"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

domingo, 4 de agosto de 2013

Voyager...


“Nossas atitudes, nossa pretensa importância, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, em meio a toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos.”
(Pálido Ponto Azul - Carl Sagan)

Somos fracos frutos do acaso, um descaso do destino. Somos pobres viajantes paridos pelo caos, meros espectadores do universo. Somos imperfeições que deram certo, mutações da natureza. Somos sérios seres insignificantes, uma raridade em forma de vida. Somos poeira das estrelas, uma disparidade dos céus. Somos acidentes de percurso, perdidos no curso do tempo e do espaço sideral. Somos um conjunto de átomos, como tantos presentes por toda parte. Somos detalhes de uma irradiação fóssil, dilapidados só como se fôsseis. Somos náufragos da nau à deriva, passageiros de um pálido ponto azul.
Nada de divino entre nós, apenas somos a evolução de outros animais. Nada de diferente dos outros, somos todos iguais. Nada de holofotes sobre nós, apenas somos um filete de luz no escuro. Nada de astrônomos ou astronautas, na verdade, nada mais somos do que astrólogos tentando desvendar o futuro. Nada de superioridade, não estamos no centro, somos a periferia do universo, o giro que chegará ao fim.
Enquanto isso eu estou aqui, no limite do que era infinito até anos atrás, na beira do espaço profundo, saindo do Sistema Solar depois de uma longa viagem pela escuridão até chegar ao espaço interestelar.  Eu estou aqui apenas observando-os girar, girar e girar em torno de uma estrela que um dia se apagará. Até quando, meu Deus, até quando?...