"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Mate-me...

Mate-me, sentado à beira do mar, com fone alto aos ouvidos e brisa fria a bater em meu corpo, observando a minha mais bela paisagem: os verdes mares do meu querido Ceará. Mate-me, mas mate-me de verdade, para que não tenham chances de eu voltar e estragar tudo de novo. Mate-me, de um jeito que minha cabeça ainda possa ver meu corpo uma última vez ao cair, mas com um golpe rápido, seco e cruel, sem tempo para reagir, sem sentimentos para sentir, sem saber qual foi o último pensamento que raciocinei. Mate-me, numa noite nublada e triste de carnaval, em meio ao relento, sem testemunhas para me ver, sem lágrimas a cair, sem confetes para colorir, sem coveiros para me enterrar. Mate-me, deixe o mar me engolir, os peixes fazerem um banquete de mim e no outro dia o sol ressecar o que sobrou de pele, o que sobrou de couro, o que sobrou de meu ser, apenas mate-me...

Nenhum comentário: