"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O céu do dia em que eu nasci...


Eram vinte e uma horas e quarenta e cinco minutos do dia vinte de fevereiro de mil novecentos e oitenta e oito, o céu do dia em que eu nasci estava com o formoso Sol brilhando na constelação de Aquário e com a Lua nova quase que beijando Vênus na constelação de Peixes, todos sendo observados pelo imponente Júpiter. Mais além, Mercúrio observava um fato curioso, Marte, Saturno e Urano andavam de mãos dadas pelas bandas da constelação de Sagitário, pareciam três amigos se divertindo num parque em um dia de sábado. Netuno estava também por aqueles lados procurando se juntar aos amigos e lá distante o solitário Plutão (que ainda era considerado um planeta) só observava toda essa maquinaria universal se movendo.
Enquanto isso, um bebê nascia aqui na nossa amada mãe Terra e olhava pela janela da maternidade para o lado do nascente, mas, infelizmente, todos esses astros que foram citados já estavam dormindo, pois já era noite, ele só conseguiu ver um formoso Leão que já estava alto no céu. Mas não teve problema, aquele bebê teria toda uma vida para observar e aprender sobre todos os astros que a partir de um momento de sua vida ele passou a amar e admirar cada vez mais.
E o que toda essa maquinaria universal tem a ver com o que eu sou hoje? Nada, nada, nada. Acredito que os astros não dizem nada sobre a personalidade de ninguém, mas dizem tudo sobre a criação e origem de todos nós, afinal, viemos todos lá de cima. Astrologia X Astronomia, isso tudo é uma outra história.
E o bebê cresceu e há cinco anos escrevia aqui no blog um texto chamado "Cheguei aos 21..." e falava sobre o terceiro passo dado na sua vida, me referia a adultez que chegava de vez. Incrível como o tempo de cinco anos hoje é totalmente diferente do tempo de cinco anos de quando éramos crianças, naquele tempo demorava séculos para se passar cinco anos, hoje em dia cinco anos foram apenas um piscar de olhos.
Pisquei os olhos, me olhei no espelho e percebi um rosto mais marcado com rugas, mais castigado pelo sol, com mais espaços vazios entre os cabelos, mas se pensa que vou me lamentar por isso, pelo contrário, me sinto orgulhoso pelo tempo e experiência que ele me deu. Como é bom se ter experiência, como é bom cometer erros para aprender com eles e até mesmo continuar errando com eles, toda uma vida se passa e se evolui. E evolução de forma alguma quer dizer melhora, evolução significa se transformar, aprender mais sobre si mesmo com o tempo.
Apesar do tempo ter passado, das experiências terem aparecido, ainda me sinto com a cabeça de um adolescente, com poucas pitadas de adulto. Porque como é chato ser adulto, como adultos são chatos. Seus problemas viram causas impossíveis, prefiro ficar com o eterno sonho adolescente de que a vida vai ser do jeito que eu quero, e ela vai ser mesmo. E que venham os cabelos brancos, mas continue o espírito jovem.
E há cinco anos eu também escrevia sobre "Quando eu crescer...", que falava sobre possíveis profissões que eu queria ter. A profissão atual que me sustenta é realmente a de professor de Educação Física, que me faz feliz, mas que não penso muito sobre ela, sobre como eu atuo. É aquela coisa, quando se passa a fazer algo todos os dias, a coisa passa a ficar automática, você esquece de pensar sobre ela. Com isso, me deixei levar por tantas outras coisas que muito me interessam e podem até virar uma "profissão oficial" no futuro.
Hoje, por exemplo, já me sinto mais um músico do que há cinco anos atrás, ainda não sou um violonista exemplar, mas dá pras pessoas me ouvirem sem problema e já fiz algumas apresentações e até um show que foi uma das melhores coisas que já fiz na vida. Também me deixo levar pela escrita, poesia e filosofia, tá tudo interligado, uma coisa puxa outra, tudo se encaixa, minha ânsia por escrever, por demonstrar meus pensamentos em palavras escritas continua, mesmo sendo tudo isso uma eterna vã filosofia. E mais recentemente me achei definitivamente não como astronauta, mas como astrônomo, e com isso me completo em minhas questões, descubro que Deus na verdade é o próprio cosmos e tudo que nele existe ou como dizem Os Mutantes, eu posso até mesmo "pensar que Deus sou eu".
Enfim, hoje/ontem cheguei aos 26 e já se foi metade deste terceiro passo da minha vida. Que venham mais anos para eu continuar aprendendo com os outros, comigo mesmo, com os detalhes da vida. E como dizem os astrônomos numa forma de saudação e de coisas boas "céus limpos para vocês!"...

