quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Era 12 de novembro...
quarta-feira, 5 de novembro de 2025
Entre sim, não e talvez
terça-feira, 26 de agosto de 2025
É MARA-CATU...
Ostinato incansável que toca sem parar, claves que seguem
firmes a marcar, mantendo o padrão rítmico para os demais instrumentos batucar.
Cada batida em seu corpo metálico é uma mensagem a ser decifrada por quem está
a escutar. É um chamado antigo, trazido por seu mensageiro Exu. Nas mãos do
tocador, ele se faz presente com leveza e precisão, abrindo os ouvidos da
multidão. Quando o agogô ressoa, é sinal de que o batuque vai começar. É som de
encruzilhada no compasso Solar, tocando um maracatu, uma congada ou um ijexá...
Com as mãos firmes e dançantes a lhe segurar, lembra até um
trem no seu balançar. O tocador vira um maquinista a lhe guiar, sempre no seu
“piuí tcha tcha tcha”. No xique-xique gostoso, no compasso prum lado e pro
outro, é um bailado que também lembra as ondas do mar, um vai e volta da maré
Solar, um remelexo bonito de mamãe Iemanjá. Enche o pote, seca o pote. Enche o
pote, seca o pote. Segura o agbê com sua saia rodada que ele chegou para
chacoalhar...
Acelerada, apressada, avexada, lá vem ela toda se amostrando, com seus toques finos de tão agudos, com sua esteira tamborilando serelepe na pele do tambor. Difícil de se tocar, mas gostosa de se ouvir. As mãos precisam ser ágeis para lhe atacar em seus tempos binários, com suas colcheias e semicolcheias, com suas levezas e acentuações. O preenchimento é o seu objetivo, não pode nunca deixar de soar. Vem como ventania de Oyá, traz a métrica do batuque Solar, é a caixa que não pode parar...
É o que tem de mais ancestral em nós seres humanos, é o
ritmo que impulsiona a vida, é o pulsar que nos faz sentirmos vivos. É a força
bruta, mas suave, é o couro morto, mas que ressuscita, é o baque pesado, mas
sutil. É a extensão do meu corpo, é o movimentar dos meus braços, é o dançar
coladinho a ela. É o ressoar, é o reverberar, é o deixar fluir. É a diversão, é
a satisfação, é a emoção. É o entrar em transe ao som dos toques, é o ir para
outro universo com as suas batidas, é o transcendental que cura qualquer mal. É
a comunicação antiga que chega aos meus ouvidos, é o falar dos meus
antepassados, é Ngoma, o meu pai tambor. Tudo isso é a minha alfaia que se
junta a tantas outras para celebrar numa festa Solar...
A pisada forte no chão, o pulsar do meu coração. O guia que me rege, o bater do tambor que me protege. A firmeza da batida é o que lhe marca, a explosão do som é o que lhe diferencia no batuque Solar. A marcação deve ser feita no momento certo, na exatidão do instante, no segundo mais preciso, só assim para acertar forte no peito de todos que estão ao seu redor. Esse é o bumbo que vem para fechar o batuque com o seu som grave, ele vem trazendo a força do trovão de Xangô...
quinta-feira, 10 de julho de 2025
Zambi quer bailar
domingo, 6 de julho de 2025
Mãos delicadas/calejadas...
Foto de Bruna Marques (@brunamarques.photo)
É preciso mãos calejadas para se tocar um instrumento.
Mãos calejadas da lida, mãos calejadas da vida, mas a delicadeza que só tem nas mãos de quem toca um instrumento.
E aquele menino que aprendeu a usar as mãos escutando o som das primeiras notas na rabeca ao pé do ouvido, se transformou no Mestre que puxa a cantoria que se estende ao longo da noite.
É ele quem mantém a cultura popular do forró, do coco e da embolada viva e que vai passando de geração em geração.
O tempo também vai passando e mais gente se admirando com o som daquele instrumento.
E aquelas mãos?
Aquelas mãos vão envelhecendo cada vez mais calejadas... e delicadas... e calejadas... e delicadas...
sexta-feira, 4 de julho de 2025
O meu amor é fluido
Ele transborda pra vários lugares
Feito muitos braços de rio
Ele molha várias paisagens
Corre quente de cima até embaixo
Percorre vários canais
Faz um mar onde antes era riacho
Ele transborda pra todos os lados
Molha montes e florestas
Banha cachoeiras e lagos
Flui pelo leito encharcado
Na beirada do abismo
Penetra no vale encantado
Ele só quer desembocar
Na tua beira de rio
Ele só quer se derramar
Escorre por picos e montanhas
Mas no final sempre desemboca
Lá onde toda a vida se banha
quarta-feira, 2 de julho de 2025
Jesus tem o rosto de mulher
E ela é negra
Jesus é a cara de Maria
Maria de Nazaré, Maria das Dores, Maria das Graças
E de tantas outras mulheres que só vivem na desgraça
E Jesus tem a cara de todas elas
Sejam das periferias, sejam das favelas
Mulheres mães, mulheres meninas
Mulheres trans e até não femininas
Menina mulher da pele preta
Todas elas têm a cara do Brasil
Metade do mundo é formado por elas
E a outra metade são os filhos delas
Então por que deixá-las com tanta dor?
Então por que recusar-lhes o amor?
Volta Jesus, vem tuas filhas salvar
Ensina aos homens que a elas devem amar







