindo de besteiras aleatórias. Foi assim que acabou essa minha aventura sexual, entre conversas, risos e carinhos. Por um par de horas, ele me fez esquecer do meu menino, aquele menino que é uma lembrança tão linda, pena que hoje não significa mais nada.  Às vezes eu tenho a certeza de que o prazer vale muito mais do que o amor.
Lembrar isso tudo já me acendeu aqui de novo, acho que vou me aproveitar sozinha mesmo, espero que vocês já estejam fazendo o mesmo aí do outro lado da tela...

Por Sara Fernandes

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Sufoca...


Sufoca, mas depois para. Demora, mas depois sara. 
Nessa época em que vemos tantas máscaras, vou começar a revelar algumas das minhas. Já fui a puta que deu por dinheiro, já fui a lésbica que beijou a boca de outras mulheres, já fui a hétero que fodeu bem gostoso, já fui a menina que buscou caras mais velhos, já fui a madura que amou um menino. Mas sempre “fui minha, só minha e não de quem quiser”. Minto, se aquele menino me quiser, sempre serei só dele, pois “sou Deus, tua deusa, meu amor”.
Chega uma hora que uso tantas máscaras que já não sei mais qual estou revelando e nem para quem eu estou revelando, acabo enganando a mim mesma e, no final, me sinto sufocada demais com minhas próprias máscaras. Aliás, sufocamento é a palavra que traduz muitos dos meus últimos dias. É você lutar constantemente para dar certo, mas ao mesmo tempo se sentir sufocada por não conseguir fazer com que ele ficasse. No final, só o amor não bastava, a juventude merece muito mais que isso, “todos têm, todos têm suas próprias razões”.
“Minha terra tem a lua, tem estrelas e sempre terá”, era esse um dos versos que ele gostava de cantar para mim, nos nossos melhores momentos. Ouvindo essa música agora, voltei a uma das melhores lembranças que tenho da vida, algo que continua eterno em mim. Foram choros, saudades e abraços, mas foi um momento que marcou muito pelo forte carinho e afeto que eu senti e carrego todo ele até hoje. Passado e presente se encontrando num mesmo sentimento, mas eu sigo a sina da solidão com meus pensamentos. “I’ve been losing my mind in these sweet dreams of loneliness”.
Vocês mal sabem que eu agora mesmo não queria sufocamento de máscaras e muito menos sufocamento de sentimentos, eu queria mesmo era me sufocar de prazer, de tesão, de desejo. 22h42, essa era uma boa hora para nos satisfazermos, queria apenas as mãos dele no meu pescoço, movimentos frenéticos, suor pelo meu corpo, fluidos nas minhas partes e depois risadas de felicidade, era isso que ele me proporcionava. Mas agora, sabe-se lá onde eu irei encontrá-lo.
Parece que é sempre assim, chega uma hora que as pessoas cansam de mim, dão as costas e simplesmente vão embora. Eu não sou boa de cama, eu não sou boa de lábia, eu não presto pra nada. Ah, quer saber: Viva! Esqueça de mim! Faça as coisas por você!
E era sobre isso...

Por Sara Fernandes

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Catarse...

Sou fortaleza no que diz respeito a enfrentar batalhas mentais, já passei por tanta coisa que tenho certeza que poucas pessoas passariam. Inclusive, já presenciei algumas pessoas definhando devido à falta de força para lidar com esse tipo de batalhas. É mais comum do que a gente pensa, mas diversas pessoas desistem, enfraquecem e até mesmo morrem por não conseguirem enfrentar seus dramas e traumas.
Felizmente eu consigo vivenciar o luto, ele é essencial que seja vivido, porém por pouco tempo. Às vezes dura apenas um dia, quem sabe três, talvez a semana toda, mas o certo é que uma hora ele passa e a felicidade volta. Nessa metamorfose ambulante vital eu vou do inferno ao céu, da desistência à resiliência, da rigidez do asfalto às nuvens de algodão.
Nesse caminho de enfrentamentos eu sou, literalmente, guiado pelo meu pai. Apesar de ele estar tão distante, só eu sei o quanto ele esteve sempre por perto durante esse tempo todo. Logo eu que não sigo nenhuma religião, acabei fazendo dele o meu guia espiritual, o meu ponto de apoio, a minha paz interior.
Acho que foi por causa dele que eu nunca fui atrás de experimentar as pequenas falsas felicidades da vida como: beber, cheirar, fumar ou coisas do tipo, isso nunca me interessou. Talvez por causa dele eu sempre procurei seguir o rumo certo, mesmo sem ter ninguém presente para me orientar.
A verdadeira felicidade eu sinto em pequenas outras coisas do dia-a-dia como: sentir uma brisa de mar sentado na areia da praia, mergulhar na infinitude do mar, estar de chamego com alguém, praticar um esporte, jogar um vídeo game, assistir a um filme, batucar num tambor, tocar meu violão, ouvir uma boa música, escrever este texto, sorrir da brincadeira das crianças, ensinar meus alunos, aprender a andar de bicicleta aos 33, isso sim são momentos felizes.
E nisso tudo o que não me falta é esperança. Mas esperança de que? Nem eu sei, só esperança de que o dia de amanhã será melhor do que o dia que já passou. Esperança de que uma hora os momentos felizes serão mais frequentes do que os traumas. Esperança de que a minha fortaleza seguirá vencendo minhas batalhas mentais.
CATARSE...