Saí do Brasil profundo para o cartão-postal do Brasil. Em
uma semana estava em Santana do Cariri, cidadezinha distante de qualquer outro
lugar, ubicada na Chapada do Araripe. Na outra semana estava no Rio de Janeiro,
uma cidade maravilhosa, imensa, com seus lugares distantes, antiga capital do
nosso país.
Em uma semana estava em meio a centenas de romeiros se esbarrando na romaria da Menina Benigna, a santa da cidade, de origem humilde e que hoje já é beata pela igreja católica. Na outra semana, estava me esbarrando em centenas de turistas, buscando o melhor ângulo para a foto aos pés do Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo moderno, o maior símbolo da igreja católica.
Em uma semana estava em meio a centenas de romeiros se esbarrando na romaria da Menina Benigna, a santa da cidade, de origem humilde e que hoje já é beata pela igreja católica. Na outra semana, estava me esbarrando em centenas de turistas, buscando o melhor ângulo para a foto aos pés do Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo moderno, o maior símbolo da igreja católica.
Em Santana do Cariri se vai em busca de realizar um pedido,
de alcançar uma graça perante a beata menina. Para o Rio de Janeiro, se vai
somente para tirar uma foto, não há expressões de fé. Em um lugar o puro povo
religioso, no outro, o puro turismo espetaculoso. Que contradição de lugares,
que contradição de propósitos.
O Brasil do sertão não é o mesmo Brasil do turismo, mas em ambos os lugares o povo é explorado, explorados pelo Estado, pelo crime, pelo massacre. A semana do Rio foi aquela que marcou uma chacina do governo do próprio estado. Centenas de favelados mortos para garantir a ordem de um governador que não sabe atuar. Enquanto em Santana, o povo segue sendo explorado pela fé, acreditando que aquela é a única opção para a salvação de suas almas.
E quem vai proteger esse povo, a menina do vestido vermelho de bolinhas brancas ou o Cristo com seus braços abertos abençoando a cidade? Onde subirei para melhor ver o Brasil verdadeiro, no alto do Pontal da Santa Cruz ou no alto do Morro do Pão de Açúcar? Lá de cima, eu vejo o verde seco do sertão cearense. Lá de cima, eu vejo o verde azulado do mar carioca. De um lado um Brasil onde ainda se vive, do outro, um Brasil que apenas se vende. Que contradição de lugares, que semelhança de ideias...
O Brasil do sertão não é o mesmo Brasil do turismo, mas em ambos os lugares o povo é explorado, explorados pelo Estado, pelo crime, pelo massacre. A semana do Rio foi aquela que marcou uma chacina do governo do próprio estado. Centenas de favelados mortos para garantir a ordem de um governador que não sabe atuar. Enquanto em Santana, o povo segue sendo explorado pela fé, acreditando que aquela é a única opção para a salvação de suas almas.
E quem vai proteger esse povo, a menina do vestido vermelho de bolinhas brancas ou o Cristo com seus braços abertos abençoando a cidade? Onde subirei para melhor ver o Brasil verdadeiro, no alto do Pontal da Santa Cruz ou no alto do Morro do Pão de Açúcar? Lá de cima, eu vejo o verde seco do sertão cearense. Lá de cima, eu vejo o verde azulado do mar carioca. De um lado um Brasil onde ainda se vive, do outro, um Brasil que apenas se vende. Que contradição de lugares, que semelhança de ideias...
