"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Histórico da Escola Normal do Ceará...

A aspiração para criar escolas de formação de professores no Brasil começou ainda no Império, porém havia dificuldades na criação das Escolas Normais em todo o país. Em 1879, a Reforma de Leôncio de Carvalho, que tinha valor somente no Rio de Janeiro, foi um marco para a criação desse tipo de escola.
No Ceará, a primeira tentativa de criação de uma Escola Normal deu-se em 1837, no mandato do presidente da província, José Martiniano de Alencar. A Lei 91, de 05 de outubro de 1837, criava temporariamente a Escola Normal do Ceará, porém a escola não foi instalada por falta de recursos e continuidade administrativa. Após esse fracasso na tentativa da criação da Escola Normal, o estado ficou ainda um longo período sem sua escola de formação de professores.
Somente com a Lei 1790 de 1878, ressurge o interesse na criação da Escola Normal, que viria a se concretizar apenas no fim do Império, no ano de 1884.
A regulamentação da recém-criada Escola Normal do Ceará foi orientada por legislações concebidas em anos anteriores a sua efetivação. Essa regulamentação estava presente na Lei nº 1790, de 28 de dezembro de 1878 e no Regulamento da Instrução Pública de 1881. "Somente no ano seguinte (1885), é expedido o primeiro Regulamento da instituição”.
Escola Normal do Ceará foi o primeiro nome da nova instituição de ensino e seu prédio ficava localizado na Praça Marquês de Herval (posteriormente chamada de Praça José de Alencar). A Escola Normal teve algumas mudanças de localização durante esses anos. No período de 1919 a 1923, a escola foi instalada no pavimento térreo da Fênix Caixeiral. Após reivindicações, o presidente do estado, Justiniano de Serpa, mandou construir o novo prédio da escola na Praça Figueira de Melo (onde hoje funciona o Colégio Justiniano de Serpa). A escola funcionou nesse local até 1958, ano em que se mudou para o Bairro de Fátima, já com o nome de Instituto de Educação do Ceará. Além das mudanças de locais, a Escola Normal também mudou várias vezes de nome.
Ao longo de sua trajetória a Escola Normal recebe várias denominações: Escola Normal Pedro II (Lei nº 2260, de 28 de agosto de 1925), seu segundo nome; Escola Normal Justiniano de Serpa (Decreto-Lei nº 122, de 2 de março de 1938); Instituto de Educação (Decreto-Lei nº 2007, de 7 de fevereiro de 1947) e, no final dos anos 50 recebe sua atual denominação, Instituto de Educação do Ceará (Lei nº 8559).
Pode-se ser percebido que no momento histórico estudado neste texto (1930-1945), a Escola Normal do Ceará teve duas denominações: Escola Normal Pedro II e Escola Normal Justiniano de Serpa. Para deixar claro ao leitor, utilizaremos apenas a nomenclatura Escola Normal do Ceará para se referir à esta instituição de ensino.
Juntamente com a Escola Normal do Ceará, foi criada a sua Escola de Aplicação, também chamada Escola Anexa, que ficou em funcionamento até o ano de 1918. A Escola de Aplicação era o local da prática pedagógica dos alunos da Escola Normal. Essa escola ressurgiu em 1922 com a denominação de Escola Modelo.
Até a década de 1920, período que divide a história da educação no Ceará, a Escola Normal não tinha muito prestígio. A sua verdadeira importância deu-se somente após a Reforma de 1922, marcada pelo ideário da Escola Nova.
Para se entender melhor o período em estudo, é preciso conhecer um pouco do período anterior, ou seja, a década de 1920, e toda sua efervescência com iniciativas para as reformas sustentadas pelo pensamento escolanovista.
Em todo o país começam a surgir diversas reformas educacionais com caráter voltado à Escola Nova, buscando romper com a pedagogia tradicionalista que era presente na educação brasileira. Vale lembrar que essas idéias escolanovistas já haviam sido divulgadas no Brasil por Rui Barbosa, ainda no Império, mas sem muita força como na década de 1920.
No Ceará, as idéias modernas de educação também já eram pregadas desde o final do século XIX. Após viagem aos Estados Unidos, o advogado e professor de latim, Amaro Cavalcante, apresentou um Relatório ao presidente da província e à população cearense. Tal Relatório foi escrito em 1881 e dava informações acerca da instrução primária americana.
No Relatório, Amaro Cavalcante trata da educação de um modo geral; do método escolar; das escolas normais e da inspeção da educação pública. “O debate em torno das idéias por Amaro Cavalcante e demais fundadores da Escola Normal e suas conseqüências práticas preparam o terreno para que o escolanovismo florescesse a partir do impulso dado pela reforma de 1922”.
A Reforma de 1922, mais conhecida como Reforma Lourenço Filho, realizada no governo de Justiniano de Serpa, marca o início de uma nova fase da educação no estado. Ela ocasiona mudanças no ensino primário e normal do estado, além da criação da Diretoria Geral da Instrução.
Não se sabe até que ponto ocorreu essa mudança do tradicionalismo para a prática de um ensino dito moderno, esse é um assunto ainda em discussão nos estudos e se tentará com esse estudo buscar informações acerca dessas mudanças no âmbito da Educação Física.

Texto extraído do meu projeto de monografia intitulado: "A prática de Educação Física na Escola Normal do Ceará (1930-1945): entre o tradicionalismo e a Escola Nova", e fala um pouco da história da Escola Normal do Ceará no período citado. Retirei as referências desse texto, porém estão todas no meu projeto.
Como já foi dito, trata-se apenas de um projeto, ainda tem muita coisa a ser estudada, pesquisada e escrita. Estou muito empolgado com a elaboração desse trabalho, como sempre a história me fascina e dessa vez não é diferente, toda uma nova história surgindo para mim, quero só desvendá-la mais e mais...

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