"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Agora é para sempre...

 

“Reverbera
No baque virado do maracatu
A força e energia dos nossos tambores
É mais uma estrela na noite azul”
(Reverbera - Gabriel Vasconcelos / Filipe Adan)
 
Agora é para sempre, até durar a força bruta da minha pele que bate no couro firme do meu tambor. Carne, couro, pele. Morre, nasce, ressuscita. Segue batendo, batendo, batendo e o som reverberando no baque pesado do meu maracatu, enquanto o desenho vai permanecendo firme no risco fino em minha pele.
Agora é para sempre, mais um ano completo e que não vejo a hora de encontrar minha alfaia e tocá-la com toda diversão, satisfação e emoção que ela me proporciona. Baquetas, madeira, couro. Ritmos, baques, sons. Ressoa, deixa fluir, encontra outros tambores, faz uma festa no meio do terreiro, celebra com alegria a vida de todos nós e dos nossos antepassados.
Agora é para sempre, levarei o que há de mais ancestral em mim riscado em meu couro, me lembrando que transcendo quando toco Ngoma, meu pai tambor. Caixa, alfaia, bumbo. Ferro, agogô, xequerê. Levarei o meu batuque até que cheguem meus últimos dias e meu som siga ressoando universo afora, na minha mente adentro...
 
“E anunciou que a criação não iria parar, que viessem crianças, mulheres e homens para escutar o Ngoma cantar, dançar e alegrar a vida. É por isso que os bacongos dizem que Ngoma, o tambor, será o pai de todos os que transgridam a dor em desafios de festa e liberdade. Sua benção, Ngoma, nosso pai tambor! Nós estamos no mundo para celebrá-lo!”
(Tambor, o Senhor da Alegria – Luiz Antônio Simas)

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