A cena se repete. Fone aos ouvidos, ilusões na cabeça, em meio a tantas cartas que dela eu nunca recebi, em meio a tantas ondas que insistem em me acertar, em meio a tantos momentos que nunca vivi. É só mais uma madrugada tentando superar o vício, parece ser tudo tão diferente do início. O que eram rios de palavras, hoje se transformaram em monossílabos.
O prazer no desprazer. É como você continuar pisando num
calo, cada passo é uma dor, mas você insiste em pisar. É como você construir
castelos de areia, cada andar é uma alegria, mesmo você sabendo que com o tempo
a onda vai levar.
Mas lá estou eu de novo reerguendo meu castelo, alto,
grande, lindo e imponente. Ah, mas esqueci de lhes dizer que ele também é um castelo
de areia, só esperando a onda vir e derrubá-lo. Ele insiste em cair e eu
insisto em reconstruir. Nessa história eu sigo até cansar disso tudo, não
importa o tempo que vai demorar, só sei que uma hora eu canso. E não importam
as marcas que as quedas vão deixando e nem a opinião que os outros vão falando,
por enquanto, e só por enquanto, eu quero seguir nessa minha reconstrução.
Eu sento e observo o mar, ele parece ser infinito, mas todos
sabemos que em algum lugar lá depois do horizonte ele se acaba. O mar acaba em
algum vazio entre o era uma vez e o nunca mais. Deixa que a próxima onda volte
e derrube o meu castelo, e que fiquem os destroços entre o mar e a areia. Se as
ondas não derrubarem, eu permito que minhas lágrimas o derrubem. "O mar é
o destino de todos os rios" e, afinal, todo rio de lágrimas leva a um mar
de solidão.
Com isso tudo eu posso afirmar, eu devo ser a pessoa mais
otária da face da Terra, e mesmo assim, eu acredito que deveriam existir mais
pessoas iguais a mim...
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