"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Versando sobre educação...

Lendo sobre a história da educação no Ceará para a escrita de minha monografia e viajando nos pensamentos e ideais da época do Império, cheguei a conclusão que a educação de hoje apresenta muitas similaridades com a daquele tempo.
A educação no Império era uma porcaria e ainda hoje ela vive numa agonia. Na Constituição de 1824 foi previsto que todo o ensino primário (Ensino de Primeiras Letras) será gratuito para todos. Beleza, um passo a frente na nossa educação, mas com a abertura de diversas escolas, todo e qualquer cidadão podia ensinar a ler e escrever.
Havia o ensino primário para as crianças, mas, pelo menos no Ceará, até o ano de 1884 não existia nenhum estabelecimento de ensino que formasse professores para lecionar na educação básica. A primeira escola criada para este fim foi a Escola Normal do Ceará (escola escolhida para eu estudar e falar da história das suas aulas de Educação Física), grande celeiro de formação, principalmente, de professoras. Mas aí é que tá, mesmo com esse avanço na nossa educação, ainda permaneciam os problemas, e muitos problemas.
Nos livros que estou lendo, escritos pela professora Ercília Braga (professora do curso de Pedagogia e pós-graduação da UFC, e talvez, quem sabe, minha orientadora na monografia) intitulados "Tinta, papel e palmatória: A escola no Ceará do século XIX" e "Formação Integral do Educando no Tempo da Escola Normal" que versam sobre o tema, existem muitos documentos (cartas, jornais, regulamentos) que comprovam as dificuldades da educação cearense daquela época.
Vale ressaltar que os principais favorecidos com a abertura da Escola Normal foram os filhos e, principalmente, as filhas da elite e das famílias mais influentes do estado, ou seja, esta educação não era pro povão. Coisa não muito diferente acontece ainda hoje, onde os principais acessos à educação superior vêm dessa elite.
Um grande problema que persiste até hoje é a pouca remuneração dada aos nossos professores, heróis que tratam de formar nosso povo, continuam tendo o seu trabalho desvalorizado atualmente.
Tanto naquela época como hoje continuam a faltar os materiais didáticos adequados e os próprios móveis das escolas, isso continua muito presente nesse Brasilzão afora, principalmente nas cidades interioranas mais afastadas, é só ver quase que diariamente nos jornais o descaso que ocorre em muitas escolas.
Outra coisa que vale ser lembrada é da "importação" de métodos de ensino, naquele tempo os nossos intelectuais iam estudar fora e traziam prontinhos as novas técnicas de ensino para serem aplicadas nas nossas escolas, sem ao menos verificarem se elas seriam adequadas ou não para a realidade daqui. Até hoje a metodologia que guia o ensino das escolas brasileiras, que são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), também foram "importados" da Espanha. Os PCNs chegam a ser contraditórios, já que procura padronizar o ensino nacional, mas ao mesmo tempo dando brecha para as escolas agirem de acordo com suas necessidades, comé que pode isso? O próprio co-autor do capítulo sobre Temas Transversais dos PCNs, Yves de La Taille, afirma que os PCNs: "é uma proposta sofisticada que não se transformou em realidade."
Isso tudo é só pra chegar na relação ainda muito existente entre nossa educação do passado e a atual e pra gente perceber que a nossa educação continua atrasada em termos de valorização do nosso ensino. Muitas atitudes, digamos, revolucionárias e aceitáveis nas escolas estão aí para modificar esse quadro, mas muitas delas passam por chacotas por serem consideradas muito utópicas. Mas qual grande mudança não começou com uma utopia?...

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