Um lunático.
Um lunático na janela.
Um lunático na janela esperando.
Um lunático na janela esperando alguma
coisa.
Um lunático na janela esperando
alguma coisa cair do céu.
Caiu, choveu, molhou! Como eu
previa, começou a chover e a ventar forte. Ela está aqui bem pertinho de mim,
iluminada por uma luz artificial de poste, ela não cai reta, cai em diagonal,
com um vento vindo do leste e com a força de quem inundará muitos lugares.
Eu realmente sou um lunático ao
observar tão de perto essas coisas, mas um lunático sem lua. Infelizmente hoje
ela não apareceu, têm nuvens escuras demais cobrindo todo o céu da minha
cidade. Não sei se ela já nasceu ao leste, se está se pondo a oeste ou se está
bem em cima de mim no zênite. Ah, não sei, fica para outra ocasião a sua observação,
no momento eu observo a chuva.
Os céus são incríveis, nos privam
de uma deusa, mas nos mandam uma princesa. A chuva me faz refletir, me deixa
mais abobalhado do que eu já sou, ainda mais nesses dias de isolamento. Sei lá,
parece tudo tão irreal e ilusório. Quando a gente vai sair disso aqui? Parecemos
moscas perambulando de lá pra cá dentro da nossa própria casa, dentro de nós
mesmos. E o que a gente faz com as moscas?
Junto com a chuva vem o frio e junto
com o frio vem a vontade de chorar, mesmo sem ter nenhum motivo aparente para
isso, chorar mesmo só por causa da condição humana. Ah, esquece! Vocês ainda
não estão preparados para isso. São apenas as vãs filosofias, os textos não lidos
e os gritos no silêncio de um lunático, e o pior, um lunático na janela vendo a
chuva cair...
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