"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A longa breve história de JF...

Há poucos e poucos anos atrás nascia na pacata cidade de Acrópolis um sujeito chamado JF que, segundo o que ele mesmo me falou um dia desses, chegou para “amar e mudar as coisas”, fazer o bem aos outros, querer o bem para os outros, ser altruísta, apesar de sua essência egoísta (mas esse lado negro da força somente é conhecido por quem lhe conhece de verdade).
JF nasceu no ano de 1988, logo após um longo período obscuro na história de seu país, esse ano vai marcar o início de uma nova era através da promulgação da nossa Carta Magna. Esse ano também vai marcar a realização dos XXIV Jogos Olímpicos Modernos, em Seoul, talvez em concordância com o ramo que o nosso personagem iria trabalhar, a área da cultura corporal de movimento ou simplesmente EF.
Pois bem, quando me falou de sua história JF não sabia explicar direito como foi o início de sua vida, talvez ele tenha ido direto para a casa de sua avó paterna (Dona Li), “a casa onde eu sempre morei” e com cerca de um ano mudou-se pra uma Cidadezinha do Litoral do belo estado do Siará Grande, mas voltou logo para a sua cidade natal, a sua Acrópolis. Ou talvez ele tenha inventado tudo isso sobre o início de sua vida.
A primeira infância não foi muito lembrada, apenas memórias remotas de brincadeiras com o Irmão, primos e amigos, mas ficaram algumas lembranças que jamais serão esquecidas. Tais lembranças referem-se aos poucos, no entanto, maravilhosos momentos ao lado do Seu Papai (aquele de aspecto físico e caráter gente fina como os de JF atual). Lembranças de idas ao supermercado comprar revistas em quadrinhos, passeios pela lagoa, o dia em que se protegeram da chuva numa cabana de palha ao lado da lagoa, as visitas à casa da Bisavó (a mesma Bisavó que faleceu na casa de JF, momento tristíssimo em sua vida), sempre juntos, ele, o Irmão e o Seu Papai.
Mas logo cedo esses passeios e alegrias tiveram que ser suspensos, o ano de 1992 marcou a ida do Seu Papai para um lugar distante, a sublime Floresta Amazônica, atrás de ganhar “o pão nosso de cada dia”, pena que o destino lhe mandou o pior. JF me disse que ainda lembra com um pouco de esforço da última visão que teve do Seu Papai, era o aceno final do alto da escada que conduzia ao avião, com uma blusa estampada e uma calça longa, adeus papai, pena que fora pra sempre.
No final do ano seguinte, talvez no dia 12 de novembro de 1993, o telefone tocou na casa de JF, quem atendeu foi o Irmão que logo entrou em desespero e passou o telefone à Dona Li. Chegara ao final a viagem de Seu Papai ou talvez fosse apenas o início de uma nova viagem, quem sabe? O dia seguiu tranqüilo até a volta da escola onde fora sido buscado pelo Padrinho e Uma das Tias, no caminho de volta para casa passaram na igreja, naquele momento, mesmo tão moço, JF sabia que havia acontecido algo ruim, desconfiara que realmente nunca mais viria Seu Papai.
Chegando em casa, a mesma estava lotada de amigos e parentes, todos em profunda tristeza e JF chorou mais por ver tanta gente chorar do que por estar sentindo falta de alguém, essa falta, esse vazio, essa lacuna só viria aparecer muitos anos depois, durante a sua adolescência, ah e que falta esse cara ainda faz na vida de JF. Um pai, um companheiro, um confidente, um sujeito mais experiente, faltou essa figura na história de JF.
No dia seguinte, ou talvez dois dias após o telefone ter tocado, viajaram todos para a mesma Cidadezinha do Litoral onde JF havia morado no seu primeiro ano de vida. JF foi pensando que iria se divertir, sem saber ao certo o motivo que levava tanta gente pra lá e chegando na tal cidade viu mais gente ainda, todos tristes. Como tava lotada aquela igreja e como só depois de muito tempo ele foi saber quanto era querido aquele Seu Papai.
JF me disse que estava na porta de casa quando viu chegar um carro longo e dentro estava o corpo de Seu Papai, ele não quis ir vê-lo na igreja, talvez por não entender direito ainda (ele tinha só 5 anos), talvez por medo. Talvez tenha sido melhor, talvez tenha sido melhor ter ficado com o aceno do avião do que com os olhos fechados de Seu Papai. E segue a esperança de JF em um dia voltar a ver Seu Papai, um dia, quem sabe?
