"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Coitada da Inês

A pobre da Inês adorava um xodó
Mas por causa disso, acabou indo parar no xilindró.
Inês se apaixonou por um menino, mas o rapaz era de menor.
Por causa da idade dele, pegou uma briga com a sua avô.
Lhe deram um conselho bem bacana,
"Inês vai pra casa da Mãe Joana".
Dona Joana era mãe-de-santo da comunidade,
Resolvia qualquer problema, de peão à autoridade.
Mãe Joana logo resolveu o caso de Inês.
"Mulher tu precisa conhecer o meu freguês,
O nome dele é Francisco,
Mas todo mundo chama mesmo é de Chico."
E ela mandou Inês ir pra casa do Chico,
Mas o safado gostava mesmo era de fuxico.
Vivia falando mal de Inês pela vizinhança.
"A cabra desajeitado e cheio de desconfiança".
O caso com Chico não deu certo
E Inês continuou seu rumo incerto.
Vivia pedindo pra Santo Antônio e Santo Expedito,
"Pelo amor de Deus, será o Benedito?,
Eu não arrumo ninguém pra ficar comigo.
Quanto mais eu peço um homem mais aparece é inimigo."
As preces de Inês foram alcançadas
E com um homem de verdade ela foi presenteada.
Mas a saúde de Inês já estava decadente,
Logo agora que ela encontrou um homem descente.
Agora é tarde e Inês morreu.
Coitada da Inês, teve menos sorte do que eu.
Quando conseguiu um amado a pobrezinha faleceu.
Mas antes ela do que eu.

(Janderson Felipe)

Ouvindo a expressão "Agora é tarde e Inês é morta" aqui por casa, desde de cedo ficava me perguntando, mas por que a Inês que tem que morrer? Isso ficava me pertubando o juízo e achava que atrás dessa expressão tinha uma poesia. Hoje ouvi novamente essa expressão aqui em casa e resolvi, de hoje não passa, isso tem que virar poesia. Já fui criando na cachola uma maneira de fazer e pensei, "e que tal juntar com outras expressões corriqueiras", a partir daí surgiu a "Vai pra casa da mãe Joana", "Vai pra casa do Chico", "Mas será o Benedito?" (muitíssimo utilizada aqui em casa) e "Antes ela do que eu". Viu, eu mal sabia que no linguajar bem siarense daqui de casa havia uma poesia escondida...

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