"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Universos paralelos...

E você aí acreditando que é importante para alguém. Esquece isso, você é só mais um insignificante vivendo nesse planeta que flutua no vácuo do infinito. Falando em infinito, lembro que nada é infinito, nada é eterno, nada é pra sempre, tudo um dia acaba. 
A não ser aquelas marcas que você carrega na sua própria cabeça. Existem lugares, coisas, momentos, músicas, poesias, pessoas que marcam a sua vida. Isso tudo pode se tornar eterno pra você, mas somente pra você, no seu mais íntimo pensamento. Seja por dez anos, seja por dez meses, seja por dez dias, dez horas, dez minutos ou dez segundos, são fatos que passariam despercebidos, mas ficam na eternidade da sua cabeça enquanto você estiver vivo para lembrá-los.
E aqui de tão distante, quando eu viro o rosto para o seu lado, só consigo enxergar uma ínfima rocha a circundar no vácuo. Que rochinha pálida, talvez ela seja azul! É tão distante que nem consigo imaginar o que se passa em sua superfície. 
Haverá vida inteligente naquele local? Como se chama a principal espécie que habita aquele lugar? Será que eles sobrevivem em harmonia? Será que possuem o mesmo sentimento de amor e paz que alcançamos aqui? 
Mas por enquanto, com a cabeça cheia de lembranças que serão eternas até eu morrer, fico aqui na janela do meu apartamento vendo uma cidade que se prepara para dormir. Permanecemos sempre no mesmo ciclo, esperando as novidades do próximo dia. Todos habitando a mesma casa, mas poucos aproveitando de verdade o que ela nos oferece. Enquanto isso eu viajo na imensidão de pensamentos que só faltam sair da minha cabeça. Será que em algum ponto do universo tem alguém passando pelos mesmos momentos de reflexão? 
No entanto, nesse instante eu só queria ir embora de tudo isso aqui, mostrar para as pessoas que eu realmente não sou importante para elas. Mas isso não é me menosprezando, o que eu quero dizer é que ninguém é importante para ninguém, não percebem? As vidas das pessoas seguem, independente de você estar participando delas ou não. As pessoas conseguem resolver os problemas que você acreditava que só você era capaz de resolver. No fim, ninguém precisa de você para continuar vivendo e isso não é cruel, pelo contrário, isso é libertador.
Será que lá naquele lugar tem algum ser capaz de passar pelos mesmos momentos de reflexão? Adoraria saber, adoraria ir até lá, mas é tudo tão distante. Daqui de onde estou só posso imaginar como pode ser aquela rochinha que insiste em chamar minha atenção. É incrível como sinto saudade daquele lugar que nunca nem habitei, que não sei nem o que se passa, que não sei nem se tem vida por lá. 
Como um lugar passa a ser tão importante para você, mesmo que você só consiga conhecê-lo por sonhos ou breves leituras? Será que lá existem pessoas igual aqui? E se tiver uma igual a mim? Afinal, todo mundo diz que existe uma cópia de você em algum lugar do universo, né? Universos paralelos, em um você vive tudo que gostaria de viver, no outro você apenas sobrevive a cada dia. Aqui no meu lugar eu estou super bem, mas minha cópia naquela rochinha? Como ela estaria?
Se ninguém precisa de mim para viver, então eu posso dizer o mesmo, não preciso de ninguém para viver. Então, ora pois, eu vou embora seja lá pra onde for. A Terra é bem grande e eu posso desbravá-la como eu quiser. 
Tudo que eu queria nesse instante era convidar alguém para começar essa aventura: "vamos à praia ver a lua?", sentar na areia de frente pro mar e observar a lua cheia de hoje. Mas que nada, vou é já sair da janela e voltar para a minha cama, para minhas músicas, para o meu mundinho. Quem sabe amanhã? Quem sabe amanhã eu crie coragem para começar essa empreitada ou eu apenas sobreviva ao próximo dia. Enquanto isso o mundo explode.
Há muito tempo li que poderia haver água naquela rochinha que até hoje eu observo. Também lembro de ler que uma Lua seria o corpo celeste mais próximo àquele lugar. Já imaginou, se lá naquela rochinha tem água líquida de verdade igual aqui? E se lá tiverem praias de água salgada igual aqui? E se minha cópia gostasse tanto de estar na água como eu gosto de estar aqui?
Então tudo que eu queria nesse instante era convidá-la para uma aventura: "vamos à lua ver a praia?", sentar em uma das crateras de frente pra rochinha e observar o que se passa naquele lugar. Só queria espalhar o amor e a paz que tenho aqui onde eu habito e demonstrar à minha cópia o quanto somos importantes nesse universo. Mostrá-la que apesar do pequeno espaço de tempo que passamos vivos, ainda assim somos capazes de realizar coisas que nos tornam eternos e importantes para os outros. 
Enquanto isso vou dormir lembrando que "só o que é bom dura o tempo bastante pra se tornar inesquecível".
Enquanto isso vou dormir lembrando que "só o que é bom dura o tempo o bastante pra se tornar inesquecível"...  

Nenhum comentário: