"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

domingo, 22 de setembro de 2024

Tá bonito pra chover...

Açude Lima Campos (Icó)

“Tá bonito pra chover” é uma das expressões mais belas e gostosas de se falar por essas bandas do Ceará. Se em outros lugares o fato de chover não é tão bom assim, aqui a chuva é a nossa alegria, a nossa felicidade. É quando começa a se formar o tempo, tudo vai escurecendo, as nuvens ficando pesadas, é o céu lindo, cinzento, com clarão entoando o seu refrão, um prenúncio que vem trazendo alento da chegada das chuvas no sertão.
“Tá bonito pra chover” é a chuva que vai molhar a terra seca e fazer voltar a folhagem para os pé-de-pau, é o chão rachado que vai desaparecer, é a plantação que vai voltar a aparecer. São os pássaros começando a se esconder entre as folhas das árvores, são os bichos tudo se escondendo para não se molhar e as pessoas indo buscar seus abrigos debaixo da laje.
“Tá bonito pra chover” é o limiar entre o calor que vai embora e o toró que já vai cair, é o inverno grande chegando para o ano, são os açudes tudo sangrando, é a lata na cabeça para ir buscar água no cacimbão cheio, é aquela água que vai matar muita sede, é aquele sorriso que vai voltar ao rosto do cearense.
“Tá bonito pra chover” é o diminuir da quentura, o aproveitar da frieza, é o verde espalhado pelo sertão, é a fartura que vai chegar, são as crianças correndo atrás de uma bica d’água pra se meter embaixo, é o banho de felicidade escorrendo pelo corpo e pela alma, é o renascer da esperança para o povo do Siará Grande...

quinta-feira, 27 de junho de 2024

O romance de Orión e Selene


Orión era um caba destemido, corajoso e forte.
Mas no amor, o póbi tinha era pouca sorte.
Foi se apaixonar logo por quem? Selene, a deusa lua,
Que vivia passeando pelo céu, a bichinha toda nua.
Mas tu quer saber como se deu esse romance de amor e traição?
Te assenta aí e acompanha comigo essa esculhambação.
Orión era caçador dos bons, zanzava pela Grécia Antiga,
Andava com seu cão Sirius e vivia assobiando sua cantiga.
Orión pela irmã de Apolo acabou se enrabichando
Disse para a Grécia toda que Selene ele estava amando.
Selene é a mesma deusa Artêmis, a irmã gêmea de Apolo,
Aquele que só queria ser as prega, chega nem pisava no solo.
Selene soube da história e pelo caçador se encantou,
Caiu nas suas lábia e por Orión se apaixonou.
Mas Apolo inventou que era deus, do sol e também da caça
E foi por causa disso aí que começou toda a desgraça.
Tu acredita que ele pegou nojo do coitado do Orión?
Saiu até se gabando só por ter matado uma cobra das píton.
Apolo tinha ciúmes da irmã e ficou puto com essa notícia
Mandou caçar Orión desde a Grécia até a Fenícia.
Ele mandou um Escorpião gigante para picar o caçador
E nem com toda as manha o Orión escapou.
Foi atacado e picado pelo bicho peçonhento,
Tudo culpa de Apolo, aquele fela lazarento.
Hoje em dia Orión e Escorpião são duas constelações lá no céu
Vivem andando em lados opostos, cada um cumprindo seu papel.
Já Selene, a deusa lua, chora esperando o seu amado
Sem saber se está vivo ou morto o póbi do coitado.
Mas eu acredito que Orión jamais vai desistir de sua caçada,
Vai rodar pelo céu inteiro até encontrar a sua amada. 

(Janderson Oliveira)

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Floreou


 Será que é chegada a hora?
Vem cá florear a minha vida
Trazer arte aos meus dias
E sorrisos à minha boca

Vem olhar em meus olhos 
Cachear em meu peito
Cantar em meu ouvido
Descansar em minha pele

Só vem
Traz pra mim esse sorriso
Esse olhar de menina
Esse sentimento bom que nós sabemos

Será energia pra mover os próximos dias
Quiçá os próximos anos
Quem me dera se forem muitos
Até o mais tardar de nossas vidas

Preciso desse teu sorriso
Um nova cor pro meu jardim
Será vapor crescendo no peso do meu coração
E será todo dia especial

Espere por mim, morena
Eu chego já, já
A estrada é longa
Mas o que a gente sente é maior

E no final
Será melhor errar amando 
Do que acertar chorando

(Janderson Oliveira)

terça-feira, 28 de maio de 2024

Um terreno...


Um terreno que lembra um espaço no tempo. Um tempo que traz memórias antigas, muito antigas, memórias que já faz décadas. Um espaço bonito e pueril, cheio de alegrias bobas, de brincadeiras de crianças, de aventuras que ficaram lá atrás. Caminhos inteiros para percorrer até o rio, uma corrente de água para pescar, arames farpados para superar, árvores com frutas para colher, bichos cantando para nos envolver. Mistura de férias com amizades, mistura de liberdade com medos. Vontade de correr por lá, de desbravar tanta terra, de encontrar coisas novas. Isso tudo é o terreno, o terreno do vô, o terreno da vó, o mesmo terreno por onde passou o pai, os filhos e as netas. Nós passaremos, o terreno continuará lá...