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O Fascínio do Universo...


"Não somos nem o ápice nem o final da evolução, somos apenas uma espécie transitória. 
[...] 
Daqui a cinco bilhões de ano, o Sol inchará em forma de gigante vermelha, expelindo uma bela nebulosa planetária enquanto seu cadáver se contrai numa bola escura, milhões de vezes mais densa que o ferro. Impulsionado pela energia escura, o universo continuará expandindo-se de forma acelerada, ficando cada vez mais rarefeito, frio e escuro.
Neste universo em que os próprios astros são transitórios, a humanidade não é mais que um brevíssimo capítulo. Embora microscópica no tempo e no espaço, é ela quem conta essa grande história."
(O Fascínio do Universo, organizado por Augusto Damineli e João Steiner)

E cada vez que leio mais sobre Astronomia, cada vez mais me afasto das crenças e valores religiosos, cada vez mais tenho fé na ciência. É o momento em que diversas questões da minha vã filosofia passam a ser respondidas, questões estas não só minhas, mas de toda a humanidade, durante toda a sua história.
Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? Na encruzilhada que separa a filosofia da ciência e a ciência da religião, é lá que eu me encontro, me respondo tais questões. E está tudo lá no alto, no infinito, viemos das estrelas e nossa principal estrela num futuro distante nos levará.
E cada vez mais acredito no inusitado acaso que formou tudo que existe, a Grande Explosão que deu origem a tudo, cada vez mais nos vejo quão pequenos e passageiros somos todos nós de nossa espécie, cada vez mais vejo que somos apenas um acaso da evolução.
Até agora somos apenas 200 mil anos de uma breve história que valeu a pena de ser vivida, contada e, principalmente, de ter descoberto tudo isso de que conhecemos hoje, são o passado e o futuro presentes em nós mesmos. E quantas mais questões filosóficas, científicas ou religiosas serão levantadas? Que venham todas para que a gente consiga respondê-las. Mas até quando? Até mais 5 bilhões de anos talvez.
E "quando o segundo sol chegar para realinhar as órbitas dos planetas, derrubando com assombro exemplar o que os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa", infelizmente, acredito que não terá havido tempo para outro sol, pois já terá ocorrido "o fim da aventura humana na Terra"...

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Duo

Eu tô tão estranho
Que nem sei mais se seus olhos são castanhos.
Eu tô tão irado
Que já me sinto muito cansado.

Eu tô me afastando para poder ficar mais perto.
Eu tô fazendo o errado para depois fazer o certo.
Eu tô bem de baixo para poder subir.
Eu tô te explicando para te confundir.

Eu tô lá em cima para poder te ver.
Eu tô te confundindo para te esclarecer.
Eu tô imitando o seu tom.
Eu tô tentando saber o que é bom.

Por isso eu vou me perder por aí no escuro,
Visitar as luas de Júpiter e os anéis de Saturno.
Por isso eu vou viajar por aí na escuridão,
Puxar as barbas de Netuno e também as de Plutão.

E eu vou andando de mãos dadas com a sorte,
Sendo feliz com a vida e tendo pena da morte.
E eu vou fugindo para o alto das colinas,
Esperando um menino nascer ou talvez uma menina.

Mas nessa vida, ninguém sabe o que vai acontecer
Até que aquilo aconteça.
Às vezes é tarde demais
Para que a felicidade floresça.

Mas nessa vida, quem você acha que vai ficar só um instante
Acaba ficando para a vida inteira.
E quem você acha que vai ficar para sempre,
Já se foi há muito tempo sem dar bandeira.

(Janderson Oliveira)

"Eu tô te explicando pra te confundir. Eu tô te confundindo pra te esclarecer", e o seu Tom Zé sempre inspirando as minhas loucuras...