“Reverbera
No baque virado do maracatu
A força e energia dos nossos tambores
É mais uma estrela na noite azul”
(Reverbera - Gabriel Vasconcelos / Filipe Adan)
Agora é para sempre, até durar a força bruta da minha pele
que bate no couro firme do meu tambor. Carne, couro, pele. Morre, nasce,
ressuscita. Segue batendo, batendo, batendo e o som reverberando no baque
pesado do meu maracatu, enquanto o desenho vai permanecendo firme no risco fino
em minha pele.
Agora é para sempre, mais um ano completo e que não vejo a
hora de encontrar minha alfaia e tocá-la com toda diversão, satisfação e emoção
que ela me proporciona. Baquetas, madeira, couro. Ritmos, baques, sons. Ressoa,
deixa fluir, encontra outros tambores, faz uma festa no meio do terreiro,
celebra com alegria a vida de todos nós e dos nossos antepassados.
Agora é para sempre, levarei o que há de mais ancestral em
mim riscado em meu couro, me lembrando que transcendo quando toco Ngoma,
meu pai tambor. Caixa, alfaia, bumbo. Ferro, agogô, xequerê. Levarei o meu
batuque até que cheguem meus últimos dias e meu som siga ressoando universo afora,
na minha mente adentro...
“E
anunciou que a criação não iria parar, que viessem crianças, mulheres e homens
para escutar o Ngoma cantar, dançar e alegrar a vida. É por isso que os bacongos dizem que Ngoma, o tambor, será o pai de todos os que
transgridam a dor em desafios de festa e liberdade. Sua benção, Ngoma,
nosso pai tambor! Nós estamos no mundo para celebrá-lo!”
(Tambor, o Senhor da
Alegria – Luiz Antônio Simas)
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