"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

domingo, 5 de outubro de 2014

Minha Casa...


A mesma e única casa, era uma casa muito engraçada, pois tinha teto e tudo que mais nela precisava, além disso, todos podiam entrar nela sim, pois era feita com muito esmero, na rua da igreja, número 14. Não era "A Casa" famosa como de Natércia Campos, mas era a casa da qual guardo muitas lembranças afetivas. 
É a casa do vô e da vó, aquela que escolheram ficar definitivamente depois de terem vindo do interior, a mesma com tantas boas e más histórias, onde um dia já morou toda a família e por onde passou tanta gente. Legal pensar que meu pai também morou lá com todos seus irmãos e irmãs, a mesma casa onde cresci, vivi e vi passarem tantos primos e amigos. 
A mesma casa onde descobri segredos de meu corpo e do corpo de outra pessoa, a casa onde derramei tantas lágrimas e criei tantos risos. A casa que ficou lotada na perda de meu pai e de minha bisavó é a mesma casa que já ficou lotada em tantos aniversários e outras festas. A casa onde hoje vemos meu avô definhar é a mesma casa onde já vimos nascer tantos entes da família. A casa onde já passei uma virada de ano sozinho é a mesma casa onde já celebramos os meus diversos aniversários, as minhas aprovações, a minha formatura, o meu casamento.
Ainda tenho lembranças de como era a casa antigamente, antes da grande reforma, com um portão grande à frente e uma antessala, depois da reforma o portão ficou ainda maior, a casa cresceu também para cima e por causa daquela escada giratória hoje tenho panturrilhas bem definidas. Também posso dizer que ajudei na reforma da casa carregando cimento e tijolos para onde fosse preciso.
A casa onde morei por mais de 20 anos e sei que sempre posso voltar, por mais que eu tenha saído há algum tempo, eu sei que é "a mesma e única casa, a casa onde eu sempre morei"...

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Universo Particular

No meu universo tão particular
Eu não penso como a maioria
Eu não sou como você queria
No meu universo tão particular
Eu tenho tanto a te falar
No meu mundo tão singular
Eu tenho tanto a te perguntar

O que é mais importante?
O livro sagrado de qualquer religião
Ou a poesia do meu refrão?
Será a força da bomba atômica
Ou será a tolice da minha crônica?

O que é mais contraditório?
A guerra pela paz a cada dia
Ou a luta pelo pão de cada dia?
Será a alegria no silêncio
Ou será a voz que canta o que penso?

O que é mais enigmático?
O sorriso de Da Vinci
Ou a orelha de Van Gogh?
Serão os dois olhos de Picasso
Ou será o meu próprio fracasso?

O que é mais importante?
A Divina Comédia de Dante
Ou a poesia de Cervantes?
Será o que ainda virá adiante
Ou será tudo aquilo que eu fiz antes?

Enquanto tudo isso passa eu penso
Que toda madrugada eu acordo
E vejo as luzes que brilham lá fora
Enquanto tudo está escuro aqui dentro
No vazio do meu apartamento
No meu universo tão particular
Eu observo toda cidade
Mas ninguém traz minha felicidade