Preciso dar um tempo aqui nesta longa breve história de JF, meus olhos pedem um pouco de descanso de tantas lágrimas que caem nesse instante.
Pois bem, Seu Papai se foi, mas ficaram as recordações, alguns brinquedos e revistinhas enviadas por Seu Papai, as lembranças dos telefonemas aos domingos para ouvir a voz de Seu Papai que atualmente é impossível de ser lembrada por JF e também a tristeza de nunca mais poder vê-lo. E após tudo isso JF seguiu morando na mesma casa da vó Dona Li, isso por pedido de Seu Papai antes de viajar, queria que JF e o Irmão continuassem morando com a vó. Sua Mamãe seguiu vivendo na casa da avó materna de JF (Dona H), mas sempre estava a visitar os seus filhotes. Acho que Seu Papai e Sua Mamãe estavam separados antes da viagem eterna, não sei explicar direito, nem mesmo JF sabe, ele nunca foi atrás de saber algo sobre isso. Ah Sua Mamãe, apesar de não estar sempre presente, ela foi e continua sendo capaz de enfrentar todos os empecilhos para ver todos os seus filhotes felizes, agora em companhia da Irmã também.
O tempo passou, JF foi crescendo, sofrendo, aprendendo, vivendo e já aos 10 anos de idade ele se apaixonou pela primeira vez. Como era aquilo? Pela primeira vez JF sentia atração física por outra pessoa, queria estar junto de alguém, ah como eram bons aqueles raros instantes com a pessoa amada, mas nunca aconteceu nada demais me falou JF, era apenas uma Amiga de Escola.
Somente na adolescência JF começou a sentir o sabor de outras pessoas, somente nesse período que ele vai encontrar as verdadeiras paixões, os primeiros beijos, as primeiras namoradas. E cursando o ensino médio, numa escola que mais parecia uma universidade, JF encontrou a pessoa que mudou completamente a sua vida.
JF deixou de ser um sujeito tímido, calado, quieto, inseguro e mudou completamente graças a ela, a Menina que cresceu, virou mulher, mas não perde a meninice. Ela foi a responsável por JF crescer como gente e se tornar muito desse sujeito que ele é hoje em dia. Foram muitos e maravilhosos os momentos felizes que eles viveram juntos, da paixão ao amor mais puro, eles enfrentaram cada etapa, cada felicidade, cada tristeza, cada queda, cada vitória e construíram uma linda história que pode ser retratada em livros ou até mesmo em filmes.
Juntos JF e a Menina que cresceu, virou mulher, mas não perde a meninice descobriram a paixão, o amor, os prazeres, os desejos, o tesão e tudo mais que as pessoas podem sentir uma pela a outra. Riram mais, muito mais, do que choraram, se ajudaram, se tornaram grandes amigos, e se eu disser que a relação de casal entre eles acabou poucas pessoas vão acreditar. Mas a verdade é que o amor sublime que construíram, ah esse nunca vai acabar. JF me disse que está certo que nunca vai esquecer de sua Menina que cresceu, virou mulher, mas não perde a meninice, acredito que ela pode afirmar o mesmo.
JF saiu da adolescência, passou na universidade para estudar EF, fez vários amigos, se formou, virou professor e teve de ir pra bem longe de Acrópolis, talvez isso tenha ajudado a se distanciar da Menina que cresceu, virou mulher, mas não perde a meninice. Lá apareceu uma vida completamente nova, nova em todos os sentidos, JF havia virado um homem feito, foi morar sozinho, aumentou suas responsabilidades, mas até agora acha que está tudo indo tranqüilo, apesar dos pesares. Ah, o nome da cidade, é aquela Cidade Moderninha do Norte.
A longa breve história de JF pode estar chegando ao fim aqui, mas muita coisa falta ser contada, muita coisa mesmo. Quantas pessoas passaram e passarão em sua vida, quantos lugares, quantos sentimentos, quantos aprendizados, quantas tristezas, quantas decepções, quantas alegrias, quantas felicidades, quantos livros, quantas músicas, quantos poemas, quantas coisas cabem numa única história, numa única vida? Aqui talvez esteja os pontos principais de apenas 23 anos (infelizmente lá se vão 18 sem o Seu Papai) que JF acaba de completar e o que será que virá daqui pra frente nessa nova fase da vida de JF? Deixa que "o vento vai responder"...

Um comentário:

Unknown disse...

Owww Janderson!
O JF...sei nem o que dizer!
Owww Dona Li...e a Mamãe...
Seu Papai...Seu Papai não tá longe, diz pro JF que ele tá bem pertinho dele pra sempre, assim como essa menina "réa" gaiata aí!