"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Do caos ao cosmos...


Instintivamente estou de volta, assim como já fui antigamente, nada sereno quanto a deusa Selene que me mostra em seu sorriso amarelo que devo seguir em frente. E lá em cima no zênite, quando é quarto crescente, em meio a tantas estrelas dissonantes, me lembro do meu coração pulsante e sigo meu caminho adiante.
Integralmente volto a ser, assim como já quiseram me ver, nada brilhante quanto o deus Hélio que me revela todo mistério do ido, doído, do vindo. E lá no alto do céu radiante, me lembro de como era antes na minha pobre mente sã, devo amar as pessoas como se não houvesse amanhã.
Mas percebo que o futuro já não é mesmo como era antigamente, pois o mundo não é mesmo parecido com o que vejo. As plantas, as pessoas, os animais, tudo bombardeado por explosões atômicas e oníricas, transformando cada ser vivo em uma nova espécie vinda lá do alto, do infinito, da estrela mais distante, da galáxia mais distante. E tanto aqui quanto lá estão presentes os mesmos elementos de carbono e oxigênio, de ferro e hidrogênio, que se combinam para viver ou para matar, para dar vida ou para tirar. E infelizmente, nesse jogo de quebra-cabeça atômico, os seres ditos mais inteligentes são aqueles mais deprimentes, a única espécie que levará à sua própria extinção.
Do caos ao cosmos, do cosmos ao caos, vou lembrando de todos e de tudo que já me fizeram mal. Lembro que tudo e todos são tão insignificantes a nível universal, no entanto, decisivos demais a nível mundial. Mas seguem sem carisma, sem carinho, sem conselhos, com conflitos. Por isso seguem sendo aflitos, tendo apuros, sendo atores, sem amores.
Atores numa vida real de riso ou de dor, desvendando as belezas que há no céu e os males que há na terra, seguem todos esperando por uma nova era. Era do caos que virá na explosão solar ou era da esperança perdida no cosmos do lado escuro lunar?
Esqueço tudo isso e observo as estrelas começarem a cair como lágrimas no meu rosto. Aquelas brilham, brilham, brilham, até que cansam e se apagam para sempre. Estas escorrem, escorrem, escorrem, até que cansam e se guardam para sempre. E no meio de tudo estou eu, tentando secar as lágrimas e repor as estrelas em seus devidos lugares, buscando a serenidade de Selene e o brilhantismo de Hélio. E no meio de tudo estou eu, tentando juntar os insignificantes para lhes dar carisma, carinho, conselhos, amores, sem serem aflitos, sem conflitos, sem apuros, sendo atores. Atores de sua própria novela, protagonistas de sua própria vida, buscando e entendendo seus lugares no cosmos, esquecendo um pouco do caos que os move...

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