"Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino"...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Quantas vezes?... ou Brincando de passado e futuro...

Quantas vezes esse texto vai ser lido pelos olhos desta pessoa que acaba de escrevê-lo? Quantas vezes ele será lido por quaisquer outros olhos? Quantas vezes meu coração bateu no minuto anterior? Quantas vezes ele irá bater daqui pra frente? Quantas vezes este ser foi capaz de amar? Quantas vezes serão capaz de amar este ser? Quantas vezes essa mente foi capaz de guardar as melhores lembranças? Quantas vezes essa mesma mente apagará as piores recordações? Quantas vezes os sonhos se tornaram realidade? Quantas vezes a realidade não passará de um sonho? Quantas vezes risos rolaram na cama semana passada? Quantas vezes lágrimas rolarão no rosto mês que vem? Quantas vezes o sol apareceu no horizonte nos dias de verão? Quantas vezes a lua iluminará as noites de inverno? Quantas vezes a natureza poupou nossas vidas? Quantas vezes as tragédias acontecerão sem que o homem se conscientize? Quantas vezes as bússolas foram quebradas? Quantas vezes os mapas serão rasgados? Quantas vezes bruxas foram jogadas na fogueira? Quantas vezes as fogueiras se apagarão? Quantas vezes o horóscopo disse o futuro incerto? Quantas vezes o futuro será com ninguém por perto? Quantas vezes tive de jogar jogos de azar? Quantas vezes a sorte baterá à minha porta? Quantas vezes o jogo acabou aos 45 do segundo tempo? Quantas vezes o jogo nem começará? Quantas vezes brincamos de polícia e bandido? Quantas vezes o bandido matará a polícia? Quantas vezes a cena do crime foi reconstituída? Quantas vezes os crimes ainda acontecerão? Quantas vezes Deus desceu à terra junto aos homens? Quantas vezes homens subirão aos céus? Quantas vezes a maré encheu há milhões de anos? Quantas vezes o mar secará no próximo milênio? Quantas vezes choveu em Sobral? Quantas vezes fará sol em Fortaleza? “Quantas vezes eu estive cara a cara com a pior metade? Quantas vezes a gente sobrevive à hora da verdade?” Quantas vezes deitei a cabeça no travesseiro? Quantas vezes no teu colo minha cabeça deitará? Quantas vezes dormi pensando em alguém? Quantas vezes alguém dormirá pensando em mim? Quantas vezes acordei com o canto dos pássaros? Quantas vezes com o meu canto os pássaros acordarão? Quantas vezes escutei aquela música em Lá menor? Quantas vezes tocarei aquela mesma música em Dó maior? Quantas vezes olhei a vista pela janela? Quantas vezes a janela estará fechada? Quantas vezes essa vida será vivida? Quantas vezes essa mesma vida será destruída? Quantas vezes a morte chegou sem dá aviso? Quantas vezes a morte me levará?...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A calma não acalma

Não há prece que possa dar certo,
Não apresse porque pode dar errado.
Não há fé que remova montanhas,
Não afete suas próprias entranhas.
Não há bala que traga a cura,
Não abala essa estrutura.
Não há calma que cure a dor,
Não acalma, procura logo outro amor.

A prece é inimiga da perfeição.
Apressa que não tem mais solução.
A fé pode machucar muita gente.
Afeto junta até quem é diferente.
A bala pode tirar uma vida.
Abala toda uma despedida.
A calma é amiga da sabedoria.
Acalma que a vida espera, guria.

Na pressa não há prece,
Na fé não há feridos.
A bala já não abala,
A calma já não acalma.

(Janderson Oliveira)

Primeiro poema feito fora dos limites de minha cidade, de meu quarto, das viagens nos buzões que rodam, rodam e rodam sem chegar a lugar algum. Poema feito no calor e quentura de Sobral, "a calma não acalma"...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Cadê o sol de Sobral?...

