"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Última do ano...

Cheguei ontem às 23h22 da última viagem do ano de 2010, foram cerca de 220 km, ou um pouco mais, de mais uma das 22 viagens (todas confirmadas nos bilhetes que guardo na minha carteira) que fiz esse ano pela BR-222 a bordo do “Expresso 2222”. “Daqui pra ali, de lá pra cá” pude escutar vários sons aqui do Brasil e de algumas outras partes do mundo também, foram cerca de 2200 músicas que rodaram na minha caixinha de música digital nesses quase 5000 km percorridos durante todo o ano. Se fizermos as contas, tirando que as viagens mais rápidas duravam umas 3h30 e as mais lentas 5h, foram 99h (ou mais de 4 dias) dentro do buzão só viajando de Sobral a Fortaleza, tirando a viagem que fiz esse ano ao Crato. A repetição de 2 nesse parágrafo são meras coincidências ou não?
Foram 22 viagens seguindo Fortaleza, Caucaia, São Luís do Curu, Umirim, Itapajé, Irauçuba, Forquilha e Sobral, voltando Sobral, Forquilha, Irauçuba, Itapajé, Umirim, São Luís do Curu, Caucaia e Fortaleza. Confesso que em muitas dessas viagens algumas lágrimas caíram no meu rosto. Algumas eram lágrimas de tristeza por deixar para trás pessoas queridas e que eu amo muito, mas na maioria das vezes eram lágrimas de felicidade por ir reencontrar aquelas mesmas pessoas e principalmente por estar sabendo que eu estava vencendo nessa nova fase de vida que escolhi pra mim nesse ano. A viagem estrada à fora, cabeça adentro e com músicas para embalar, ajuda a me sentir mais vivo, ajuda a pensar em tudo que estou fazendo, onde estão os erros, onde estão os acertos, e me traz um imenso prazer em saber que está dando tudo certo. Pensei que seria mais difícil, mas estou tirando de letra, pelo menos eu acho.
Antes de sair ontem de Sobral pensei que, por ser a última do ano, aquela viagem deveria ser especial. Entenda especial como algo fora do comum, do normal, do que sempre acontece nas viagens. Lá ia eu novamente na janela, após ler mais um pouco de “As veias abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano (que não acaba nunca), escutando um pouco de música, olhando para o breu que passava pela janela, contando os quilômetros que passavam nas placas de trânsito, calculando o tempo que restava para chegar, até que chegamos à Itapajé, cerca de 130 km de Fortaleza. Como sempre, paramos na rodoviária, uns 15 minutos para tomar aquele lanche, ir ao banheiro, sentir um pouco de frio, retornar ao ônibus, seguir viagem, até que repentinamente o ônibus para e todos ficam sem saber o que aconteceu, só depois de uns 10 minutos que o motorista havia descido ele vai informar que ocorreu um problema no pneu, tivemos que dar a volta e paramos em um posto para consertar. Ainda bem que ainda estávamos perto de Itapajé e o conserto do pneu foi rápido, cerca de 20 minutos. Além disso, essa foi uma das poucas viagens que viajei sem ninguém ao lado, é tão bom não ter que dividir aquele pequeno espaço com mais alguém, sem ter braço cutucando sua barriga, ter liberdade pra esticar as pernas, me lembra até um trecho do “Estorvo” de Chico Buarque (não é música, é livro). Isso foi o que aconteceu de diferente nessa viagem, isso foi o especial. Mas que especial nada especial viu, affff. Mas não deixaram de ser coisas fora do comum, do normal. Não sei por que perdi tempo contando isso, só pra lembrar do “175 nada especial” d’O Pensador.
Acabou, foram 22 viagens nesse ano, que o próximo ano venha com mais, e “que venha em paz o ano que vem, que venha em paz o que o futuro trouxer”...