Nunca pensei que com a fama que a cidade de Sobral leva, de terra quente e de sol a pino, pudesse chover tanto como está chovendo agora, nem mesmo a imensa serra da Meruoca pode ser vista baixo tanta água e névoa. Talvez a cidade chore por causa de alguém que se foi, talvez chore por alguém que ainda nem chegou. Talvez eu esteja apenas olhando para o lado pela janela do quarto, mas o principal está sentado no banco ao meu lado. Talvez eu abra a porta e deixe tudo para trás. O clima é bom, melhor do que o sol rachando nossas cabeças, mas a chuva é triste, fria e fraca, e eu sou mais ainda. Quem sabe quando o sol voltará? Quem sabe se a lua aparecerá esta noite? Sol e chuva, chuva e sol, sol e lua, lua e sol, os opostos me atraem e eu sou contradição, como sempre querendo tudo ao mesmo tempo. Cadê esse sol que não aparece? Vai chuva, não pára...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O insuportável limite do querer...

Quando a razão já não está mais sã e o coração obriga o corpo a fazer tudo por impulso. Quando não se vive mais tranquilamente cada dia, pois cada dia passa a ser uma eternidade inalcançável. “É como ficar esperando cartas que nunca vão chegar. Não vão chegar com X, nem vão chegar com CH. É como ficar esperando horas que custam a passar, enquanto ficamos parados andando pra lá e pra cá. É como ficar desesperado de tanto esperar, olhando pela janela até onde a vista alcançar”. É inevitável não parar de pensar, de imaginar, de sonhar, de fantasiar, enfim, de querer. É improvável sentir uma sensação mais sublime que o próprio amor e que vai invadindo todo o ser. É insuportável porque é um “fogo que arde sem se ver”, mais do que isso, “é fogo que arde e dói”. É paixão que chega com aquele burburinho que esquenta o coração e deixa a cabeça fora de si. É o querer ou o quereres? “O quereres e o estares sempre a fim do que em ti é em mim tão desigual, faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao quereres assim, infinitivamente impessoal e eu querendo querer-te sem ter fim e querendo-te aprender o total do querer que há e do que não há em mim”. Gostar, acordar, viver, cansar, dormir, sonhar com tudo aquilo na cabeça, sem nada pra se concretizar, apenas algumas palavras. A distância é pouca, mas pode ser muita, o tempo pode ser curto, mas acaba sendo eterno e prejudicial. Brilhante forma de se viver seria se pudesse levar tudo ao real, ao concreto, ao vivido. Insuportável limite do querer, querer e não poder...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Sem datas pra comemorar...

Passei a noite toda vestido de branco sem saber o motivo certo disso, talvez por coincidência de ser a noite que lembram que precisa mudar de um ano para o outro. Mas que besteira, por que comemoram apenas uma noite, deveriam festejar todas, pois todas são maravilhosas. Metade de mim queria ir para um lado, a outra metade queria ir para outro, no entanto, acabei ficando sozinho com as duas metades, só espero no final não continuar nessa solidão. Queria ter ido para tantos lugares ou talvez para apenas um, acabei ficando na minha casa, na minha cama, no meu conforto. Um mal-estar me atacou o dia todo e não tive nem chances de tentar festejar algo, acho que o clima de festa estava mais para velório. Não aguento mais essas comemorações de fim de ano, sempre as mesmas coisas: fogos, taças, brindes, mensagens, superstições, aaahhh é muita tolice. Deveriam desejar paz e amor para todos durante todos os dias do ano, deixam para o último dia a chance que tiveram de fazer em todos os outros 364 dias. E o que realmente mudará nesse ano que acaba de iniciar? Por que ele será especial como acharam que foram os últimos 2010 anos? Vive-se muito de futuro, esquecem de se encantar com o presente, esquecem os pequenos detalhes do cotidiano, criam imensas ilusões que muitas vezes não serão alcançadas. Acho que já preciso dormir, deixa a vida rolar e vê no que vai dá, sem pressa, sem ilusão, com muita paciência e esperança...